Cinema com Rapadura

OPINIÃO   terça-feira, 24 de janeiro de 2006

Harry Potter e o Prisioneiro de Azkaban (2004): bem mediano

O filme é agradável, merece ser conferido. Mas não espere muito, não é tudo que todos falam. É apenas um bom divertimento, com uma história bonitinha, que tem seres interessantes (o Hipogrifo), mas nada mais. Seis estrelas nem mais, nem menos.

Harry Potter e o Prisioneiro de Azkaban é o terceiro filme da franquia Harry Potter, que foi escrita por J.K. Rowling. Uma franquia milionária sem dúvidas, não só nos livros, mas como no cinema, Harry Potter conta a história de tudo que nós não fomos quando jovens e queríamos ter sido. Uma grande fábula, que envolve bruxaria, magia, grandes mistérios e principalmente heróis crianças/adolescentes.

Concordo que isso é ou foi a grande fantasia de toda criança/adolescente, e J.K. Rowling e a Warner se aproveitaram disso para transformá-lo numa maneira fácil de se conseguir dinheiro. Houve muita repercussão em torno desse filme e o que ele seria. O fato de Cuarón assumir a proposta faria do filme algo mais adulto e sombrio. Não foi o que aconteceu. Eu não acho Harry Potter 3 o melhor da franquia, não acho que é tudo aquilo que especulou-se ser, e não vi grandes diferenças no aspecto “sombrio”. Considero todos os filmes feitos até hoje superiores. Digam o que disser, até que eu reveja esse filme minha opinião será a mesma, até se eu rever, ela pode continuar assim… Mas enfim, gosto é gosto.

Alfonso Cuarón provou ser excelente diretor, e conseguiu uma grande chance em Hollywood: dirigir Harry Potter 3. Não nego que ele é melhor diretor que Columbus (apesar de gostar mais dos filmes da série dirigidos por ele), mas Cuarón não conseguiu passar sua essência ao filme, presente em seus anteriores. Acho que a pressão que botam em cima de um filme tão popular e lucrativo é tão grande que ele preferiu seguir um caminho mais seguro, sem muitas arriscadas, o que poderia ter tornado o filme mais interessante.

Harry Potter está no terceiro ano da Escola de Magia e Bruxaria de Hogwarts. Quando está a voltar de férias, um perigoso bruxo, Sirius Black, foge da prisão Azkaban (uma espécie de prisão de segurança mais do que máxima). E justamente Sirius era um grande amigo de “você-sabe-quem”, e está de volta para terminar o que “você-sabe-quem” começou: matar Harry Potter.

O elenco é o melhor dos três. Daniel (Harry) está muito mais amadurecido e convincente, assim como Rupert Grin (Rony) e Emma Watson (Hermione). Conseguem segurar o filme, já que este voltado nos três adolescentes. Mas são sem dúvida os coadjuvantes que roubam todas cenas em que estão presentes (sendo assim, mal utilizados, já que aparecem pouco). Gary Oldman, mais uma vez perfeito, só que desta vez como Sirius Black. Oldman é perfeito para qualquer vilão, ninguém faz papel do “cara mau” como ele. Outro que não fica atrás é Alan Rickman como Professor Snape, também fantástico. Maggie Smith, uma excelente atriz tem apenas uma minúscula aparição e Emma Thompson, está caricata demais. Outra pessoa que merece destaque é David Thewlis (Professor Lupin), que já tinha demonstrado talento no ótimo “Assédio” de Bernado Bertolucci. Uma personificação que eu não gostei foi de Michael Gambom, é uma pena Richard Harris não estar mais entre nós e nos presentear com excelentes atuações. Gambom não combina com a imagem psicológica de Dumbledore, simplesmente não combina. Saudade de Harris.

Tecnicamente sim, o filme mostra grandes avanços. A trilha sonora de longe a melhor, contando com um John Williams realmente inspirado. A cenografia e fotografia mais bonitas, mas não tão mais sombrias. Maquiagem, tudo… Visualmente impecável. Mas existe uma exceção, os efeitos visuais à la Scooby Doo, que me incomodam profundamente. São feios, mal feitos… Dá para perceber nitidamente que é computação gráfica (com três exceções: Hipogrifo, Noitebus e Dementadores).

O filme é bom, prazeroso de se assistir (apesar de ter certas cenas cansativas), conta uma boa história. Mas quando o assunto se trata de Harry Potter, sou um leigo assumido, não li os livros. Não me interessei. Apenas conferi os filmes. Mas de acordo com quem leu o livro (que é considerado o melhor pelos fãs), o filme desaponta, pois grande parte do livro foi cortada, inclusive cenas que poderiam ser consideradas importantes para os próximos filmes da série. Além do fato de certos seres estarem diferentes da caracterização do livro.

Concluindo, o filme é agradável, merece ser conferindo. Mas não espere muito, não é tudo que todos falam, é apenas um bom divertimento, com uma história bonitinha, que tem seres interessantes (o Hipogrifo), mas nada mais. Seis estrelas nem mais, nem menos.

Arthur Yoffe
@rapadura

Compartilhe