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Notícias   quarta-feira, 29 de janeiro de 2020

Coronavírus afeta a indústria do cinema na China; mercado sofrerá um baque?

Segundo maior mercado do mundo fecha 70 mil salas de cinema, podendo causar um baque de mais de um bilhão de dólares em arrecadação na bilheteria mundial.

Coronavírus afeta a indústria do cinema na China; mercado sofrerá um baque?>

Afirmar que a China é um mercado estratégico para a indústria do cinema no mundo não é nenhuma surpresa. Um país de dimensões continentais e com uma população tão numerosa logicamente atrai esse tipo de empreendimento, com potencial para se tornar o maior mercado consumidor do mundo em breve. Em 2019, por exemplo, os Estados Unidos tiveram US$ 11.4 bilhões de arrecadação, enquanto a China foi responsável por US$9.2 bilhões. O que ninguém contava era que um fator totalmente alheio ao cinema e entretenimento pudesse quebrar essa roda em 2020: a atual epidemia de coronavírus.

Surgido na província de Wuhan, a epidemia já causou a perda de mais de cem vidas chinesas, e ameaça extrapolar as fronteiras do país em breve. Diversos países vêm tomando medidas drásticas, chamando de volta seus imigrantes residentes não apenas em Wuhan, mas em toda a China. O contexto também não poderia ser pior, dado que o feriado local do Ano Novo Lugar tem muito de sua população viajando dos grandes centros urbanos em direção ao interior para visitar suas famílias. É simplesmente a maior migração anual no mundo, o pesadelo de qualquer epidemiologista e, agora, será também um baque significativo para a indústria do cinema.

De acordo com o THR, o governo chinês decretou esta semana o fechamento de mais de 11 mil complexos cinematográficos no país, resultando em mais de 70 mil salas fechadas. Evitar aglomerações é uma das principais recomendações dos médicos, e logicamente o cinema se enquadra nesse meio. Até o momento, o maior prejuízo vem sendo projetado para as próprias produtoras chinesas e os filmes nacionais que tinham estreias previstas para o feriado do Ano Novo Lunar. Com esse feriado em 2019, o mercado chinês gerou US$1.6 bilhões em bilheteria, recorde de arrecadação para um único país em um mês.

Se o contexto em janeiro já preocupante, fevereiro pode ser ainda pior, dependendo da expansão do vírus. Os filmes de maior sucesso da temporada de premiações nos Estados Unidos geralmente estreiam na China apenas após o feriado do Ano Novo Lunar, e em 2020 haviam várias estreias agendadas. “Jojo Rabbit” está agendado para 12 de fevereiro, seguido por “Adoráveis Mulheres” no dia 14 e “Marriage Story” no dia 28. Antes do surto, “1917” também negociava distribuição no país. Já filmes como “Dolittle” e “Sonic” também seriam lançados em fevereiro nos dias 21 e 28, respectivamente. Agora, muitos na indústria chinesa duvidam que estas datas serão mantidas, já trabalhando com perspectivas negativas para o mês. Mesmo para março e abril já há apreensão, principalmente com os lançamentos de dois blockbusters de peso: a adaptação em live-action da Disney para “Mulan” e “007 – Sem Tempo Para Morrer“. O primeiro tem sua estreia prevista no país para 27 de março, e contava com estratégias específicas para a China dado o tema do filme. Já o segundo está agendado para abril.

Supondo que seja possível adiar tantos lançamentos, o desafio seria acomodá-los e reaquecer o mercado chinês. “Haverá muitos filmes grandes competindo por muito pouco espaço“, fala um executivo chinês ao THR. E quando as autoridades locais forem começar a reorganizar a situação, a expectativa é de que sejam priorizadas obras nacionais chinesas em detrimento dos filmes norte-americanos. Ao todo, a expectativa é de um prejuízo de mais de US$ 1 bilhão em arrecadamento mundial.

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Julio Bardini
@juliob09

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