James Dean será recriado em CGI para estrelar novo filme; atores de Hollywood criticam a ideia
Ator faleceu em 1955 aos 24 anos, devido a um acidente de carro.
De acordo com informações do The Hollywood Reporter, o ator James Dean, que faleceu aos 24 anos em 1955 devido a um acidente de carro, será recriado em CGI para estrelar o drama “Finding Jack“. O acidente interrompeu uma carreira meteórica do ator no cinema, que protagonizou três filmes -“Juventude Transviada“, “Vidas Amargas” e “Assim Caminha a Humanidade” -, sendo indicado ao Oscar de Melhor Ator pelos dois últimos.
Adaptado do romance de Gareth Crocker, “Finding Jack” baseia-se na existência e no abandono de mais de 10.000 cães militares no final da Guerra do Vietnã. Dean interpretará um personagem chamado Rogan, considerado um papel coadjuvante na trama.
Dirigido pelos estreantes na função, Anton Ernst e Tati Golykh, o projeto vem da produtora Magic City Films, recém-lançada pelos próprios cineastas, que obteve os direitos de usar a imagem de Dean por meio de sua família. A canadense Imagine Engine e a sul-africana MOI Worldwide estão trabalhando para recriar o que os diretores descrevem como “uma versão realista de James Dean“, usando imagens e fotos reais do ator, com somente outra pessoa emprestando sua voz para ele no filme. Ernst explicou sobre a decisão de recriar Dean em CGI:
“Buscamos em vários lugares o personagem perfeito para interpretar o papel de Rogan, que possui alguns arcos extremamente complexos, e após meses de pesquisa, decidimos por James Dean. Sentimo-nos muito honrados por sua família nos apoiar e tomar todas as precauções para garantir que seu legado como uma das estrelas de cinema mais épicas até hoje seja mantido intacto. A família vê isso como seu quarto filme, um filme que ele nunca conseguiu. Não pretendemos decepcionar seus fãs.”
Os cineastas agora esperam que a tecnologia CGI usada para trazer Dean de volta à vida no cinema possa, em breve, ser implantada em outras figuras conhecidas:
“Isso abre uma nova oportunidade para muitos de nossos clientes que não estão mais conosco. Nossos parceiros na África do Sul estão muito entusiasmados com isso, pois essa tecnologia também seria empregada na linha para recriar ícones históricos como Nelson Mandela para contar histórias importantes sobre o patrimônio cultural.”
Nas redes sociais, o projeto gerou uma grande discussão e muitos famosos se posicionaram contra o “retorno” do ator. A atriz Zelda Williams, cujo falecido pai, Robin Williams, restringiu a exploração de sua imagem por 25 anos após sua morte, postou sua oposição quanto a ideia em sua conta pessoal no Twitter:
“Eu conversei com amigos sobre isso por ANOS e ninguém nunca acreditou em mim que a indústria diminuiria a esse nível assim que a tecnologia melhorasse. Publicidade enganosa ou não, isso é manipular os mortos apenas por sua influência e cria um precedente tão terrível para o futuro da performance.”
Chris Evans, em seu Twitter, também se mostrou contrário ao projeto:
“Isso é horrível. Talvez possamos conseguir um computador para pintar um novo Picasso. Ou escrever algumas músicas novas de John Lennon. A completa falta de entendimento aqui é vergonhosa”.
Elijah Wood também se manifestou:
“NÃO. Isso não deveria ser uma coisa”.
Julie Ann Emery destacou a sua preocupação sobre como o papel seria creditado, já que outro ator expressará o papel de Dean e sua performance será construída por meio de CGI de “corpo inteiro“:
“Esse não é James Dean. É o rosto dele em uma performance de captura de movimento e um ator ‘anônimo’ fornecendo padrões e opções de voz. Eu gostaria de saber como será creditado. Como os atores reais serão pagos. E quão pouco esse time entende o ofício de ator.”
[ATUALIZAÇÃO – sexta, 08/11/2019] O diretor, em declaração para o Hollywood Reporter, se pronunciou sobre a reação negativa ao seu filme, afirmando estar triste e confuso com a situação. Ele disse:
“Nós não entendemos. Nunca pretendemos que isso fosse uma manobra de marketing. Nós não queremos perder a ênfase e essa reação nas redes sociais se torna uma distração para o que a história é. Nós tomaremos toda precaução para garantir que seu legado como um dos astros do cinema mais épicos seja mantido firmemente. A família dele vê esse como seu quarto filme, um que ele nunca conseguiu fazer. Nós não pretendemos desapontar seus fãs”.
[FIM DA ATUALIZAÇÃO]
A pré-produção de “Finding Jack” está programada para começar em 17 de novembro, com uma previsão de lançamento mundial no dia 11 de novembro de 2020.
Saiba Mais: Finding Jack, James Dean