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Notícias   terça-feira, 30 de abril de 2019

Vingadores: Ultimato | Roteiristas comentam as principais decisões do filme

Christopher Markus e Stephen McFeely falaram sobre as partes mais intrigantes da trama e a trajetória dos personagens.

Vingadores: Ultimato | Roteiristas comentam as principais decisões do filme>

Aviso de spoilers de “Vingadores: Ultimato”!

Em recente entrevista ao New York Times, os roteiristas Christopher Markus e Stephen McFeely, ambos de “Vingadores: Ultimato”, e que já trabalharam nos três filmes do “Capitão América”, em “Thor: O Mundo Sombrio” e criaram a série “Agente Carter”, comentaram sobre as principais decisões do filme.

Perguntados sobre os eventos de “Vingadores: Guerra Infinita” e “Ultimato”, eles disseram que o primeiro deveria de fato terminar com o estalo do Thanos, mas tiveram que decidir qual seria a hora certa para isso acontecer, pois se o titã conseguisse atingir seu objetivo cedo demais na narrativa, poderia gerar um anticlímax.  Já sobre o segundo, eles concordam que o filme deveria ser focado nos seis vingadores originais, Capitão América (Chris Evans), Homem de Ferro (Robert Downey Jr.), Thor (Chris Hemsworth), Hulk (Mark Ruffalo), Viúva Negra (Scarlett Johansson) e Gavião Arqueiro (Jeremy Renner).

Em relação a qual critério usado para decidir quais personagens iriam sobreviver ao estalo, Markus e McFeely afirmaram que queriam ver Steve Rogers e Tony Stark lidando com as consequências do ocorrido, deste modo, o tempo em tela de cada um deles seria diferente de acordo com a narrativa. Capitão América e Natasha, por exemplo, pouco aparecem no filme anterior, já que eles teriam grande importância nos eventos para trazer as heróis e as pessoas de volta. Os Guardiões da Galáxia tiveram mais participação em “Guerra Infinita”, já Thor esteve bastante atuante nos dois filmes.

Os roteiristas falaram também sobre a questão emocional envolvendo o filme, já que houve uma grande comoção após os eventos de “Guerra Infinita”:

“Eu senti que seria menos arriscado após ter visto as reações em ‘Guerra Infinita’. Você nunca sabe como vai atingir as pessoas emocionalmente. Estamos acompanhando esses eventos há muitos anos. E então ver as pessoas chorando nos cinemas, nós temos que honrar isso ou vai parecer que estamos apenas empurrando as histórias”, disse Markus.

“Era a parte onde as pessoas ficavam mais desconfortáveis. Porque você parece estar afundando e não há esperança. No final do segundo ato na maioria dos filmes de super-heróis, eles perdem por cerca de cinco minutos. Aqui são cinco anos. É muito importante”, completou McFeely.

Scott Lang visita um memorial aos mortos em São Francisco, e durante a entrevista, eles comentaram que esse é um trauma coletivo e que havia o plano de colocar um memorial em cada cidade com milhões de nomes. Sobre a trajetória dos personagens, Markus e McFeely, fizeram relação a HQ clássica da Marvel “What If?” (“O Que Aconteceria Se?”), que mostra alternativas de destinos para personagens:

“Chris e eu escrevemos um documento enquanto estávamos filmando ‘Capitão América: Guerra Civil’, e uma das coisas que estávamos interessados ​​em explorar é, você lembra dos quadrinhos do What If?, bem, este é o nosso ‘E se’. Se os heróis perdessem, Thor ficaria gordo. Natasha ficaria focada no trabalho. Steve ficaria depressivo. Tony seguiria sua vida. Hulk viraria um verdadeiro super-herói, comentou McFeely.

“Clint viraria um maníaco assassino. Quando estávamos pensando em Ultimato, começamos com o Thor em uma missão de vingança. E percebemos que ele estava em uma missão de vingança no filme passado. Isso é tudo o que o cara faz! E ele falha, vamos fazer ele bater em uma parede e ver o que acontece”, disse Markus.

“Ele vira um bêbado e fica gordo”, completou McFeely.

