Cinema com Rapadura

OPINIÃO   terça-feira, 05 de fevereiro de 2019

Uma Aventura LEGO 2 (2019): diversão para pais e filhos

Os bonequinhos amarelos estão de volta numa divertidíssima sequência do "universo cinematográfico LEGO", feita tanto para os pequenos quanto para os grandões.

Reza a lenda que uma boa sequência deve expandir o universo criado pelo filme que deu início à história. Graças à linha DUPLO dos famosos bloquinhos de construção, aquela das peças maiores, mais arredondadas e com design voltado para pequenas crianças, “Uma Aventura LEGO 2” chega aos cinemas com uma ótima ideia. E se invasores alienígenas feitos de fofíssimos blocos de LEGO DUPLO invadissem a cidade de Bricksburg para destruir todas as construções já feitas? Com o objetivo de restaurar a paz e salvar o incrível universo LEGO, os incríveis personagens que já adoramos em “Uma Aventura LEGO” e “LEGO Batman: O Filme” retornam nesta nova incrível animação em que ♩♪♪ Tudo é Incrível ♪♪♪.

A continuação não perde tempo para reapresentar seus conhecidos personagens. Recapitulando os longas anteriores, Emmet (Chris Pratt) e a “MegaEstilo” Lucy (Elizabeth Banks) ensinaram que todos são especiais, e Batman (Will Arnett, “Os Jovens Titãs em Ação! Nos Cinemas”) aprendeu o valor da amizade. O novo filme até espera que o público se lembre do grande ponto de virada de “Uma Aventura LEGO” para entender melhor um dos significados da invasão dos blocos DUPLO, que deixou Bricksburg arruinada e deu lugar a um desértico mundo chamado Apocalypseburg (Apocalipsópolis, na versão brasileira). O lugar é inspirado no design distópico de “Mad Max”, “Blade Runner 2049” e “Planeta dos Macacos”, ao lado de outras obras referenciadas ao longo da história para a diversão dos cinéfilos.

Cinco anos depois do ataque, tudo é muito sombrio, bruto e baixo astral, menos para Emmet, é claro. Otimista inveterado, ele não possui toda a amplitude de emoções de Lucy, que por sua vez sofre uma angústia típica adolescente, explicada por não conseguirem construir mais nada sem atrair a atenção indesejada dos fofos alienígenas armados com corações e estrelinhas bombásticas. A única coisa que desaponta Emmet é querer ser durão sem ser capaz, ainda mais depois de sonhar com o fim de tudo, o “Armamageddon”. A premonição do “Mestre Construtor” começa a se tornar verdade quando a General “Caos Total” Mayham (Stephanie Beatriz, “A Era do Gelo: O Big Bang“) leva embora seus amigos para a distante galáxia do sistema Maná, dominado por uma rainha metamórfica interpretada por Tiffany Haddish na versão original. A propósito, a adaptação do roteiro para a dublagem em português é ótima, porém, não traz a carga estelar das vozes do elenco norte-americano.

Com o perdão do trocadilho musical mais uma vez, o incrível diferencial da franquia LEGO dos cinemas é a construção dos diversos mundos nos filmes. Criatividade à parte, a textura da animação reproduz um brilho natural que remete aos blocos de brinquedo do mundo real. Até a maneira de manipular as peças, deixando riscos e impressões digitais durante o faz de conta, é levada em consideração no visual imaginativo da obra. Quem é fã da marca lembra até o barulho que as pecinhas fazem na caixa e, particularmente, a dor de pisá-las com o pé descalço. Tudo isso é referenciado de certa forma e conversa tanto com o público infantil quanto com seus pais. Para essa última audiência, o roteiro de Phil Lord e Christopher Miller – retornando do primeiro filme – ainda abusa das propriedades intelectuais da Warner Bros., insere incontáveis alusões cinematográficas prazerosamente reconhecíveis por “gente velha” e aproveita também para dar aquela espetadinha na Marvel.

Quando Emmet encontra o defensor da galáxia, arqueólogo, cowboy, treinador de velociraptors e mais outros tantos talentos, Rex, para ajudá-lo a finalmente ser um durão “homenzinho” “Mestre Quebrador” e resgatar seus amigos, o filme desdobra uma mensagem questionadora sobre o inevitável amadurecimento, sentimentos adultos que nem sempre são incríveis e sobre a alegria de estarmos bem acompanhados. Os créditos finais são, inclusive, uma linda homenagem a não brincar sozinho. “Uma Aventura LEGO 2” é uma sensacional animação que dá continuidade ao divertido “universo cinematográfico LEGO”, sem o impacto e o humor desenfreado do primeiro, mas produzida com muito carinho para pais, filhos e fãs de todas as idades.

William Sousa
@williamsousa

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