Cinema com Rapadura

OPINIÃO   quinta-feira, 27 de junho de 2019

Homem-Aranha: Longe de Casa (2019): o fim da Fase 3 da Marvel

Com Peter Parker relutante em sua missão heroica e com a aparição do novo herói Mystério, o longa fecha o terceiro ciclo do MCU de maneira divertida e - acredite - inesperada.

Sabe aquela sensação gostosa de se sentir em casa e arrancar os sapatos? É exatamente este o sentimento ao se deparar com “Homem-Aranha: Longe de Casa“, sua trama rocambolesca e o retorno do apaixonante clima adolescente e estudantil do longa anterior do herói.

Desde a divertida “homenagem” aos heróis que pereceram em “Vingadores: Ultimato”, logo na abertura do filme, até a atabalhoante segunda cena pós-créditos – isso mesmo, o filme possui duas cenas pós-créditos bem importantes e impactantes para o futuro do Universo Cinematográfico da Marvel -, o longa esbanja carisma e bom humor na medida certa.

Um ano após o blip, o termo cunhado para o período de cinco anos em que metade da população do mundo ficou “offline” por conta do estalo do Thanos, a turma da escola de Peter Parker (Tom Holland) está saindo de férias de verão para uma excursão à Europa. Peter entende que após tudo que viveu ao lado dos Vingadores, esse é o momento de tirar um tempo para si e deixar o Homem-Aranha em repouso. Apaixonado por M.J., sua maior intenção é pedi-la em namoro em um ambiente romântico como Paris. No entanto, Nick Fury (Samuel L. Jackson) atrapalha tudo quando aparece por lá e “solicita” a ajuda do herói no combate à uma ameaça de outra dimensão, juntando forças com o poderoso novo herói Mystério (Jake Gyllenhall).

Com a mesa praticamente posta pelo estouro de “Ultimato”, a missão de “Longe de Casa” nem era tão difícil assim e, mesmo assim, o resultado ultrapassa qualquer expectativa positiva sobre a obra. A produção caprichada e detalhes sobre todo o universo dos heróis nestes 11 anos de MCU estão presentes em cada frame do longa, e o roteiro, apesar de abusar da imaturidade do jovem Peter Parker – e do próprio espectador – em alguns momentos, e do excesso de cenas e diálogos expositivos, segue redondo em sua dinâmica de coesão e equilíbrio. Se por um lado temos a velha história de um herói relutante mais uma vez, do outro temos o frescor do drama de um adolescente superpoderoso em busca de sua vida própria e de amor. Se recebemos piadas com cabeças batendo em sinos – seria este um easter egg de Venom no futuro do MCU?! -, também observamos os reflexos das perdas paternais na vida do jovem.

Com a melhor atuação de Homem-Aranha/Peter Parker dos cinemas, Tom Holland é a alma de “Longe de Casa”. Seus olhos marejados não deixam dúvidas sobre a autenticidade e o amor do ator com a franquia. Zendaya ganha destaque no papel de M.J. e não desaponta, já que sua performance despojada casa perfeitamente este novo tipo de “mocinha” que não se esconde e grita na presença do perigo, pelo contrário, encara monstros com uma massa de batalha. Gyllenhall, Jackson e Jon Favreau (Happy Hogan) são os alicerces adultos precisos para a aura jovial do longa.

Com um elenco coadjuvante brilhante, ótimas sequências de ação – uma delas realmente de tirar o fôlego, onde TUDO pode acontecer! -, clima adolescente nostálgico, vilões um tanto “bocós”, bom humor, uma trama que finaliza competentemente um grande ciclo e duas cenas pós-créditos que iniciam uma nova era ao som de aplausos e espanto, “Homem-Aranha: Longe de Casa” é o filme que diverte, cativa e entretém na medida certa!

Rogério Montanare
@rmontanare

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