Cinema com Rapadura

Colunas   sábado, 20 de outubro de 2018

The Mandalorian: quem são os mandalorianos no universo Star Wars?

Evocando mais perguntas que respostas, a série de Jon Favreau promete resgatar o visual original de Boba Fett e escrever um novo capítulo na história do povo mais belicoso de "Star Wars".

Com a definição do título e divulgação da primeira imagem de “The Mandalorian“, o universo de “Star Wars” se prepara para expandir suas fronteiras. Nessa nova série, veremos um pouco mais de como a galáxia se encontra entre “O Retorno de Jedi” e “O Despertar da Força“, dessa vez sob a perspectiva de um povo que já é um velho conhecido do público: os mandalorianos.

Quem assistiu os filmes já os conhece como sendo a origem dos caçadores de recompensa Jango e Boba Fett. Pai e filho, ambos protagonizaram alguns dos principais momentos da saga: o primeiro sendo a matriz genética do exército de clones da República em “O Ataque dos Clones“, de 2002, e o segundo tendo vendido Han Solo após este ser congelado em carbonita ao gângster Jabba the Hutt em “O Império Contra-Ataca“, de 1980, e “O Retorno de Jedi“, de 1983.

Os mandalorianos, no entanto, são um dos povos mais emblemáticos e centrais de todo este universo, com arcos próprios nas séries de animação “Star Wars: The Clone Wars” e “Star Wars Rebels“. Com cada uma destas situada em uma era diferente da cronologia da saga, agora Jon Favreau promete trazê-los a uma época ainda pouco explorada. Para conhecer melhor este povo orgulhoso e belicoso, o Cinema Com Rapadura separou os pontos principais sobre ele no cânon oficial estabelecido pela Lucasfilm em 2012. Vamos a eles!

Quem são?

Oriundos do planeta Mandalore, a história dos mandalorianos é uma história de guerra. Mesmo com a tecnologia avançada e um sistema planetário grande o suficiente para acomodar toda a raça, a sociedade local evoluiu em perpétuo conflito entre si, com diversos clãs disputando a supremacia a qualquer custo. Por conta da necessidade de se manter em pé de guerra com os vizinhos, mesmo os mandalorianos mais comuns costumavam ter grandes habilidades com blasters e outras formas de combate. Muitos chegaram a se aventurar fora do sistema natal, frequentemente seguindo o caminho dos caçadores de recompensa ou mercenários. Os exemplos mais célebres destes são, novamente, Jango e Boba Fett – que são lembrados como mandalorianos por mais que isso tenha sido refutado na série “The Clone Wars“.

Apesar do isolacionismo em relação ao restante da galáxia, a ocupação mandaloriana nos demais planetas de seu setor levou ao inevitável contato com a República Galáctica – mais especificamente, com os Jedi. Essas relações, no entanto, nunca foram amigáveis, chegando até a culminar em um conflito armado: a guerra Jedi-Mandaloriana. Mesmo sendo grandes guerreiros, os mandalorianos demoraram a conseguir segurar seus adversários; a habilidade com a Força e destreza com os sabres de luz deram uma grande vantagem aos Jedi. Foi nesse momento que surgiram não apenas as famosas armaduras de aço beskar, mas também um artefato lendário de sua cultura, o Darksaber. Criado por Tarre Vizsla, o primeiro Jedi mandaloriano, trata-se de um sabre de luz negro, capaz até mesmo de romper o plasma de sabres de luz normais após alguns golpes. Unidos contra um inimigo comum, foi questão de tempo até os mandalorianos conseguirem retomar seu sistema.

Mas a paz não durou. Com a morte do agora mand’alor Tarre Vizsla, as diversas casas voltaram a brigar entre si, desta vez tendo armamentos muito mais avançados e meios de destruição em massa. O resultado? A devastação completa do ecossistema de Mandalore, com efeitos similares aos de um inverno nuclear. Para sobreviver, os clãs restantes foram obrigados a se abrigar em grandes redomas protetoras e abrigos subterrâneos, ou colonizar outros planetas, como Krownest e Concord Dawn. Como consequências desta guerra civil, o Darksaber se perdeu e as pessoas já não sabiam mais porque lutavam. Ao final, uma nova líder ascendeu ao poder, com a promessa de cessar as hostilidades e unificar o povo em prol da paz: a duquesa Satine Kryze. Os clãs restantes que não se renderam ao novo regime foram exilados para a lua Concordia.

