Cinema com Rapadura

OPINIÃO   segunda-feira, 28 de março de 2005

De Repente 30

Copiado quase que descaradamente do filme clássico de Tom Hanks "Quero Ser Grande", "De Repente 30" consegue afeminar o clássico e divertir, sem afetar muito o saudosismo.

Mais uma comédia! Esse mês é campeão de lançamentos do gênero. Não que eu ache ruim, mas estamos comprovando que é fácil fazer um filme do gênero. Afinal, comediante é o que não falta mundo a fora. Eu só acho um saco a repetição. Não agüento ver um filme com os mesmo elementos de outro, apenas com personagens diferentes. Você lembra do filme "Quero Ser Grande" que tem Tom Hanks como protagonista? Não lembra? O filme é TOP 20 Sessão da Tarde. O espírito do garoto David Moscow (no personagem Josh) está no corpo de Tom Hanks depois que ele fez um pedido de ser grande para uma misteriosa máquina que realiza desejos. A cena da dança nas teclas de piano na loja de música é clássica! Ai ai … Bons tempos! Agora estamos em 2004 e damos de cara com "De Repente 30".

No filme o ano é de 1987 e Jenna (a feinha Christa B. Allen) é uma adolescente de 13 anos prestes a se tornar uma moça. O problema é que a fase adulta não está chegando tão rápido como ela esperava. Ela se sente sufocada pelos pais que ficam o tempo todo no seu pé, ignorada pelos colegas mais populares da escola e o cara boa pinta por quem ela é apaixonada nem sequer sabe o seu nome. Insatisfeita de só passar o tempo na companhia do melhor amigo e vizinho Matt Flamhaff (o gordinho Sean Marquette), Jenna convida uma turma cool para a festa de seu 13º aniversário. Só que a festa acaba se transformando num verdadeiro desastre. Jenna é humilhada depois de ser trancada num armário durante uma brincadeira chamada “Sete Minutos no Paraíso” e lá esquecida por todos (bem bobinha ela).

Sozinha dentro do armário, Jenna faz o último e mais importante pedido de sua vida: ‘se ela pudesse virar adulta de repente, teria a vida que sempre sonhou“. Como num passe de mágica, o sonho dela torna-se realidade. Legal né (rs)? No dia seguinte, quando Jenna sai do armário, o ano passa a ser 2004 e ela está com 30 anos de idade. E mais: agora ela é uma mulher maravilhosa (Jennifer Garner), com um ótimo trabalho e um apartamento fabuloso na Quinta Avenida. Finalmente, ela conseguiu o sonho de ser cool e popular.

Um único porém: ela não tem a mínima idéia de como isto aconteceu. No começo assustada mas ao poucos encantada com sua nova vida, Jenna não demora a perceber que algo está faltando – Matt. Quando Jenna o procura, fica desesperada em saber que ela e Matt (Mark Ruffalo numa atuação insossa como seu personagem) não têm mais contato algum e que ele está noivo e prestes a se casar. Jenna descobre que ter aquilo tudo não é suficiente e decide apostar uma segunda chance no primeiro amor. Agora, o maior de seus pedidos é de que não seja tarde demais.

O tema de "criança grande" é bem antigo, mas não se desgasta com o tempo. Renova-se! É interessante ver alguns pensamentos de criança em corpos de adultos (apesar do contrário de ser bizarro). Aconteceu um caso semelhante no filme "Sexta-feira Muito Louca", no qual há uma troca espíritos nas personagens de Jamie Lee Curtem e Lindsay Lohan. O tema não é chato, não desgasta, mas é inocente demais. As vezes chega a ter comentários como: "owwwww, que cut cut cut". Parece que uma menina de 7 anos está olhando para uma bonequinha da Hello Kitty. O interessante é que consegue passar sua mensagem e sua lição com uma sutileza das roupas da Barbie: "pôde de chique"!

Quanto a Jennifer Garner, muito bonita essa moça hein? Ela é conhecida mais como a protagonista do seriado "Alias", recebeu nada mais nada menos que U$ 3 milhões de dólares de cachê por esse filme (um dinheirinho razoável para um filme de U$ 20 milhões). Ela que se prepara agora para o filme 'Elektra', baseado na série da ninja dos quadrinhos da Marvel, conseguiu ficar toda desengonçada fazendo a "menina grande".

Para quem não conhece, ela ganhou recentemente o Globo de Ouro de Melhor Atriz em Seriado/ Drama por sua performance em “Alias”. O programa também foi premiado com o People’s Choice Award de Melhor Seriado/Drama. Garner interpreta o papel principal de Sydney Bristow, uma jovem agente tentando levar uma vida normal. “Alias” é exibido aos domingos pela rede de televisão americana ABC. Garner foi vista recentemente estrelando com Ben Affleck o filme da Twentieth Century Fox o fraquíssimo "Demolidor – O Homem Sem Medo" e e o eficiente "Pearl Harbor".

Não poderia deixar de comentar um completo saudosismo que aconteceu quando tocou em uma das cenas do filme a música Thriller, de Michael Jackson. Perfeito! Clássico dos clássicos! No filme rola de vez em quando alguns clássicos. Vale prestar um pouco de atenção à trilha. O trabalho do diretor Gary Winick ("Um Jovem Sedutor") é totalmente light. Ele consegue passar as lições em comprometer a comédia e o romance.

Acho que essa crítica serviu mesmo para falar de um saudosismo em relação ao filme "Quero Ser Grande" e um pouco da história de Jennifer Garner. Não quis me ater muito as nuances do filme para não estragar em nada quando fores assistir. Recomendo sim, ótimo filme para família. Mas que fique o alerta: é clichê, colorido, vai soar chato às vezes e você vai chamar a protagonista muitas de vezes de boboca (é o nooovo).

Jurandir Filho
@jurandirfilho

Compartilhe

Saiba mais sobre