Homem-Formiga e Gavião Arqueiro não participam de “Guerra infinita”, mas a ausência desses personagens tinha um propósito. Em “Homem-Formiga e a Vespa”, o dr. Hank Pym, Hope e a Vespa foram atingidos pelo estalo do Thanos enquanto Scott está no Reino Quântico. Gavião Arqueiro está com sua família e só é mostrado o que houve com eles em “Ultimato”. As duas histórias serviram para dar continuidade aos eventos após o estalo.

Questionados sobre os filmes “Pantera Negra” e “Capitã Marvel”, a dupla disse que não havia tempo para ajustar esses personagens, pois estavam gravando “Guerra Infinita” e “Ultimato” simultaneamente a ele, e durante esse processo, filmaram as participações tanto do Pantera quanto de Carol Danvers, mesmo que seus filmes ainda estivessem em produção. Eles disseram ainda que é bastante interessante ver como o público se animou e gostou desses personagens mesmo vendo tão pouco deles, fazendo de seus filmes um grande sucesso.

Sobre a participação da Capitã Marvel em “Ultimato”, McFeely disse que ela definitivamente estaria no longa, mas que não seria o foco:

“Certamente, Capitã Marvel aparece em ‘Ultimato’ um pouco menos do que você imaginaria. Mas essa não é a história que estamos tentando contar. São os Vingadores originais lidando com a perda e chegando a uma conclusão, e ela é o sangue novo”.

“Vingadores: Ultimato” tem muitas subtramas que são desenvolvidas durante a viagem no tempo. Eles revelaram os motivos que os levaram a escolher essa viagem e explicaram porquê os eventos do passado não alteraram o presente:

“Foi por necessidade. Se você tem seis MacGuffins e toda vez que você volta, algo muda, você tem o cassino de Biff em ‘De Volta para o Futuro 2’ elevado exponencialmente. Então não poderíamos fazer isso. Chamamos físicos – mais de um – que disseram, basicamente, que ‘De Volta para o Futuro’ está errado”, disse McFeely.

“Basicamente é o que o Hulk diz naquela cena, ou seja, se você vai para o passado, então o presente se torna seu passado e o passado se torna seu futuro. Então não há absolutamente nenhuma razão para isso mudar”, completou Markus.

Inicialmente não estava nos planos voltar para o primeiro “Vingadores”, anteriormente a ideia era levar Tony para Asgard, pois há um momento no MCU em que o Éter e o Tesseract estão no cofre de Odin. Quando Thor retorna para os eventos de “O Mundo Sombrio”, ele recupera seu martelo, Mjolnir, tirando-o de uma linha do tempo anterior, criando o questionamento se o Thor daquela linha do tempo seria afetado. Eles afirmam que o tempo é irrefutável, então mesmo que em “Ultimato” o Thor tenha pegado o Mjolnir, o que houve em “Thor: O Mundo Sombrio” continua igual e reforçaram a questão dos “E se”, pois, ao mesmo tempo em que tudo ficou igual, os Elfos Negros poderiam também ter chegado em Asgard e o Éter não estar lá. Os “E se” trazem muitas possibilidades que poderão ser utilizadas mais à frente no MCU.

“Vingadores: Ultimato” trouxe o maior número de personagens em tela de qualquer filme do Universo Cinematográfico da Marvel, o que abriu o precedente de utilizar personagens não só do cinema, mas também das séries do MCU como “Luke Cage” e “Jessica Jones”. Os roteiristas comentaram que havia a possibilidade, mas envolveria muitas questões:

“Teríamos que introduzir esses cinco personagens, ou o que quer que seja. Nós já estamos assumindo que as pessoas viram muitos filmes. Será que vamos realmente assumir que eles compraram uma assinatura da Netflix e assistiram a esses programas o suficiente para que, quando os vissem, “Yay?”, comentou McFeely.

“Eles também estragariam a cronologia. Você teria que assumir que todos eles foram eliminados ou, caso contrário, poderiam ter aparecido antes. Eu acho que o único personagem que veio da TV para o cinema foi o Jarvis, James D’Arcy de ‘Agente Carter’, disse Markus.

Já sobre os personagens que a Disney obteve da aquisição da Fox, como os X-Men, McFeely foi enfático e disse que “legalmente, não era permitido”, e Markus completou:

“Eles ainda têm um filme ‘X-Men: Fênix Negra’, previsto para junho. Você não pode rebootar esses personagens antes de terminarem esses projetos. ‘Desculpe por ferrar você completamente’”.

