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Notícias   segunda-feira, 28 de outubro de 2019

Netflix testa recurso que permite usuário controlar a velocidade de filmes e séries no celular; cineastas reclamam

Alguns cineastas, no entanto, não concordam com a nova ferramenta e afirmam que é uma "quebra de confiança" na relação entre criador de conteúdo e distribuidor.

Netflix testa recurso que permite usuário controlar a velocidade de filmes e séries no celular; cineastas reclamam>

A Netflix confirmou ao site Android Police que está testando uma ferramenta que permitirá o usuário ajustar a velocidade do conteúdo que está assistindo na plataforma de streaming. A informação obtida pelo site é que será possível ver a mídia em sua velocidade normal (1x), mais lenta (0.75x e 0.5x) ou mais rápida (1.25x e 1.5x). Ainda de acordo com a publicação, o áudio das mídias também serão adaptados para que não fiquem distorcidos caso o usuário queira acelerar ou retardar o conteúdo.

Ainda não há confirmação se o recurso estará disponível para todo o catálogo da Netflix ou quando ele pode passar a rodar para todos os usuários, mas é interessante notar que o teste deste novo recurso vem a poucas semanas do lançamento de “O Irlandês”, de Martin Scorsese, na plataforma, um filme que terá cerca de 3h29 de duração.

A notícia fez com que cineastas que trabalharam anteriormente com a Netflix expressassem sua indignação nas redes sociais, como foi o caso de Judd Apatow, responsável pela série “Love” do serviço de streaming:

“Não me faça ligar para cada diretor e criador na Terra para lutar contra você. Me poupe. Eu vou ganhar essa, mas vai levar um tempão – não f*** com nosso tempo. Nós te damos coisas legais. Deixem-nas como elas foram feitas para serem assistidas”, publicou em seu Twitter.

Ele afirma que o recurso é uma “quebra de confiança” entre a Netflix e os criadores de conteúdo da plataforma, e que “o distribuidor não tem o direito de mudar a forma que o conteúdo será apresentado”.

Outro que não ficou feliz ao saber dos testes foi o diretor e roteirista de longa data da Pixar, Brad Bird. Também no Twitter, ele não poupou críticas:

Bom, mais uma ideia espetacularmente ruim e outra facada na já sangrenta experiência do cinema. Por que apoiar e financiar as visões dos cineastas por um lado e, por outro, trabalhar para destruir a apresentação desses filmes???”.

O diretor de “Homem-Formiga 1 e 2“, Peyton Reed, endossou o protesto:

Essa é uma péssima idéia, e eu e todos os diretores que conheço lutaremos contra ela“, escreveu no Twitter.

Aaron Paul, co-protagonista da série “Breaking Bad” e do recente “El Camino“, se revoltou no Twitter:

“SEM CHANCE da Netflix seguir adiante com isso. Isso significaria que eles tomariam controle absoluto da arte de todos e a destruiriam. A Netflix é melhor do que isso. Estou certo, Netflix?”

Ao Collider, um porta-voz da Netflix enviou o seguinte comunicado:

“Estamos sempre experimentando novas maneiras de ajudar nossos membros a usar a Netflix. Este teste permite variar a velocidade com que as pessoas assistem a programas em seus celulares. Como em qualquer teste, ele pode não se tornar um recurso permanente na Netflix“.

Após todas as polêmicas, a vice-presidente da Netflix, Keela Robinson, escreveu um texto no blog oficial da empresa para explicar mais sobre os testes:

“É um recurso que está disponível há muito tempo em aparelhos de DVD – e tem sido frequentemente solicitado por nossos assinantes. Por exemplo, pessoas que desejam assistir a sua cena favorita ou que querem ir mais devagar porque é um título em idioma estrangeiro.

Estamos atentos às preocupações dos produtores e não incluímos telas maiores, principalmente TVs, neste teste. Também corrigimos automaticamente o tom do áudio em velocidades mais rápidas e lentas. Além disso, os assinantes devem optar por variar a velocidade cada vez que assistirem a algo novo – contra a Netflix manter suas configurações com base na última opção. Não temos planos de lançar nenhum desses testes no curto prazo. E se introduzirmos esses recursos para todos, em algum momento, dependerá do feedback que recebermos”.

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Jacqueline Elise
@jacquelinelise

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