Cinema com Rapadura

OPINIÃO   quarta-feira, 30 de outubro de 2019

Goosebumps 2: Halloween Assombrado (2018): muita comédia e pouco terror

Muito parecido com o seu antecessor, "Goosebumps 2: Halloween Assombrado" abusa dos efeitos visuais para encantar apenas o público infantil.

Baseando-se na série de livros infantojuvenil de Robert Lawrence Stine, o diretor Rob Letterman (“Pokémon: Detetive Pikachu”) fez um bom trabalho de apresentação de universo ao lançar “Goosebumps: Monstros e Arrepios“, em 2015. Mesmo com muitas histórias para contar – o escritor americano publicou 62 obras apenas entre 1992 e 1997 – “Goosebumps 2: Halloween Assombrado” surge como mais do mesmo.

A trama, agora dirigida por Ari Sandel (“Quando nos Conhecemos”), começa quando Sonny (Jeremy Ray Taylor, “It: Capítulo Dois”) e Sam (Caleel Harris, da série “Olhos que Condenam”), amigos que costumam explorar casas abandonadas na pequena cidade de Wardenclyffe, nos Estados Unidos, encontram um livro dentro de um baú. Quando o livro é aberto, o boneco de ventríloquo Slappy retorna à vida.

Querendo fazer parte de uma família, o boneco manipula os adolescentes e Sarah (Madison Iseman, “Annabelle 3: De Volta Para Casa”), irmã de Sonny, para dar vida aos monstros do Halloween. Enquanto isso, os jovens tentam acabar com os seus planos. Diferentemente do primeiro filme, o autor R. L. Stine (interpretado por Jack Black, “O Mistério do Relógio na Parede”) faz apenas uma ponta.

Sandel utiliza a interação entre o boneco e os jovens como uma maneira de demonstrar a verdadeira intenção do vilão. Porém, com um roteiro previsível e explicado até dizer chega, o texto feito por Rob Lieber, Darren Lemke e o próprio R.L. Stine, fica muito didático ao direcionar o foco para o público infantil, se satisfazendo com resoluções fáceis. Com menos terror do que no longa anterior, a obra se baseia em um CGI caprichado com soluções criativas.

Se as bruxas, lobisomens e fantasmas não causam medo algum, o mesmo acontece com outros tipos de “monstros” como um exército de ursos de bala de goma. Trata-se de uma ameaça que, em nenhum momento, apresenta um grave risco aos seus protagonistas. Sem a presença constante do carisma de Jack Black, a narrativa começa a esquentar apenas no meio para o final, com a presença das criaturas. Sua participação é irrelevante, dando a impressão de que Black tinha obrigações contratuais de aparecer, mas tinha compromissos mais importantes durante as gravações.

Com muito espaço para inovar, “Goosebumps 2: Halloween Assombrado” fica, no entanto, na sua zona de conforto. O filme é muito parecido com o seu antecessor e não consegue entreter os adultos que acompanham as crianças. Não conseguindo fazer do projeto uma sequência clara, os realizadores deixam de aproveitar o gancho aberto pela produção anterior. É como se o diretor repetisse as virtudes encontradas no longa de 2015 sem se preocupar em contar uma nova história.

Fábio Rossini
@FabioRossinii

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