10 motivos que fazem O Hobbit inferior a trilogia O Senhor dos Anéis
Ainda assim, vale a pena assistir!
ATENÇÃO: O texto tem SPOILERS do filme!
“O Hobbit: Uma Jornada Inesperada” estreou e já começou a dividir opiniões. Já era esperado, afinal, produzir três filmes em cima de uma obra tão curta não poderia ter repercussão diferente. Ok, é uma adaptação e pode (deve) existir liberdade e/ou até aproveitar outros contos como base para introduzir o universo criado por Tolkien. Quem me conhece, sabe que sou facinho para gostar das coisas. Já gostei de muito filme mediano. O grande é problema é que quando se trata de algo que eu realmente gosto, sou exigente. Talvez se eu tivesse ido assistir O Hobbit sem ser tão rigoroso, teria gostado mais.
Após assistir ao primeiro filme, ficou na cara que, em termos de qualidade e importância, ele é inferior aos três da trilogia O Senhor dos Anéis. Dito isso, levanto 10 pontos que comprovam isso:
1) Longo demais, conteúdo de menos
A trilogia O Senhor dos Anéis é gigante. É gigante por causa do que envolve, dos personagens que participam e das dezenas de subtramas. Ela precisava ser grande. O Hobbit não. É um livro pequeno e com uma história simples. Talvez não tivesse material nem para um filme. Exemplo: Nesse primeiro filme, o vilão (Smaug) quase não aparece. Como essa é a primeira parte, decidiram inventar um sub-vilão orc genérico para ser o antagonista que não ajuda em nada a história principal. Qual é a história principal? Os anões querem recuperar o seu lar (tesouro) que foi roubado (ocupado) pelo dragão Smaug. O orc Azog é apenas um obstáculo que foi criado para dar mais longevidade a história. Acaba se tornando bem repetitivo e acaba matando o ritmo do filme. Tava muito claro que Jackson iria criar muitas barrigas para sobrar algo para os outros 2 filmes. Do jeito que acabou o filme, na sequência veremos mais de Azog.
Outro exemplo. A impressão que dá é que a decisão de tirar o Gandalf de algumas cenas é justamente para alongar o filme. Todas as dificuldades que os personagens passam são resolvidas com o mago chegando minutos depois. Jackson querendo alongar o filme, decidiu tirar o Gandalf de cena para deixar os personagens resolverem e superarem os obstáculos. Eles acabam não resolvendo nada. Quem salva dos Trolls é o Gandalf. Quem salva dos orcs a céu aberto é o Gandalf (guiando o bando e sugerindo onde entrar no buraco). Quem salva quando todos são capturados pelos orcs é o Gandalf. Quem salva quando os personagens estão nas árvores são as águias (chamadas pelo Gandalf). Se o livro é assim, não importa. Não estamos assistindo o livro. É preguiça de narrativa mesmo. Não adianta dizer que o filme é fiel ao livro. Isso não é elogio. Nós assistimos uma adaptação, não uma conversão.
A Sociedade do Anel tem 468 páginas e gerou um filme de 2 HORAS E 58 MINUTOS. O Hobbit tem 310 páginas e gerou um filme de 2 HORAS E 40 MINUTOS. Só para lembrar…
2) Roteiro “quem se importa”
Um grupo de anões querem recuperar a sua morada. Ponto final. Envolve apenas aquela raça. A introdução de um hobbit é apenas para fazer o serviço. A trilogia do anel envolve toda a Terra Média. Por isso acontecem as alianças. O Conselho Branco acaba explicando que não faz sentido existir essa missão. E isso acaba resumindo o filme. Realmente, não tem nada de grandioso. É uma história clichê e comum. Já vimos muito esse conceito.
3) Viagem Inesperada? Não, Filme Inesperado!
Ninguém esperava que o filme fosse feito. Quando a trilogia encerrou em 2003. Foi um adeus a Terra-Média. Esse retorno poderia ser mágico, mas acabou não sendo. Em alguns momentos, lembrei mais de As Crônicas de Nárnia do que de O Senhor dos Anéis. O Bilbo (que nunca havia pegado numa espada) lutando com habilidade contra um orc e logo em seguida não sabendo nem segurar uma espada na frente de Gollum foi demais para mim…
4) Passagens desnecessárias!
Radagast é um personagem descartável. Dava para ter adaptado a sua importância de avisar sobre Sauron. Assim como Peter Jackson excluiu Tom Bombadil da trilogia, poderia excluir facilmente o Radagast. Faria bem ao filme! Outro caso. Eles demoram 50 minutos para sair do Condado. É um tempo ABSURDO. Os anões começam cantar e isso não acrescenta em absolutamente NADA ao filme. Para uma aventura como essa, não faz sentido. Nem no livro eu gostei. Conheço muita gente que pulou as músicas. Todas as músicas de O Senhor dos Anéis acrescentam a narrativa.
5) Infantil, não quer dizer estúpido!
Anões brincalhões, cantando, arrotando, peidando. Infantil não quer dizer bobo. Toy Story 3 é um filme claramente com ambientes e personagens infantis, mas que em nenhum momento se torna bobo. Só para lembrar, os anões estavam arrebentados. Viajaram distâncias absurdas, estavam cansados, destruídos, seus parentes estavam morrendo, sem lar… e eles ficam de brincadeirinha para começar essa importante missão? Sério mesmo? Parece que o único que leva sério aquilo tudo é o Thorin mesmo. Os demais estão ali para compor espaço. Aliás, se cortassem uns 5 anões ali não iria fazer falta alguma.
