Cinema com Rapadura

OPINIÃO   quinta-feira, 25 de julho de 2019

O Monstro do Monstro de Frankenstein (Netflix, 2019): mocumentário metalinguístico

Apoiado no carisma de David Harbour, curta-metragem é criativo e possui um humor pontual.

Interpretando o xerife Jim Hopper, David Harbour ganhou o coração dos fãs da série “Stranger Things”. Na sequência, após a morna recepção da crítica direcionada ao seu papel de protagonista em “Hellboy”, o ator retorna à Netflix com “O Monstro do Monstro de Frankenstein”, dirigido por Daniel Gray Longino (da série “Who Is America?”). Trata-se de um curta-metragem de comédia no formato de mocumentário, um tipo de falso documentário ideal para fazer graça.

A “trama” é a seguinte. Enquanto combatia uma infestação de ratos no sótão da casa da sua mãe, Harbour encontrou as filmagens perdidas há 40 anos da peça de televisão “O Monstro do Monstro de Frankenstein”, protagonizada por seu pai, David Harbour Jr. (interpretado por ele mesmo).

Tentando entender o motivo da adaptação da famosa obra de autoria da escritora Mary Shelley, o ator passa a investigar quais eram as reais intenções do seu pai, assim como o seu comportamento nos sets de filmagem. O falso documentário divide seus 32 minutos entre depoimentos de pessoas próximas ao seu pai, reproduções das cenas originais e a apresentação das “evidências”. A peça é propositalmente uma bagunça, com Harbour Jr. interpretando o Dr. Victor Frankstein que, às vezes, finge ser o monstro.

As imagens encontradas passam o aspecto de envelhecidas, se aproveitando do uso de estática da televisão com um leve abafado no áudio. O humor, muito pontual, é direcionado para as cenas da peça, apresentando como o famoso ator se incomodava com o crescimento da jovem estrela Joey Vallejo (Alex Ozerov, da série “Orphan Black”). Nas imagens antigas, algumas surpresas como a presença rápida, mas genial, de Alfred Molina (“O Favorito”) e as citações aos comerciais da época, como a Escola de Teatro Juilliard.

Ao mesmo tempo que o “O Monstro do Monstro de Frankenstein” tem uma proposta criativa, ainda fica uma sensação entre “o que diabos eu estou assistindo?” e “como eles conseguiram verba para esse filme?”. Com muito carisma e bom timing no humor, prepare-se para um “Inception” de vários Harbours.

Fábio Rossini
@FabioRossinii

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