Era Uma Vez em Hollywood | “Esse é o filme mais próximo de Pulp Fiction que eu já fiz”, diz Tarantino
Diretor acrescentou que este também é o seu longa-metragem mais pessoal, assim como o caso de "Roma" para Alfonso Cuarón.
Em uma longa entrevista para a Esquire, o diretor Quentin Tarantino (“Os Oito Odiados”) falou sobre o seu mais novo filme, “Era Uma Vez em Hollywood“. Juntamente com os atores Brad Pitt (“Máquina de Guerra“) e Leonardo DiCaprio (“O Regresso”), eles comentaram mais detalhes sobre o longa e seu processo de criação e produção.
Para Tarantino, o filme é “a coisa mais próxima de ‘Pulp Fiction’ que eu já fiz“, em termos de tom e sensação. A razão dessa comparação, segundo matéria, seria devido a existência de múltiplas tramas, acompanhando diferentes personagens (alguns reais, outros imaginários), e que aparentemente não relacionadas. Isso até o momento em que as histórias se misturam. Segundo o diretor, esse também pode ser considerado seu longa mais pessoal:
“Eu penso nele como uma parte da minha memória. Alfonso (Cuarón) teve o filme ‘Roma’ e a Cidade do México de 1970. Eu tive a Los Angeles de 1969. Esse sou eu. Esse é o ano que formou a pessoa que sou hoje. Eu tinha seis anos à época. Esse é o meu mundo. E essa é a minha carta de amor para Los Angeles.”
Quando questionado sobre o que o levou a aceitar o papel no filme, DiCaprio afirmou:
“Bom, primeiro, a chance de trabalhar com Tarantino. E certamente a época na qual se passa o filme é fascinante. Era uma homenagem a Hollywood. Eu não penso que exista um filme de Hollywood como esse – e com isso eu quero dizer um filme que se passa em Hollywood e é sobre Hollywood – que lida com as questões obscuras, entrando no cotidiano de um ator e seu dublê. 1969 é uma época de referência na história do cinema e do mundo. Rick e Cliff (personagens de DiCaprio e Pitt, respectivamente), eles são parte da velha guarda de Hollywood, mas eles também estão tentando navegar nesse novo mundo, de amor livre e revolução hippie. Eu amei a ideia de lidar com esse ator que está sofrendo para achar seu lugar nesse novo mundo. E seu colega que esteve com ele durante todo esse tempo em Hollywood. Quentin retrata brilhantemente o que se passa durante essa mudança do país, e também a mudança de Hollywood, por meio dos olhos desses personagens. Foi cativante quando li o roteiro pela primeira vez. Os personagens tem os traços do grande conhecimento da história do cinema do Quentin. Você tem um monte de detalhes, e você sabe que eles são autênticos.”
Acerca dos diferentes tipos de personagens que o longa aborda, Tarantino esclarece que cada personagem representa uma das classes sociais da Hollywood da época: Sharon Tate (Margot Robbie, de “Duas Rainhas”) vive a vida de uma verdadeira estrela de Hollywood; Rick Dalton (DiCaprio) se encontra em uma situação melhor do que pensa; e Cliff Booth (Pitt) representa a pessoa que se dedicou para a indústria e não possui nada.
DiCaprio também falou sobre a relação de seu personagem com o de Pitt:
“O que eu realmente amei sobre esse filme é que tem muito amor na história da relação entre Cliff e Rick. Ao longo de tudo, eles são como uma família. Eles criaram uma unidade de família e uma conexão que fará com que eles sobrevivam aos seus sonhos sendo pisoteados.”
Ao ser perguntado sobre a mudança atual da indústria, que está diversificando suas produções e adentrando cada vez mais nos serviços de streaming, DiCaprio falou que essa é a mudança gigantesca na forma como os filmes são feitos. Para ele, em razão do alto volume de conteúdo produzido por essas grandes empresas, existem projetos e pessoas recebendo oportunidades que não existiam há alguns anos. Contudo, ele ressaltou que obras como as de Tarantino estão se tornando espécies em extinção.
Em seguida, ele acrescentou:
“Eu não estou dizendo isso para celebrar esse filme, mas vamos celebrar os cineastas que ainda dominam a arte de fazer filmes, e vamos torcer para que nessa transição, para seja lá o que venha, esse tipo de cinematografia continue a existir. Tempos obscuros estão por vir.”
Sobre o tema, Pitt acrescentou que o lado positivo desse novo formato é que mais pessoas estão tendo mais oportunidades únicas. Contudo, criticou o fato de que, em razão disso, as novas gerações estão buscando um entretenimento mais rápido e fácil, mudando de escolha assim que perdem a atenção naquilo. Para ele, o cinema e os filmes como uma arte – os grandes clássicos – podem estar em risco devido a essa nova forma de encarar o consumo de filmes.
“Era Uma Vez em Hollywood” mostrará a história do ator Rick Dalton (DiCaprio) e seu amigo dublê, Cliff Booth (Pitt), que tentam reencontrar sucesso em suas carreiras moribundas na Hollywood de 1969, ano do bárbaro assassinato da atriz Sharon Tate (Robbie). O filme deve abordar principalmente o assassinato de Tate (que foi casada com o cineasta Roman Polanski) e mais quatro pessoas pela chamada Família Manson em 1969. Além deste episódio macabro, serão retratados ainda outros acontecimentos relevantes do ano de 1969, como a chegada da missão Apollo 11 à Lua, o Festival de Woodstock e o primeiro ano de Richard Nixon na presidência dos EUA.
No elenco estão também Al Pacino (“Paterno”), Bruce Dern (“No Rastro da Violência”), Mike Moh (da minissérie “Street Fighter: Ressurreição“), Timothy Olyphant (da série “Santa Clarita Diet”), Damian Lewis (da série “Billions”), Emile Hirsch (“Drama em Família”), Lena Dunham (da série “Girls”), Dakota Fanning (“Tudo que eu Quero”), James Marsden (da série “Westworld”), Scoot McNairy (“Batman vs Superman”), Maya Hawke (“Little Women“) e mais. Além de dirigir, Tarantino também escreve o roteiro da produção.
“Era Uma Vez em Hollywood” tem previsão de estreia no Brasil para 15 de agosto.
Saiba Mais: Brad Pitt, Era Uma Vez Em Hollywood, Leonardo DiCaprio, Quentin Tarantino