Cinema com Rapadura

OPINIÃO   quinta-feira, 23 de novembro de 2006

Harry Potter e a Pedra Filosofal (2001): saldo positivo para o início da franquia

A saga do jovem bruxo Harry Potter estréia com chave de ouro sob o comando de Chris Columbus em um filme emocionante e cheio de aventura, e que, certamente, não irá desagradar os fãs do livro.

No ano de 1997, a ainda anônima escritora J. K. Rowling lança o seu primeiro livro, que, junto com as suas continuações, fez com que ela se tornasse a maior estrela literária de nossos tempos, dando-lhe ainda o título de a segunda mulher mais rica de toda a Inglaterra. Estamos falando da franquia “Harry Potter”, que deverá ter um total de sete volumes. Tamanho sucesso, é claro, logo foi levado ao cinema, e, em 2001, chega às telonas o bem-sucedido filme “Harry Potter e a Pedra Filosofal”, primeira aventura da saga. A fidelidade para com o livro, que foi um dos motivos de tanto sucesso, é devido à pesada mão de J. K. Rowling que acompanhou de perto todo o processo de roteirização e produção do filme.

A escolha de Chris Columbus (responsável pelos clássicos infantis “Esqueceram de Mim” e “Uma Babá Quase Perfeita”) para a direção foi mais do que adequada, já que a história mágica era focada em seus protagonistas mirins e o tom mais infantil era necessário para recriar a trama. Em “A Pedra Filodofal”, Harry Potter, um menino de 11 anos, que desde então vivia com seus tios trouxas (não-bruxos), recebe um convite para freqüentar a Escola de Magia e Bruxaria de Hogwarts. O convite serviu a Harry tanto para livrar-se dos maus tratos de seus tios, bem como para permitir ao menino desvendar o segredo da morte dos pais, já que ambos também freqüentaram a mesma instituição para bruxos. Ao ingressar na escola, o jovem Potter descobre que era famoso em toda a comunidade bruxa por ter eliminado o tirano Lord Voldemort (o qual nem mesmo o nome deve ser pronunciado). A partir daí, acompanhamos de perto o cotidiano de Harry e seus dois amigos, Rony e Hermione, até que acontecimentos estranhos começam a acontecer, como, por exemplo, o boato de que a escola estaria guardando um precioso objeto que poderia trazer de volta os assassinos dos pais de Harry.

Dentre os grandes méritos do filme, podemos destacar a fantástica direção de arte, que consegue recriar nos menores detalhes o mundo concebido por J. K. Rowling, desde os cenários até o incrível figurino. Quem não se emocionou ao ver a perfeição com a qual foi mostrado o Beco Diagonal, ou quando a partida de quadribol saiu da imaginação e ganhou vida? Mérito maior ainda está no elenco. Creio que nunca antes em toda a história do cinema havia sido reunido em um único filme um número tão grande de talentos (a não ser, é claro, nas franquias seguintes de Harry Potter). Falo, principalmente, do time de professores, os quais podemos destacar Maggie Smith (que encarna a Profa. Minerva Mcgonagall como se esta tivesse saído das próprias páginas do livro) e Alan Rickman (que dá vida ao infame Severo Snape). Richard Harris, em uma de suas últimas atuações no cinema, consegue dar o brilho necessário para o olhar do Prof. Alvus Dumbledore, embora a idade já tivesse tirado um pouco da energia do ator. E o que falar do três protagonistas mirins? Daniel Radcliffe (Harry), Ruppert Grint (Rony) e Emma Watson (Hermione) mostraram ser uma ótima escolha para interpretar os papéis principais, embora a menina Watson já mostrasse um pouco de exagero em sua atuação, fato que ela não soube corrigir, já que sua atuação em “Harry Potter e O Cálice de Fogo” mostrou-se um tanto quanto embaraçosa.

Infelizmente, o filme também tem seus defeitos. Um dos principais encontra-se na baixa qualidade dos efeitos especiais (para se perceber, basta comparar o troll de “O Senhor dos Anéis” com o Troll visto em “A Pedra Filosofal”), principalmente no que diz respeito à partida de quadribol (que, embora tenha sido mostrada de maneira criativa, seus efeitos especiais parecem ter vindo da década de 80). Outro grande problema reside no roteiro, que em suas quase duas horas e meia parece se arrastar no final, tornando-se extremamente cansativo. Além disso, este se mostrou sempre episódico, fazendo com que as cenas saltassem de uma para outra, sem uma conexão lógica, soando como capítulos de um livro.

Por ter sido o pioneiro na adaptação das histórias de Harry Potter para o cinema, Chris Columbus obteve um saldo final positivo, embora tenham restado ainda alguns problemas. Este “A Pedra Filosofal” nem mesmo chega a ser o mais fraco elo da franquia (que até agora foi o segundo volume “A Câmara Secreta”). “A Pedra Filosofal” representou apenas o início da consolidação do sucesso de Harry Potter no cinema, que, a cada dois anos, em média, vem mostrando superação em filmes com cada vez mais qualidade.

Diego Coelho
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