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OPINIÃO   quinta-feira, 21 de março de 2024

O Menino e a Garça (2023): a despedida agridoce de Hayao Miyazaki

O mestre da animação japonesa entrega seu último filme.

Hayao Miyazaki disse que iria se aposentar após “Vidas ao Vento” (2013), mas o cineasta japonês tem uma fome insaciável de entregar um cinema de alto nível. Hoje, aos 83 anos, Miyazaki ainda tem o vigor de um jovem começando sua jornada, porém com toda a experiência e maturidade pessoal para discutir temas como luto, memórias e futuro. “O Menino e a Garça“, vencedor do Oscar de Melhor Animação em 2024, é mais um exemplar da carreira praticamente perfeita do mestre japonês.

De forma autobiográfica, assim como sua animação anterior, Miyazaki mostra sua versão mais jovem, porém em um mundo de fantasia. Mahito, um menino de 12 anos, luta para se estabelecer em uma nova cidade após a morte de sua mãe. Quando uma garça falante conta para Mahito que sua mãe ainda está viva, ele entra em uma torre abandonada em busca dela, o que o leva para outro mundo.

Com uma animação de extrema qualidade, algo muito característico do Studio Ghibli, a história se desenrola com perfeição e trazendo reflexões profundas e nada óbvias. Cada pessoa vai ter uma interpretação e conexão diferente ao assistir ao filme. Imagina você encontrar uma versão mais jovem de um parente que você perdeu. Você mudaria algo? Você faria tudo ser diferente? Ou você gostaria que acontecesse do jeito que aconteceu, afinal, você é fruto dessa relação? Miyazaki faz mais uma sessão de terapia sobre traumas antigos e nos brinda com uma grande reflexão sobre a vida.


Comentamos sobre o filme no Sala VIP do RapaduraCast, podcast exclusivo para assinantes.

Jurandir Filho
@jurandirfilho

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