Cinema com Rapadura

OPINIÃO   segunda-feira, 24 de dezembro de 2018

Um Duende em Nova York (2003): um Feliz Natal e boas risadas [NATAL]

Filme de estreia de Will Ferrell como protagonista transmite a importância do espírito natalino através de muitas risadas e uma adorável excentricidade.

Natal é um feriado e festival religioso cristão comemorado anualmente em 25 de dezembro. É tempo de reunir os familiares entorno de uma grande mesa, jogar conversa fora, comer muito arroz com passas, trocar os presentes e realizar o famoso brinde com champagne. Agora pense, por um minuto, em trocar tudo isso por espaguete com melado, confetes, refrigerante e um meio-Elfo meio-Humano pronto para descobrir a cidade de Nova York ao mesmo tempo em que ensina ao próximo o verdadeiro significado do Natal. “Um Duende em Nova York” é daqueles filmes para estar no Top 5 de qualquer maratona natalina, pois com sucesso te fará rir dele e com ele, além de alertar, com uma insanidade prazerosa, sobre os valores imprescindíveis dessa festividade.

Após causar alguns estragos na comunidade dos Elfos, devido ao seu tamanho avantajado e sua falta de agilidade na confecção dos presentes a serem entregues pelo Papai Noel, o Elfo Buddy descobre, na verdade, que também tem laços humanos, deixado para trás quando ainda bebê e acabou dentro da bolsa do bom velhinho. Buddy, então, vai para Nova York em busca de seu verdadeiro pai que, por sua vez, mal sabe que teve um filho. Como a maioria das histórias de Natal, essa traz uma premissa interessante, no entanto, é sua eloquente figura principal que a difere das outras. Will Ferrell (“Pai em Dose Dupla 2”), em sua primeira aventura como protagonista, confere a Buddy singularidade, energia e uma inconsequência cômica, resultado de sua infantilidade.

Assim como em todo filme de super herói, onde os momentos em que o mesmo está aprendendo como usufruir de seus poderes acabam gerando as cenas mais engraçadas e curiosas, o desbravamento da enorme Nova York por parte do Elfo Buddy rende situações bizarras para se guardar com carinho na memória. Desde voltas infinitas por uma porta automática, passando por pulos alternados na faixa de pedestre, até uma simples visita numa loja de presentes. A aptidão de Ferrell para dar vida a personalidades acriançadas (vide a sua atuação digna de Oscar em “Quase Irmãos”) transforma cada uma das sequências de sua jornada em diversão para toda a família. É impossível não simpatizar com aquela pessoa de 1,90m vestida de Elfo e com motivações sinceras e pueris.

Ainda que a grande estrela da produção seja Ferrell, os personagens coadjuvantes surgem como peças fundamentais para alimentar a narrativa, de linguagem fácil, com suas histórias particulares. Walter Hobbs (James Caan, “O Poderoso Chefão”), pai do protagonista, representa o grande desafio de Buddy. Turrão, típico viciado em trabalho que coloca os assuntos familiares sempre em segundo plano, além de estar na lista dos malvados do Papai Noel, é a pessoa a quem será ensinado o significado do Natal. Jovie (Zooye Deschanel, “Rock em Cabul”) é introduzida para ser mais do que um caso amoroso. Também afetada pelo antiespírito natalino, parece indiferente às comemorações e demonstra enorme insatisfação em trabalhar numa loja, mais especificamente no setor de presentes.

A simplicidade e inocência de Buddy chegam para amolecer o coração de ambos e transformá-los, coisa que a narrativa desenvolve com muita eficiência de maneira orgânica e açucarada. Munido de um roteiro certeiro e sem enrolações escrito por David Berenbaum (“As Crônicas de Spiderwick”), Jon Favreau (“Mogli: O Menino Lobo”) realiza “Um Duende em Nova York” – seu segundo projeto como diretor – aplicando forma e estilos cinematográficos simples para que o filme possa ter sua mensagem facilmente assimilada, além de servir de instrumento de diversão tanto para os adultos quanto para as crianças, claro que com a ajuda do versátil e talentoso Will Ferrell. Não se deixe abater pelo final piegas. Junte a família, prepare a pipoca e usufrua de 1h30min de muito entretenimento e bons sentimentos.

Renato Caliman
@renato_caliman

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