Cinema com Rapadura

OPINIÃO   sexta-feira, 09 de agosto de 2013

RED 2 (2013): sequência perde o fôlego em trama pouco interessante

Resta ao elenco ter inspiração suficiente para instigar o público.

Red 2Depois do relativo sucesso de crítica e de público, arrecadando mundialmente US$ 199 milhões após um custo de US$ 58 milhões, nada mais previsível que “RED” tenha uma sequência. A história da DC Comics ganhou um elenco invejável no filme de 2010. Agora, “RED 2 – Aposentados e Ainda Mais Perigosos” tem a responsabilidade de se tornar uma franquia diferenciada na indústria. Mas não é o que acontece. Se o primeiro filme até que tinha seus méritos, a sequência se perde em uma trama frágil, dando ao elenco pouco material que salve o longa.

A vida do agente aposentado Frank Moses (Bruce Willis) voltou ao normal após os eventos do primeiro filme e agora ele pode viver o relacionamento com a sua amada Sarah (Mary-Louise Parker). Entretanto, não demora muito para que Marvin (John Malkovich) alerte a dupla de que eles estão em perigo mais uma vez. Eles precisam unir forças para descobrir detalhes sobre uma suposta bomba criada durante a Guerra Fria que pode ser ativada a qualquer momento. Ainda que hesite participar da operação, Frank precisa descobrir os mistérios e sair vivo, além de, lógico, proteger Sarah, que está bastante ansiosa por mais uma aventura.

Sarah é um grande problema desde o primeiro filme. Apesar de ser completamente justificável que ela funcione como par romântico que Frank precisa proteger, já que ela é o que o faz se sentir vivo depois de muitos anos de operação na CIA, as discussões de relacionamento que os movem continuam desagradáveis. A relação entre os dois não é engraçada, beirando o piegas. Proposital ou não. Neste segundo filme, a personagem de Mary-Louise Parker mostra que gostou de correr perigo anteriormente e quer caçar bandidos. E tudo se repete. Enquanto o roteiro de John e Erich Hoeber tenta criar uma história mirabolante (que na realidade só consegue ser enfadonha e clichê), ainda precisamos lidar com esse romance sem sal durante a projeção.

Vendido como um filme de ação/comédia, em que os heróis estão na terceira idade, porém ainda mais preparados que os novos agentes, “RED 2” parece pouco sair do lugar. Os roteiristas até tentam subverter alguns pontos do primeiro filme, como a nova missão de Victoria (Helen Mirren) e até mesmo superar a ausência de Morgan Freeman, mas o longa só ganha mérito mesmo a partir da entrada de Anthony Hopkins na pele de Bailey. Aliás, suas transformações em tão pouco tempo são viáveis e chegam até a surpreender, não fosse a fraqueza dos seus diálogos e a previsibilidade do desfecho. Catherine Zeta-Jones também participa da sequência, mas não consegue sair do automático, baseando-se em uma suposta sensualidade que não funciona para o filme. O coreano Byung-hun Lee, que prometia dar trabalho para o personagem de Willis, é esquecido durante boa parte da trama, sendo quase injustificável sua participação.

A direção de Dean Parisot, que já venceu o Oscar pelo curta “The Appointments of Dennis Jennings”, em 1989, também deixa a desejar. Se no filme original o diretor alemão Robert Schwentke se preocupava com a elaboração de uma linguagem dinâmica, investindo em planos mais eficazes, Parisot tem preguiça de dar um bom andamento à trama, dando trabalho também para a montagem. O cineasta filma sequências tão absurdas que até mesmo a suspensão da descrença não justifica. O principal mérito de Parisot é que ele conta com melhores gráficos e estratégias de transição entre cenas, resolvendo as passagens de tempo de forma mais apropriada. Além disso, a trilha sonora está mais invasiva, o que pelo menos faz com que o público não tire um cochilo durante a sessão.

Faltou mais Helen Mirren e Anthony Hopkins para fortalecer a trama de “RED 2”. As resoluções para a continuação comprometem o filme original, que foi apenas razoável. Mesmo com a bilheteria da sequência deixando a desejar, uma terceira parte já foi anunciada e deve chegar em breve. Resta esperar que os erros sejam corrigidos e que os agentes possam estar mais inspirados em suas próximas aventuras.

Diego Benevides
@DiegoBenevides

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