Cinema com Rapadura

OPINIÃO   quinta-feira, 20 de agosto de 2009

Se Beber, Não Case

"Se Beber, Não Case" é uma comédia para todos os gostos. O tema bastante explorado da despedida de solteiro ganha novo formato e fôlego com um roteiro inteligente, personagens cativantes e atores talentosos. Com essa receita fica difícil segurar a risada.

As mulheres nem sempre entendem, mas os homens passam pelo ritual sagrado da despedida de solteiro nas vésperas do casamento. A festa serve para que ele diga adeus a tudo o que a vida de solteiro possibilita e, supostamente, é tão divertida que é tema para muitos filmes, a grande maioria comédias. “Se Beber, Não Case” é mais um longa-metragem do gênero. Mas, mulheres, não se enganem. Apesar da temática masculina, há motivos suficientes para assistirmos ao filme.

Para comemorar o casamento de Doug, interpretado por Justin Bartha, os amigos Phil, Stu e Alan o levam para Las Vegas. O que prometia ser uma noite de diversão se torna um problema. Phil, Stu e Alan acordam em um quarto de hotel destruído, sem qualquer lembrança do que aconteceu na noite anterior e sem sinal do noivo Doug. Envolvidos em situações absurdas, os três precisam achar pistas do que fizeram para encontrar o amigo perdido.

Os homens que me perdoem, mas preciso comentar, antes de mais nada, sobre Bradley Cooper. O ator, que ainda é pouco conhecido, chama a atenção pela sua beleza e charme e também por seu timing cômico. O personagem Phil é o amigo irresponsável e divertido que todos os homens gostariam de ter e que todas as mulheres adorariam experimentar.

São os personagens que tornam “Se Beber, Não Case” uma comédia fantástica. Stu, interpretado por Ed Helms, é o amigo nerd. Apaixonado por uma mulher que o maltrata, ele é a voz da razão do grupo, mesmo sem ser ouvido. É ele quem, em desespero, tenta raciocinar e encontrar uma saída menos fantasiosa para o problema. Claro que Stu falha miseravelmente.

Zach Galifianakis é Alan, o irmão da noiva e o responsável pela ressaca sem precedentes. Como era de se esperar, seu personagem é o gordinho burro que rende as melhores risadas e coloca os personagens nas piores confusões.

Os protagonistas são ricos o bastante para sustentarem o longa-metragem sem precisarem de situações tão absurdas. Claro que elas existem, mas parecem triviais em razão do talento dos atores e de um roteiro elaborado. A presença de um tigre no quarto do hotel, por exemplo, rende ótimas risadas e chega a ser plausível com a explicação do roteiro e a perplexidade dos amigos.

Perplexidade é o sentimento chave da projeção. O queixo cai, os olhos dobram de tamanho e a risada escapa. A decisão do roteirista em fazer com que os espectadores descubram com os personagens o que houve na noite anterior e sejam também testemunhas das situações divertidas e complicadas em que os amigos se envolvem foi inteligente. Phil, Stu e Alan não perdem a pose, são racionais e são pegos de surpresa pelas consequências de seus atos. Assim fica difícil julgá-los como idiotas e fácil rir de toda a situação.

A trilha sonora é outro trunfo do filme. Rock, Pop e Hip Hop ajudam a traçar a jornada dos personagens. Ed Helms solta a voz e capricha na improvisação musical em algumas cenas, o que dá ao longa um ar de musical tosco. Tudo para deixar as horas de projeção mais divertidas.

A direção de Todd Phillips, experiente no gênero comédia, valoriza os diálogos e a relação entre os personagens. As boas piadas do roteiro ficam ainda melhores com as cenas de ação bem sincronizadas de Phillips.

A camaradagem de Doug, Phil, Stu e Alan, diverte e muito. Não apenas os homens, que com certeza irão se deliciar com com as confusões, mas também as mulheres, que vão reconhecer nos personagens seus amigos, maridos e namorados. E não tem como resistir a uma comédia que poderia muito bem acontecer com quem você conhece, por mais absurda que sejam as situações.

Lais Cattassini
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