6) Trilha Sonora repetitiva e pouco original
Você vai se arrepiar apenas nas trilhas que remetem a trilogia O Senhor dos Anéis. Só isso! As músicas cantadas pelos anões, orcs e Gollum não acrescentam ao filme. A música “Misty Moutains” cantada pelos anões ficou ÉPICA no trailer e poderia ser MAIS épica no filme. Mas quando ela vai decolar, acaba. No filme, só não passa batida porque Howard Shore faz questão entonar seus acordes na trilha incidental a todo momento.
7) Não é épico como O Senhor dos Anéis
Nem de longe. Não passa perto! O que envolve a trilogia do anel é muito mais importante e significativo. O Hobbit é mais uma aventura egoísta e que só é importante por causa dos fatos que acontecem após sua trama. Se o anel não estivesse nas mãos do Bilbo, os Nazgûls pegariam do Gollum e provavelmente a Terra Média estaria aniquilada. Talvez a gente veja cenas épicas nos próximos filmes, mas nesse primeiro eu não consigo lembrar de uma cena impactante. Se você me pedir para listar cenas IMPORTANTES da trilogia O Senhor dos Anéis, eu cito 30 facilmente (10 de cada, para ser justo).
Viu que o que é importante é a trama do anel, e não dos anões?
8) É menos arte. É mais produto!
Tava na cara que Ian Mckellen não estava tão satisfeito atuando. Para os efeitos especiais ficarem mais reais, decidiram simplesmente colocar o Gandalf para atuar sozinho, numa tela verde, e depois inseriram digitalmente nas cenas com os anões e o hobbit. Ficou com cara de “menos arte, mais produto“. Pensaram mais no resultado final, do que na inocência e VERDADE dos personagens trabalhando lado a lado. Principalmente um personagem como Gandalf, que representa parte da alma do filme. Ele mesmo disse em entrevista que não gostou de trabalhar no filme dessa forma. Fim da magia.
Outro exemplo é o Condado. Imaginava que Peter Jackson iria explorar mais o Condado e seus moradores. Afinal, o filme se chama O Hobbit e se esperava que pelo menos a gente conheceria mais sobre esses seres que são os grandes protagonistas da história. Porém, Jackson preferiu colocar os primeiros 40 minutos focados dentro da casa do Bilbo.
9) É a prova do caça níquel
Peter Jackson sabia tanto que não faria uma adaptação de O Hobbit, que decidiu fazer homenagens na própria trilogia O Senhor dos Anéis. Ele sabia que um livro 310 páginas, claramente infantil, não renderia um longa, principalmente depois de adaptar a trilogia do anel. Mas não tem mais que reclamar. Quando anunciaram 2 filmes, muita gente ficou surpresa. Quando decidiram fazer 3 filmes, foi a maior prova de que não passa de um caça níquel. É triste, mas é a realidade. Não adianta dizer que Jackson vai inserir outras histórias para compor os filmes. Nesse primeiro, já teve tanta coisa desnecessária, que deixa a gente com medo do que pode vir por aí.
Em uma parte do filme, um personagem comenta que alguém por “amar o ouro” se tornou “muito forte”. O mesmo pode ser dito sobre a Warner e Peter Jackson.
10) Oscar? Só nos quesitos técnicos e olha lá…
Eu achei um filme nota 7/10 e divertido. Ponto final. Pelas avaliações dos críticos internacionais (que votam em várias premiações) e pelas primeiras listas que começaram a sair dos melhores do ano, O Hobbit: Uma Jornada Inesperada pode passar batido. Talvez apenas em Efeitos Visuais e Som no Oscar.
Resumindo
Eu esperava muito. CLARO! Era a mesma equipe responsável pela trilogia do anel. Não tem um cidadão que não estivesse empolgado. Vi muita gente saindo de forma histérica do cinema, dizendo que é melhor que O Senhor dos Anéis e que Peter Jackson é o Nolan da fantasia. Você tem o direito de achar o que quiser, mas esse primeiro filme não calça a chinela de nenhum dos três O Senhor dos Anéis.
Torço para que as seqüências melhorem. Eu amo a Terra-Média e quero ver mais. Porém, ao invés de encher bobeira, espero que Peter Jackson traga mais conteúdo, do que perder tempo com coisas desnecessárias.
“Nossa, Juras, você foi muito maldoso com o filme“. Não, não fui. Apenas levantei pontos. E se você não está nem aí para a minha opinião, deixo o link do site Rotten, que reúne as avaliações dos principais veículos do mundo. A nota média lá é 6.5/10. É, eu não estou sozinho…
E para finalizar…
Eu não dou opinião para você concordar, mas para te incomodar e te fazer refletir. Nem tudo é preto ou branco. Existem outras cores e elas são diferentes.
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NÃO! Eu não vi só coisa ruim no filme. Como já falei, a minha nota é 7/10. E se for listar 10 pontos positivos sobre O Hobbit: Uma Jornada Inesperada, digo abaixo:
1. Estamos de volta a Terra Média!
2. Conhecemos os Anões. De verdade! Finalmente!
3. Os 10 primeiros minutos são GENIAIS!
4. É divertido!
5. Conhecemos mais sobre a Terra Média
6. É o universo de O Senhor dos Anéis
7. Thorin é ESPETACULAR!
8. Peter Jackson sabe mostrar esse mundo!
9. Os efeitos especiais são de cair o queixo!
10. Bilbo Bolseiro é a razão de tudo!
Para mim, isso já seria suficiente. Mas eu queria mais…
Talvez esse foi meu erro…
Saiba Mais: 10 Motivos, Acme, O Hobbit - Uma Jornada Inesperada [2012]