Cinema com Rapadura

OPINIÃO   sábado, 23 de setembro de 2006

O Pequenino (2006): um exemplo do que não fazer no cinema

Um filme deprimente. Sem conteúdo, sem graça, sem estética, mal dirigido e completamente inútil. Típico filme para roubar o seu dinheiro. Passe longe. Bem longe mesmo.

“Eu não acredito”. Foi isso que disse logo após o fim da sessão de “O Pequenino”. Aliás, eu disse algo pior que isso, mas para não colocar os palavrões é melhor fazer como algumas empresas que legendam alguns filmes: chamar “porra” de “poxa”. Eu não estava acreditando que tinha assistido a um filme tão ruim. E olha que estava ansioso para ver, até porque, o trailer era engraçadinho e tinha a música do programa Vídeo Show. Não que o programa seja bom, mas pelo menos chamou atenção. O que percebi foi que não tem essa música no filme. Da mesma forma que tocava Men at Work no trailer de “Procurando Nemo” e a música nem pintou no filme. O sentido disso talvez seja o apelo popular. Chamar atenção. Vai saber. Só sei que para os mais detalhistas isso é chato, porque tem que ter algum sentido ter a música no trailer e não ter no filme. Se o trailer é uma parte do filme, deveria ter sentido.

Bem, eu estou enrolando para caramba porque não quero falar desse filme. Deu para perceber? Pois é. Mas, infelizmente, vocês vão ter o desprazer de ler essa crítica. Se eu fosse você, já via logo as estrelinhas lá embaixo da nota e acessava outro link no CCR. Nós temos umas fichas completinhas, você não vai se arrepender. 😉 Já que existem alguns desafortunados que continuarão lendo isso daqui, vou colar abaixo o que recebemos da distribuidora, segundo eles, essa é a “história do filme”:

Calvin Sims (Marlon Wayans, de “Todo Mundo em Pânico 1 e 2” e “As Branquelas”) é um perigoso ladrão de jóias que não tem nem um metro de altura. Recém-saído da prisão, ele decide realizar um último grande roubo antes de se aposentar (?). O alvo escolhido é o famoso diamante Queen, pelo qual Calvin e seu pareiro Percy (Tracy Morgan) receberão US$ 100 mil. Entretanto o assalto dá errado, o que faz com que Calvin esconda o diamante na bolsa de Vanessa Edwards (Kerry Washington), que o leva para casa sem notar a bagagem extra. Calvin e Percy a seguem e presenciam uma discussão que Vanessa tem com seu marido, Darryl (Shawn Wayans). Ele deseja ser pai o quanto antes, mas Vanessa acha que ter um filho agora pode atrapalhar sua carreira de vice-presidente de uma agência de propaganda. Aproveitando a deixa, Calvin e Percy elaboram um plano: fazendo-se passar por bebê (?), Calvin seria deixado na porta da casa dos Edwards. Eles, encantados, o levariam para dentro de casa, onde Calvin poderia roubar o diamante. O plano dá certo, mas Calvin não contava que sua nova vida de bebê seria bem mais complicada do que imaginava.

Isso é o que eles tentam passar para gente. Mas, no final das contas, não passa de enrolada para o péssimo roteiro. Primeiro, quem em sã consciência confundiria um anão com um bebê? Não tem nem lógica nisso. O elemento já estava cheio de dentes grandes, que, por sinal, são mostrados a toda hora, já que o “moleque” não pára de sorrir (ou pelo menos tenta sorrir). Segundo, ele é musculoso. Como assim? Só forçando muito para acreditar que ele era um bebê. E outra, ele tem uma tatuagem e uma cicatriz. Ahhh, paciência! Se o bebê tivesse realmente essa cicatriz acho que nem vivo estaria. Ao invés de dizer que era um bebê, poderiam dizer que era um neandertal e pronto. Assunto resolvido. Para completar o jogo sem lógica, por que diabos o anão coloca a jóia na bolsa a mulher? Aqueles dois policiais estúpidos, nem de longe, conseguiriam pegar aquele anão. Era só deixar em algum lugar na loja ali e pronto. Pegava depois. Mas não, no roteiro tem quer ter um gancho para ter um bebê. E a pior coisa de tudo é que eles são ladrões profissionais. Por que não pegaram a jóia e foram embora? Que droga é essa? Acho que se fizessem isso, acabaria o filme. Se bem que não teria sentido essa relação com a família. E bem pior que isso é que o anão começa a gostar de ser tratado como bebê. Ter uma família e etc. Era só o que me faltava. Nem adianta eu ficar colocando problemas em toda a história porque, afinal, tudo ali é problema. Se você tiver coragem de ver esse filme, presenciará as chicotadas do satanás.

Quanto à “inovação” de transformar Marlon em um anão, além de ser bizarra, dá para perceber, muita vezes, que existe uma diferença, ou de computação gráfica, ou de um dublê (o anão Gabriel Pimentel). E a premissa, até sendo bem besta, era até bacaninha. Infelizmente não funcionou. Mas, também, queríamos o que? É um filme dos criadores dos bonzinhos “Todo Mundo em Pânico 1 e 2” e “As Branquelas”. Besteira é a premissa. Mas pelo menos nos filmes anteriores nós dávamos algumas risadas. Neste, de tão besta que é, acabamos dando uns pequenos risinhos, a maioria deles, devido a cena ser muito ridícula.

Como eu vou comentar as atuações? É tudo ruim ali. Não salva nada. Atuação não é uma palavra que cabe bem neste longa. E, para piorar tudo, ainda aparece Rob Schneider no filme. Se já não bastasse a tamanha mediocridade que o filme passa, aparece o Schneider com sua cara de quem não sabe o que está fazendo. Ele é muito ruim e talvez tenha combinado certinho com este projeto de filme.

Encerrando. Tenha amor à sua vida e ao seu dinheiro. Cinema hoje em dia está muito caro e não dá pra ficar jogando dinheiro. Escolha uma opção melhor. Tem tanta coisa interessante por aí, e mesmo que você não ache, compre alguma coisa pra comer com esse dinheiro, vale bem mais a pena. Passe longe. Quando você vir o cartaz em algum cinema, arranque ou chute pra longe. Você estará fazendo um favor à nação.

Jurandir Filho
@jurandirfilho

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