Cinema com Rapadura

OPINIÃO   terça-feira, 17 de agosto de 2010

Os Mercenários (2010): divertido, mas sem conteúdo algum

O longa de Stallone é puro entretenimento.

O primeiro passo importante para assistir “Os Mercenários” é que o próprio filme não se leva a sério. Dirigido por Sylvester Stallone, o ator dos clássicos de ação como “Rambo“, “Cobra“, dentre outros, aproveitou esta produção para reunir os maiores astros deste gênero da última década. A história é o que menos importa. Stallone se propõe a fazer um resgate da construção de um gênero que, em sua forma mais pura, pode até ter andado meio perdido (o que, para muitos, pode não ser uma verdade). Em meio a esta reunião da “trupe da pancadaria”, a proposta de Stallone para quem está assistindo é apenas de fazer uma homenagem aos filmes de ação das décadas de 80 e 90. Com os clichês de sempre e as pirotecnias criadas por Hollywood, o longa causou burburinho apenas pelas declarações do seu diretor sobre a experiência de ter filmado no Brasil.

A história pode não ser importante, mas ela é necessária como pretexto para as explosões e perseguições que se vê no filme. Barney Ross (Stallone) ganha a vida matando pessoas e monta uma equipe para aceitar uma oferta de trabalho do agente do governo americano (aqui interpretado por Bruce Willis, que faz pequenas aparições ao longo do filme). Assim, Barney reúne o que de melhor se poderia existir em termos de pancadaria. Cada um dos componentes tem uma determinada característica. Gunner (Lundgren) é o descontrolado da turma; Jet Li surge como o interesseiro; Lee (Strathaim) é o especialista em facas, enquanto Mickey Rourke interpreta ele mesmo.

Toda esta equipe parte em uma missão para tentar derrubar um ditador em um país fictício da América Latina. Assim, eles conhecem Sandra (a brasileira Itié), que faz o tipo de mulher sul-americana enxergada pelos americanos. Ela é uma revolucionária e surge como uma guerrilheira que tem o objetivo de defender o seu povo das mazelas do ditador (interpretado por David Zayas, da série “Dexter”). No entanto, Stallone não demonstra controle em relação às cenas que dirige. Com todo este elenco que, claramente, desfalcado de outros que preferiram não participar do projeto, o filme se torna vago. Mesmo assim, não é o seu objetivo apresentar um grande roteiro, inteligente e perspicaz. O longa é puro entretenimento, divertido e até provoca algumas gargalhadas em quem assiste.

O pretexto utilizado por Stallone é o fio condutor para começar a se explodir coisas, realizar pirotecnias com as cenas de ação que, de alguma forma, marcaram as décadas de 80 e 90. Quem não assistiu aos clássicos “Cobra”, “Rambo”, e mesmo “Assassinos” (no qual ele atuou ao lado de Antonio Banderas)? Aos seus parceiros, Jason Statham se caracterizou pelos filmes frenéticos de ação como “Caos”, “Adrenalina”, “Carga Explosiva” e outros que o definiram como um ator deste gênero. Jet Li com o seu “Beijo do Dragão“, “O Confronto“, dentre outros, também dá a sua contribuição para o filme de Stallone, que nada mais é do que uma mistura de todos estes filmes citados (e também de outros que não foram).

Ainda que o roteiro de Stallone não deva ser levado a sério, é impossível não criticar o fato de as ações de Barney serem motivadas pela sua paixão por Sandra. Os dois não apresentam nenhum tipo de química, fazendo aquele típico “casal sem graça”. Stallone já teve companhias melhores em suas produções explosivas (não desmerecendo a beleza de Giselle Itié). Porém, a maior das críticas é feita pelo próprio Stallone. Ao resgatar este gênero que ele ajudou, de alguma forma, a construir nos anos 80 e 90, ele parece dizer que as produções que são feitas atualmente não possuem a mesma qualidade daquelas do passado (sem contar dos atores aqui reunidos por eles sendo eles, na cabeça do Stallone, os verdadeiros responsáveis pelo gênero e pelo seu sucesso).

Não importa se o roteiro tem brechas, ou se Stallone conduz mal a direção do seu filme, ou se alguns diálogos surgem forçados, ou se o casal não tem química alguma. Nada disso vai fazer diferença para o espectador que deseja ver explosões, pancadarias, perseguições e muita zuada. Nesta proposta a que “Os Mercenários” tem como objetivo, Stallone consegue entregar um filme que cumpre esta promessa. Com as pontas de Arnold Schwarzenegger e Bruce Willis, o elenco estelar parece ali todo reunido. Mas a sensível falta de Jean-Claude Van Damme é sentida, com certeza. Ele, que preferiu não participar do projeto, também faria estragos em meio às explosões programadas por Stallone.

Ao final, o longa é engraçado em alguns momentos (até por ver toda esta trupe reunida para salvar o mundo, mesmo tendo que destruí-lo aqui e ali). Além disso, a trama também é uma homenagem para estes atores e, principalmente, para as produções de ação encabeçadas por ele. Dessa forma, não há muito o que se pedir ou analisar de um filme como este. Só resta assistir e se divertir.

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