Cinema com Rapadura

Acme   quinta-feira, 28 de fevereiro de 2013

Protesto dos profissionais de VFX (efeitos visuais) ganha força online

Eles são responsáveis pela mágica de muitos filmes que você adora.

VFX

Você está surpreso com pessoas no Facebook/Twitter usando na foto de perfil um quadrado verde-fluorescente? Na verdade, essa cor representa o chroma-key (o tom usado no cinema e na TV que serve de base para cenários e efeitos especiais inseridos posteriormente na cena, através do computador – as vezes a cor do chroma-key também pode ser azul, mas a verde é a mais simbólica). Pois é, tudo começou bem antes da última edição do Oscar. Esse movimento é um protesto pela valorização de artistas de efeitos visuais, profissionais que por mais que sejam utilizados em praticamente todo produto de entretenimento em Hollywood, não é bem remunerado/valorizado na indústria do cinema.

Na noite do Oscar, que aconteceu em 24 de fevereiro, começaram os protestos na porta do Teatro Dolby com mais de 400 profissionais, que defendem outros profissionais (do estúdio Rhythm & Hues) que não receberam e não vão receber pelos efeitos especiais do filme “As Aventuras de Pi” (vencedor na categoria Melhor Efeitos Visuais), por parte dos profissionais da área de computação gráfica.

O caso do estúdio Rhythm & Hues é muito curioso. Eles foram os responsáveis pelos efeitos de “As Aventuras de Pi“. O diretor Ang Lee ofereceu o emprego ao estúdio, mas por um valor muito baixo. A desculpa é que o filme seria uma ótima inclusão para o portfólio da empresa, então eles poderiam fazer um desconto para esse trabalho especial. Só que o Rhythm & Hues já tinha um portfolio com outros sucessos de cinema e aceitou a proposta porque todos os outros diretores tinham a mesma abordagem, desvalorizando o trabalho dos profissionais.

O resultado foi que o Estúdio decretou falência no fim de 2012 e anunciou em fevereiro que precisa “injetar dinheiro pra continuar suas atividades” e encerrou as atividades após terminar o filme “As aventuras de Pi“. Com isto, demitiu mais de 400 profissionais de computação gráfica. Sem salário (que já era muito baixo) já faziam 1 ano e meio e jamais vão receber um tostão pela falência, sem dignidade, sem dinheiro e lhes restou apenas a promessa por ter trabalhado em “As Aventuras de Pi“. Todos eles trabalharam durante 4 anos no filme, foram horas extras intermináveis e NÃO REMUNERADAS.

Na noite do dia 24, o problema ficou ainda mais evidente. Os ganhadores do prêmio de Efeitos Visuais, o estúdio Rhythm & Hues, responsáveis pelos efeitos de “Pi”, tentaram falar sobre as dificuldades enfrentadas pela empresa quando seu discurso foi cortado, subitamente, por piadas e pela música tema de “Tubarão“. Foi vergonhoso e a Academia está fazendo o possível para banir os vídeos desse momento no Youtube.

Steven Kaplan, da International Alliance of Theatrical Stage Employees (IATSE), organização que reúne profissionais do cinema, que ajudou a organizar o protesto, justificou a ideia de fazer com que todos percebam que a indústria de efeitos visuais querem “uma mudança”:

“A indústria de efeitos visuais não ficará mais quieta e aceitar as condições com as quais estamos trabalhando”.

Desde então, foi foi criada a associação Solidariedade Internacional Efeitos Especiais (VFX Solidarity International). Conheça mais e compartilhe.

Para você ter uma ideia do trabalho que foi fazer “As aventuras de Pi“, veja algumas imagens abaixo:

Life-Of-Pi-Visual-Effects-01

Life-Of-Pi-Visual-Effects-02

Life-Of-Pi-Visual-Effects-03

Life-Of-Pi-Visual-Effects-04

Life-Of-Pi-Visual-Effects-05

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Jurandir Filho
@jurandirfilho

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