Os Novos Mandalorianos e as Guerras Clônicas

Se comparada aos demais membros da sociedade mandaloriana, a duquesa Satine era certamente um ponto fora da curva: estudou nos principais centros da galáxia, foi treinada em diplomacia e era dona de um pensamento moderado. Seu azar, no entanto, foi o de ter ascendido ao poder pouco tempo antes do início das Guerras Clônicas – que, quis o universo, haviam sido iniciadas com a participação direta de um suposto mandaloriano, Jango Fett. Ainda assim, sua capacidade de negociação foi suficiente para garantir a sistema um status de neutralidade no conflito, apesar de manter amizade com a senadora Padmé Amidala e o mestre Jedi Obi-Wan Kenobi. Por um breve período, a sociedade local floresceu e cresceu em paz.

O que não significa que Mandalore passou ileso pela guerra. Prometendo destituir Satine e restaurar os clãs ao poder, os Separatistas passaram a financiar e fornecer armamentos para o grupo rebelde paramilitar Death Watch em Concordia, com a contrapartida de apoio político e militar. Seus líderes, Pre Vizsla (cuja voz é a do próprio Jon Favreau, criador de “The Mandalorian”) e Bo-Katan Kryze (irmã de Satine), tinham os sobrenomes corretos para unir as diversas casas exiladas e uma arma importante a seu favor: o recém redescoberto Darksaber. O plano era simples: já tendo o apoio do primeiro ministro mandaloriano Almec (o regime político local era algo como um ducado parlamentarista), destituir a duquesa e restaurar os velhos costumes tribais e belicosos.

Nesse momento, revemos um personagem familiar: Darth Maul. Após ser resgatado pelas Irmãs Noturnas (“Nightsisters“, no original; bruxas do lado negro da Força) e ter parte de seu corpo reconstruído no planeta Dathomir, Maul buscava vingança contra duas pessoas: Obi-Wan Kenobi (por conta dos acontecimentos vistos no filme “Star Wars: A Ameaça Fantasma“) e Darth Sidious, que o renegou como aprendiz mesmo após seu retorno. O conflito em Mandalore era, então, a oportunidade perfeita para agir contra ambos com apenas um golpe. Agora ele próprio líder de uma organização criminosa chamada Coletivo Sombrio (“Shadow Collective“, no original em inglês) junto a seu irmão Savage Opress, o antigo lorde Sith se aliou à Death Watch e deflagrou o início de um novo conflito armado.

Os resultados foram a morte de Satine, Opress e milhares de civis mandalorianos, a ascensão do Coletivo Sombrio ao poder, com Maul como líder e novo dono do Darksaber, e a queda do modelo de sociedade pacífica e diplomática que Mandalore viu nos anos anteriores. Antes neutro, agora o sistema havia se tornado um dos principais campos de batalha das Guerras Clônicas, preso em um jogo de poder com atores demais para se prever um resultado concreto. Anunciada recentemente, a sétima temporada da animação “Star Wars: The Clone Wars” promete focar exclusivamente nesse momento da cronologia, mostrando o chamado Cerco a Mandalore pelo Exército da República – operação liderada pela antiga padawan de Anakin Skywalker, Ahsoka Tano – e a queda de Darth Maul (bem como a ascensão de sua nova organização criminosa, Aurora Escarlate, que vimos em “Han Solo: Uma História Star Wars“).