A morte de Natasha Romanoff, a Viúva Negra, foi certamente um dos momentos mais marcantes do filme. A dupla falou sobre como a morte da heroína traz o encerramento de sua jornada no MCU, e disseram que ela precisava morrer se quisesse restaurar os Vingadores e salvar a população mundial:

“Sua jornada, na nossa opinião, tinha que chegar ao fim caso ela conseguisse reunir os Vingadores novamente. Ela tem um passado abusivo e terrível, cheio de controle mental. Então quando ela chega a Vormir e tem a chance de restaurar sua família, isso é algo pelo qual ela trocaria sua vida. A coisa mais difícil para nós é pensar que as pessoas não teriam tempo o suficiente para ficarem tristes. As apostas ainda estão lá e eles ainda não resolveram o problema. Mas perdemos uma grande personagem – uma grande mulher. Como nós a honramos? Nós temos essa coisa masculina, mas muitos homens estão tristes por uma mulher ter morrido”, afirmou McFeely.

Logo depois, Markus comentou sobre como o fim do filme desagradou alguns fãs por não apresentar um funeral para Natasha. Segundo ele, a ideia de um funeral não fazia tanto sentido para a personagem quanto fazia para Tony, que era conhecido no mundo todo:

“Tony ganha um funeral. Natasha não. Parte disso é porque Tony é uma figura pública muito popular e ele sempre foi a chave, desde o início. Não era necessariamente honesto com a personagem dar a ela um funeral. A maior questão é o que Thor levanta nas docas: ‘Nós temos as Joias do Infinito. Por que não a trazemos de volta?’”

McFeely então encerrou a questão, dizendo que essa era parte do trato e trazê-la de volta desfaria todo o seu sacrifício para salvar o mundo e restaurar a metade do universo morta em “Vingadores: Guerra Infinita”:

“Mas essa é a troca definitiva. Se você traz ela de volta, você perde a Joia.”

Eles falaram ainda sobre um possível desfecho em que Clint Barton se sacrificaria em vez dela:

“Houve, com certeza. Jen Underdahl, nossa produtora de efeitos visuais, leu um esboço ou rascunho onde o Gavião Arqueiro aparece. E ela disse ‘Não tire isso dela’. Na verdade, fico pensando emocionalmente sobre isso.

Markus complementou dizendo que a morte foi justa:

“E era verdade, ele levando o golpe por ela, seria melodramático para ele morrer e não ter sua família de volta. Foi justo e apropriado que ela tenha terminado aquilo”.

Chegou ao fim também a jornada do gênio, bilionário, playboy, filantropo e super-herói Tony Stark, que de forma altruísta, morre para derrotar Thanos. Houve a oportunidade de que Tony se aposentasse, mas ele já havia feito isso. Markus comenta que “ele teve a vida pela qual ele tanto se esforçou. Ele se casa com a Pepper e tem uma filha. Pensando dessa forma, foi uma boa morte. Não soa como uma tragédia. Parece uma vida heroica, uma vida terminada”.

Sobre o destino de Steve Rogers, eles comentaram que desde o primeiro esboço do roteiro ele conseguiria a sua dança com Peggy Carter. McFeely diz que: “como era um assunto separado, começamos a pensar se seria só algo para os fãs e o que era realmente bom para o personagem. Porque eu acho que isso também é bom para os personagens. Mas nós também apenas lhe demos o que vocês queriam. Isso é bom? Eu não sei. Mas eu vou te dizer, é gratificante”. Steve adiou sua vida para cumprir seu dever. Por essa razão eles não pensaram em matar o personagem, pois esse não seria o fechamento certo para ele, porque um herói não é feito só de poderes.

Ao fim de “Vingadores Ultimato” vemos Steve Rogers entregando seu escudo para Sam Wilson, o tornando o novo Capitão América. Em relação ao futuro do personagem, os roteiristas afirmaram que sabem tanto quanto os fãs. Na Fase 4 da Marvel eles devem explorar o lado cósmico, começando por Os Eternos. E é justo dizer que apresentar um novo Capitão América precisa de tempo e precisa ser feito do jeito certo.

Já viu “Vingadores: Ultimato”? Assista aos vídeos sobre o filme no canal do Rapadura.

Saiba Mais:

Wladya Vasconcelos
@WladyaV

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