Cinema com Rapadura

Notícias   segunda-feira, 15 de março de 2021

Oscar 2021: Diversidade nas indicações representam um bom sinal para o futuro

Mudança no panorama de indicados acontece após estímulo da indústria a medidas de inclusão.

Oscar 2021: Diversidade nas indicações representam um bom sinal para o futuro>

Após anos negligenciando determinados grupos de artistas, o mundo da arte está aos poucos reconhecendo a qualidade de produções envolvendo mulheres, negros e asiáticos, por exemplo. O Oscar 2021 é uma amostra disso. Após 92 edições, a Academia seguiu parcialmente na contramão de indicações condizentes com a trajetória histórica e as questões sistêmicas da premiação. Os avanços são dignos de nota (via Deadline).

Primeiramente, houve uma quantidade considerável de fatos inéditos. Pela primeira vez na história do Oscar, duas mulheres concorrem na categoria de Melhor Direção. São elas Chloé Zhao, por “Nomadland”; e Emerald Fennell, por “Bela Vingança”. Enquanto isso, Riz Ahmed, Steven Yeun e Yuh-Jung Youn são, respectivamente, o primeiro muçulmano, o primeiro asiático-americano e a primeira coreana a concorrerem aos prêmios de Melhor Ator e Atriz. Ahmed e Yeun, inclusive, ocupam um espaço onde normalmente seria admitido apenas um deles.

Judas e o Messias Negro” também faz história este ano. A obra é o primeiro longa totalmente produzido por negros a ser indicado a Melhor Filme. As indicações de Daniel Kaluuya e Lakeith Stanfield marcam a primeira vez que dois atores negros do mesmo filme disputam um prêmio de Melhor Ator Coadjuvante. Com 10 pessoas indicadas no total (entre 6 indicações do filme), essa se torna ainda a produção com mais indicados negros ligados ao mesmo projeto. O detentor do recorde anterior foi “A Cor Púrpura”, que teve sete indicações.

Outra quebra de recorde inclui o feito de Viola Davis. Ao conseguir sua quarta indicação, dessa vez por seu desempenho em “A Voz Suprema do Blues”, ela consagra-se como a atriz negra mais indicada da história do Oscar até o momento.

Nos quesitos de Melhor Roteiro, a inclusão de negros e asiáticos foi bastante decente. Entre os concorrentes temos Shaka King (“Judas e o Messias Negro”), Lee Isaac Chung (“Minari”), Kemp Powers (“Uma Noite em Miami”) e Chloé Zhao (“Nomadland”).

As temáticas das produções também carregam uma melhor diversificação. “O Tigre Branco” adapta uma história originalmente contada por Aravind Adiga, escritor de origem indiana. O documentário Crip Camp: Revolução pela Inclusão, por sua vez, apresenta uma incrível visão do ativismo popular em prol da inclusão social. Finalmente, “Time” discute acerca da abolição de penas prisionais.

É interessante observar que a diversidade nas indicações acontece quase um ano após o anúncio do acréscimo de 819 novos membros votantes à Academia de Artes e Ciências Cinematográficas dos EUA. Tal inclusão em maior grau pode ser entendida igualmente como um exercício ao cumprimento das exigências de elegibilidade a Melhor Filme, obrigatórias a partir de 2025. De qualquer forma, embora o mundo da arte/cinema esteja dando grandes passos em direção favorável ao quesito representatividade, ainda há um longo caminho a percorrer. Ausências bastante sentidas no quadro de competidores em 2021 é prova disso.

Veja a lista completa dos indicados aqui.

Saiba Mais: ,

Flávila Santos
@rapadura

Compartilhe

Saiba mais sobre


Notícias Relacionadas