Mandalore na era do Império

Com a ascensão do Império Galáctico como regime dominante, junto com todo seu poderio militar, uma sociedade fragmentada como a mandaloriana não conseguiu oferecer resistência ao enfrentar ocupação. Tendo feito a lição de casa e aprendido com o Cerco a Mandalore no final das Guerras Clônicas, o agora imperador Palpatine selecionou alguns dos principais clãs locais para fazerem parte da própria armada e exército de seu regime. Gar Saxon passou a ser Vice-Rei, portador da autoridade do Império no planeta, diversos guerreiros foram treinados para integrar a divisão especial mandaloriana de Super Commandos e, assim, um povo orgulhoso se curvou. O Império ainda conseguiu manter controle dos planetas Concord Dawn, com apoio da milícia do guerrilheiro Fenn Rau, e Krownest, com apoio do clã Wren.

A essa altura, o modo de vida tradicional mandaloriano – baseado no conflito perpétuo entre os clãs – havia se mostrado um fracasso perante o poderio do Império. Houve, inclusive, quem se propusesse a se juntar à Rebelião. À época ainda um movimento ainda pequeno que tentava aliar diversas células rebeldes, a proposta da Aliança era simples: juntar sob uma mesma bandeira todos que se opunham à tirania imperial. Naturalmente, os mandalorianos se mostraram resistentes à ideia, mas a presença de Sabine Wren entre as lideranças do movimento conseguiu convencer alguns deles, principalmente o clã Wren, do qual ela fazia parte. Isso, junto do apoio e articulação de Fenn Rau (que veio a desertar e se juntar aos rebeldes) e do fato de Sabine ser a nova portadora do Darksaber, conseguiu unir parte do povo em um movimento local contra o Império – principalmente após ela derrotar Gar Saxon em um duelo.

Sabine, no entanto, não tinha intenção de ser a nova mand’alor, reconhecendo em Bo-Katan Kryze, irmã da antiga duquesa Satine, uma liderança capaz de manter Mandalore unida mesmo após uma eventual derrota do Império.

Com a derrota de Gar Saxon, seu irmão Tiber assumiu o controle da força imperial no sistema, contando com o apoio do Grande Almirante Thrawn. Isso não foi suficiente para conter a força conjunta dos diversos clãs locais, e a dominação imperial foi derrotada, com Bo-Katan sendo reconhecida como a nova mand’alor e portadora do Darksaber.

Estes eventos se situam cerca de um ano antes de “Star Wars: Uma Nova Esperança“, e são narrados na série de animação “Star Wars Rebels“.

O que esperar de “The Mandalorian”?

As primeiras imagens da série vêm fazendo fortes referências ao design original planejado para Boba Fett, com branco e cinza sendo as cores predominantes na armadura e o famoso rifle Amban nas costas (que fez sua primeira aparição no especial de natal de “Star Wars“, 1978). Jon Favreau vem compartilhando através das redes sociais alguns dos instrumentos e armamentos que o protagonista da série – ainda sem nome – irá utilizar. Até agora, tudo parece compor um visual que remete aos pistoleiros do Velho Oeste.

Confirmada para o período cronológico situado entre “O Retorno de Jedi” e “O Despertar da Força“, os rumores mais recentes acerca do enredo da série vêm fazendo menção a um acontecimento que já ficou conhecido como “Restauração Mandaloriana”. A grande pergunta é: o que seria restaurado? O modo de vida baseado na guerra perpétua entre os clãs? O regime democrático e pacífico instaurado pela duquesa Satine Kryze antes das Guerras Clônicas? Ou algo totalmente diferente?

Assim como a história da família Skywalker não se concluiu após a trilogia original, faz sentido que a história de Mandalore também tenha novos capítulos. Afinal, mesmo com Bo-Katan assumindo a posição de mand’alor, não é do feitio de regimes autoritários como o Império aceitar rebeliões contra seu domínio, e o universo de “Star Wars” gosta de explorar a dinâmica entre diferentes gerações. Com base nisso, poderíamos ter a participação de grandes nomes da história mandaloriana como Sabine Wren ou mesmo a própria Bo-Katan? Ou o retorno de Boba Fett, renascido das profundezas do estômago do sarlacc em Tatooine para enfim assumir um papel de destaque dentro de sua cultura?

Por hora, há mais perguntas no ar do que respostas. Para acompanhar o desenrolar destes novos capítulos do universo “Star Wars”, fique ligado no Cinema Com Rapadura!

Julio Bardini
@juliob09

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