Adam Sandler e sua trupe protagonizam um dos piores filmes do ano
Em 2010, Adam Sandler juntou-se ao diretor Dennis Dugan para contar uma história sobre um grupo de amigos em torno dos 40 anos, que tem que lidar com as responsabilidades de uma família e a educação de filhos pequenos durante uma reunião em sua cidade do interior, onde houve o funeral do seu treinador dos tempos de escola. Três anos depois, ele volta a trabalhar com o diretor e todo o elenco principal (exceto Rob Schneider) em uma continuação desnecessária.
O filme tem início com o casal Lenny (Sandler) e Roxanne (Salma Hayek), que voltou a morar em sua cidade natal, tendo que resolver problemas com um cervo que come comida de cachorro, dispara jatos de urina nas pessoas de sua família e tem fetiche por bichos de pelúcia. A partir daí é só ladeira abaixo. Enquanto vamos revisitando todos os amigos de Lenny, vemos que a única família que passou por algum amadurecimento foi a sua. Eric (Kevin James) e Sally (Maria Bello) continuam mimando seus filhos, Higgins (David Spade) continua um beberrão mulherengo, que descobre que tem um filho de 13 anos de idade, e Kurt (Chris Rock) e Deanne (Maya Rudolph) trocaram de lugar na ocupação familiar, mas continuam sendo um estereótipo (negativo) da família negra americana.
Depois há uma longa apresentação de personagens secundários com o intuito único de dar algum espaço para grande parte do elenco de “Saturday Night Live”, desfilando dezenas de piadas sexistas, preconceituosas e escatológicas, além de explorar aquele tipo de humor que, aparentemente, para ser engraçado basta gritar e mostrar excrementos humanos.
Há um negro que só fala gírias, um zelador de academia que convence as alunas a ficarem em posições vexatórias para explorar seus decotes e roupas justas (e por incrível que pareça, consegue!), uma mulher musculosa que abusa de esteroides, o instrutor bonito e homossexual, universitários que só pensam em festas e bebidas (liderados por Taylor Lautner), uma dupla de policiais incompetentes, filhos, genros e noras que detestam estar na presença dos pais, casamentos infelizes e Adam Sandler gritando e fazendo caretas. Incrível que não haja também um asiático gênio e uma falsa feia que fica bonita no fim.
Não existe trama ou motivação para os personagens, que se limitam a repetir piadas sem graça durante toda a projeção, com raras exceções, como um diálogo envolvendo a dificuldade de Shaquille O’Neal (um dos policiais) em fazer cestas de três pontos ou a comparação do cumprimento entre os jovens universitários e de pessoas normais.
A estrutura narrativa é igualmente inexistente, com a sucessão de cenas funcionando mais como uma série de esquetes de humor (se é que aquilo pode ser chamado assim) girando em torno de um mesmo tema do que uma história sendo contada. O longa ainda traz uma festa a fantasia ainda mais sem sentido que os dois primeiros atos, apenas para provocar a reunião de todo o elenco, em uma das cenas mais mal dirigidas da história do cinema.
É difícil dizer o que há de mais equivocado nesta sequência. Se no original havia um fiapo de roteiro que unia todos os personagens, dando espaço para algum desenvolvimento, boas piadas e uma pequena lição de moral, aqui não há quase nada elogiável.