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Notícias   quinta-feira, 08 de novembro de 2018

Estudo mostra que heróis estão mais envolvidos em cenas de violência nos filmes do que os vilões

A pesquisa foi feita pela Faculdade de Medicina da Universidade de Penn State, da Pensilvânia, e analisou dez filmes de heróis lançados entre 2015 e 2016.

Estudo mostra que heróis estão mais envolvidos em cenas de violência nos filmes do que os vilões>

Apesar dos conceitos tradicionais de que heróis seriam sempre os “bonzinhos” e vilões os “malvados”, um estudo da Faculdade de Medicina da Universidade de Penn State, da Pensilvânia, apresentado durante a Conferência Nacional da Academia Americana de Pediatria, mostrou um resultado diferente. Segundo a pesquisa, os heróis dos filmes são mais violentos do que os próprios vilões das obras, e sugere que esse comportamento pode influenciar as crianças (via CNN).

O estudo analisou dez filmes do gênero lançados entre 2015 e 2016: “As Tartarugas Ninjas: Fora das Sombras“, “Batman Vs Superman: A Origem da Justiça“, “Batman: A Piada Mortal“, “Capitão América: Guerra Civil“, “Deadpool“, “Esquadrão Suicida“, “Homem-Formiga“, “Quarteto Fantástico“, “Vingadores: Era de Ultron” e “X-Men: Apocalipse“, e classificou cada personagem como protagonista ou como antagonista.

Em seguida, cada ato de violência foi identificado e analisado pela quantidade de ocorrências por hora, sendo encontrado um total de 2.191 atos para os protagonistas e 1.724 para os antagonistas. Desta forma, o pesquisador que liderou o projeto, John Muller, apontou que a média de atos violentos cometidos pelos heróis superou a dos vilões:

“Na realidade, nós encontramos que os protagonistas estavam realizando uma quantidade de violência por hora bem maior que os antagonistas. Protagonistas realizaram 22.7 eventos violentos por hora, enquanto os antagonistas, ou caras malvados, realizaram 17.5 eventos por hora.”

Além disso, o estudo concluiu que os heróis estavam envolvidos em mais cenas envolvendo lutas e o uso de armas letais, enquanto os antagonistas são mais comuns em cenas como bullying, intimidação, tortura e assassinato. Da mesma forma, os personagens masculinos protagonizam uma média de 33.6 atos de violência por hora, em contrapartida de uma média de 6.5 atos das personagens femininas.

Muller também destacou a importância do estudo para analisar a influência que a violência pode ter para as crianças que assistirem aos filmes:

“Esses dados são importantes porque várias crianças enxergam esses super-heróis como modelos positivos, e as pessoas querem agir como eles.”

Brad Bushman, professor de comunicação e psicologia da Universidade do Estado Ohio, revelou que essas conclusões podem ser problemáticas para as crianças, uma vez que existem pesquisas que apontam que elas podem imitar seus modelos, sejam reais ou ficcionais, e se tornarem mais propensas a repetir comportamentos vistos, tais como fumar e beber:

“Nós sabemos que crianças são fortemente influenciadas por personagens midiáticos. Elas pensam que eles são legais, e é bem provável que imitem o seu comportamento.”

A professora da Universidade Jovem de Brigham, Sarah Coyne, também demonstrou preocupação com o resultado do estudo:

“É preocupante para mim que os maiores protagonistas dos atos de violências sejam os mocinhos. Nós estamos mais sujeitos a imitar a violência que é praticada por protagonistas que justifiquem o que estão fazendo, então a violência dos super-heróis é um ótimo exemplo disso. Eu penso que a maioria das pessoas tem consciência de que filmes de super-herói são bastante violentos, mas eu acho que elas ficariam surpresas de saber quanto dessa violência é praticada pelo próprio herói, e não pelo violão.”

Embora todos os filmes analisados tenham uma censura mínima de 12 anos e sejam direcionados para um público mais velho, Coyne reconheceu que é comum que crianças menores assistam a essas obras e recomendou que os pais não deixem que elas as vejam. Porém, caso deixem, a educadora sugeriu que exista uma conversa sobre o conteúdo violento presente nos longas:

“Um exemplo de uma ótima conversa seria ‘Tá, então tem toda essa violência acontecendo. O que aconteceria na vida real se alguém atingisse o outro daquela forma?’. Meu principal conselho é somente evitar esses filmes até que as crianças tenham a idade apropriada. Se não for possível, por favor conversem.”

O estudo completo ainda não foi publicado ou disponibilizado para leitura.

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Giovanni Mosena
@giovannimosena

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