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Notícias   terça-feira, 08 de maio de 2018

Vingadores: Guerra Infinita | Irmãos Russo tiram algumas das principais dúvidas dos fãs

Diretores e roteiristas esclareceram diversos pontos que vinham confundindo alguns fãs.

Vingadores: Guerra Infinita | Irmãos Russo tiram algumas das principais dúvidas dos fãs>

Aviso: este post contém spoilers sobre “Vingadores: Guerra Infinita”. 

Agora que “Vingadores: Guerra Infinita” já está nos cinemas há mais de uma semana, a maioria dos fãs do Universo Cinematográfico da Marvel já teve a chance de assistir esse que é um dos filmes mais aguardados dos últimos anos. E como não poderia deixar de ser, os mais atentos e observadores já têm algumas dúvidas e perguntas. Felizmente, os diretores Joe e Anthony Russo vêm sendo receptivos a tais questionamentos, respondendo a todos os que não venham a comprometer o enredo dos próximos filmes da Marvel Studios. Eles jogaram luz sobre o processo criativo do filme, e elucidaram muitas dessas questões ao longo de diversas entrevistas nos últimos dias (via ComicBookMovie).

Logo na primeira sequência, o filme surpreende e entrega um dos principais (e mais aguardados) embates: o incrível Hulk (Mark Ruffalo) contra o “Titã Louco” Thanos (Josh Brolin). No entanto, essa é a primeira e única vez que vemos o Gigante Esmeralda em ação em toda a duração do longa, com seu alter ego Bruce Banner tendo de dar cabo das grandes lutas remanescentes sozinho. Muitos especulam que isso se deu pelo medo de o Hulk de enfrentar Thanos novamente, principalmente após ser derrotado. Os irmãos Russo, no entanto, ofereceram uma explicação alternativa para isso:

“Acho que as pessoas vêm interpretando isso como o Hulk estando com medo. […] Só que ele já apanhou bastante antes, e adora uma boa luta. Mas acho que isso reflete mesmo a jornada dele desde ‘Thor: Ragnarok’. Ambos os personagens (Banner e o Hulk) estão constantemente em conflito por controle. E acho que se o Hulk pudesse dizer o porquê disso, seria que Banner só o quer para lutar. E ele já salvou Banner o suficiente.”

No restante do primeiro ato do filme, os diversos heróis lentamente gravitam para junto uns dos outros, cada um em seu contexto particular prévio ao filme. Na Escócia, encontramos Wanda Maximoff – a Feiticeira Escarlate (Elizabeth Olsen) -, e o Visão (Paul Bettany) tentando entender como dar continuidade a seu relacionamento em meio à divisão dos Vingadores. Os fãs com ouvidos mais aguçados perceberam de imediato uma alteração essencial na heroína: a perda de seu sotaque. Nascida e criada na Sokovia – país do Leste Europeu parcialmente dizimado em “Vingadores: Era de Ultron” – ela carregava em sua fala o forte sotaque local, que não apareceu em “Guerra Infinita”. Sobre a perda dessa característica tão profunda relativa à identidade de Wanda, os diretores disseram:

“Nós tentamos tirar o sotaque propositalmente por algumas razões. A primeira é que, no início de ‘Capitão América: Guerra Civil’ (último filme da franquia a reunir os principais heróis deste universo), a vemos sendo treinada pela Viúva Negra (Scarlett Johansson) para se tornar uma espiã; a segunda é que ela está foragida, e seu sotaque é uma de suas características mais distintas. Então se você for tentar se disfarçar ou se esconder sem ser pega, certamente tentará limitar a quantidade de pontos que possam ajudar alguém a te identificar – o que inclui o sotaque. Claramente os cabelos ruivos da Viúva Negra são uma característica do tipo para ela, o que a levou a tingi-los de loiro. Para o Capitão América, vimos Chris Evans (seu intérprete) andar em público com uma barba sem que o reconhecessem. São coisas simples que se pode fazer com a aparência que tiram 90% da sua visibilidade, e para nós foi muito intencional tirar o sotaque de Wanda para mostrar como ela se aclimatou à vida foragida.”

Mais adiante, após os Guardiões da Galáxia serem introduzidos na trama, o grupo é forçado a se dividir: enquanto Rocket (Bradley Cooper) e Groot (Vin Diesel) vão com Thor (Chris Hemsworth) a Nidavellir, o restante ruma a Luganenhum para tentar reaver a Joia da Realidade, de posse do Colecionador (Benicio del Toro). Os planos, entretanto, não dão certo, e não só a joia já está nas mãos de Thanos, como ele também sequestra Gamora (Zoe Saldana), que é sua filha adotiva. Em uma cena extremamente emotiva, Peter Quill (Chris Pratt) é forçado a manter a promessa que fez a ela, de matá-la caso o titã a levasse embora. Em uma versão anterior do roteiro, Quill havia sido incapaz de cumprir a promessa, o que foi alterado graças à intervenção de Chris Pratt e James Gunn (responsável pelos filmes da série “Guardiões da Galáxia“). Quem conta são os roteiristas Christopher Markus e Stephen McFeely:

“Quanto mais pensamos nisso, melhor fica o resultado final (com a cena alterada). O próprio Thanos tem que enfrentar esta escolha posteriormente (matar Gamora), e ele decide ir adiante e tem sucesso. Wanda também tem esta escolha no terceiro ato, só que com Visão. Diversos personagens têm escolhas muitos difíceis a fazer.”

Logo após o sequestro de Gamora, aliás, estaria aquela que se tornou a primeira cena deletada de “Guerra Infinita” da qual temos notícia, segundo os irmãos Russo:

“É nesse momento que eles perdem Gamora em Luganenhum e não sabem como proceder. Eles não sabem nem onde ir. Não têm ideia do que fazer. E serve como uma cena bem absurda na qual vemos os Guardiões sem saber o que fazer, e é muito, muito engraçado. Mas apesar de termos amado a cena, o filme simplesmente não a pedia naquele momento.”

Partindo para as cenas finais do filme, um momento ficou gravado na mente dos espectadores: assim que Thanos obtém a Joia da Mente, a única faltante para que a Manopla do Infinito estivesse completa, ele é ferozmente atacado por Thor e sua nova arma, o machado Rompe-Tormenta. Ao ser atingido no peito, o Titã provoca o Deus do Trovão: “você deveria ter mirado na cabeça“. É quando ele dá seu já icônico estalo de dedos, acabando com a vida de metade da população do universo. Esta fala levou diversos fãs a pensarem em qual seria a razão para Thor não ter de fato tentado atingir a cabeça de Thanos e encerrado de uma vez por todas o embate. Joe Russo apresentou uma nova perspectiva para este momento, comparando a escolha de Thor com a fúria de Peter Quill ao agredir o inimigo na lua Titã:

“Diria que os fãs poderiam estar igualmente chateados com Thor, que optou por acertar seu machado no peito de Thanos, e não em sua cabeça. Porque ele queria que Thanos visse que ele conseguiu sua vingança. Se ele tivesse tentado um golpe fatal, aquele estalo de dedos nunca teria acontecido. Estas são escolhas que personagens com muita dor fazem, e tomara que o público possa aprender a ter empatia com isso, pois eles podem crescer através destas histórias. Histórias podem nos ensinar que deveríamos tentar enxergar todas as outras escolhas da perspectiva do personagem que tomou aquela decisão.”

A escolha de Thor acarretou na morte de metade dos seres do universo, entre eles diversos heróis queridos do público, como o Homem-Aranha (Tom Holland), Pantera Negra (Chadwick Boseman), Doutor Estranho (Benedict Cumberbatch), Peter Quill, Soldado Invernal (Sebastian Stan), etc. Mas muitos deles já têm seu retorno agendado nas sequências de suas aventuras solo no universo da Marvel. Como, então, é possível tornar impactantes estas mortes? Para os diretores, tudo se resume à ligação emocional entre os personagens e o público:

“Amamos estes personagens tanto quanto o público. Pensamos muito em como o público se sente, em como nós nos sentimos e em como tornar cada cena o mais complexa possível – torná-la o mais dolorosa possível. E após 18 filmes estamos realmente comprometidos em tornar este um filme catártico e contar uma história o mais verdadeira possível. Continuamos tentando mudar o jogo ao fim de cada filme, mas estamos caminhando lentamente rumo à desconstrução.”

Para eles, no entanto, é fácil determinar qual das mortes é a mais sentida:

“Certamente a mais dolorosa de se assistir é a sequência de Gamora, pois Thanos é uma criatura horrível e desprezível – ainda que ele acredite sinceramente que a ame. Então tentamos complicar as coisas sob uma perspectiva emocional, já que nossa função como contadores de histórias é contar a melhor que podemos criar e tornar sua experiência o mais emocional possível quando você for assistir o filme. Porque, no fim, o espectador está pagando para isso, e se conseguimos faze-lo chorar, rir, ficar feliz, triste ou em êxtase – ele comprou muito mais com seu dinheiro do que apenas riso ou choro.”

“Vingadores: Guerra Infinita”, que acaba de bater a marca de US$ 1 bilhão de bilheteria, une a maioria dos heróis do Universo Cinematográfico da Marvel em uma grande e épica batalha contra o lendário vilão Thanos. O filme tem mais de 60 personagens, contando com os já conhecidos dos fãs. O filme tem direção dos irmãos Russo, Anthony e Joseph, e roteiro de Christopher Markus e Stephen McFeely (equipe que trabalhou em “Soldado Invernal” e “Guerra Civil”).

“Vingadores: Guerra Infinita” estreou nos cinemas brasileiros no dia 26 de abril.

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Julio Bardini
@juliob09

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