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Notícias   sábado, 05 de maio de 2018

Livro detalha que Quentin Tarantino quase dirigiu O Senhor dos Anéis

Decisão pela escolha do diretor de "Pulp Fiction" tinha sido tomada pelo polêmico produtor Harvey Weinstein.

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Um livro detalhando a trajetória épica de Peter Jackson (“O Hobbit: A Batalha dos Cinco Exércitos”) para levar “O Senhor dos Anéis” para a tela grande, revela que o produtor Harvey Weinstein tentou substituir o diretor neozelandês por Quentin Tarantino (“Os Oito Odiados”) no comando do filme. Isso poderia ter se concretizado se Weinstein tivesse permanecido no projeto.

Pelo menos, essa é a informação que o escritor Ian Nathan detalhou em seu recém-lançado livro, “Anything You Can Imagine: Peter Jackson and the Making of Middle-earth” (“Qualquer Coisa que Você Possa Imaginar: Peter Jackson e os Bastidores da Terra-Média”, em tradução livre). A informação é do site Slash Film.

Nathan revela que, enquanto Jackson estava tentando fazer o seu filme, Weinstein ameaçou tirá-lo do projeto, porque odiava a ideia de dividir a história de “O Senhor dos Anéis” em vários filmes – a princípio, a ideia era que fosse apenas um longa, e não três, como acabou acontecendo. Ele queria que Jackson simplificasse tudo em um único longa. Caso Jackson não conseguisse fazer isso, Weinstein o substituiria por Tarantino ou John Madden (“Armas na Mesa”).

Ken Kamins (“O Hobbit: A Desolação de Smaug”), um produtor companheiro chamado por Weinstein para apoiar no projeto, contou à Nathan como era o agir do agora infame Weinstein em relação à Jackson:

“Com Harvey era ‘Você está fazendo isso ou não está? Você está fora. E eu tenho Quentin pronto para dirigi-lo [o filme]’.”

O próprio Peter Jackson lembrou de ter recebido um memorando da Miramax – a então produtora de Weinstein – datado de 17 de junho de 1998, emitido pelo chefe de desenvolvimento, Jack Lechner, em seu hotel em Nova York. Nathan o descreve como “uma abordagem mais radical e simplificada” do que seria a história para ser contada em um único filme. Nessa versão, a famosa passagem envolvendo a batalha pelo Abismo de Helm – mostrada em “As Duas Torres”, o segundo filme da trilogia – seria cortada, Eowyn (Miranda Otto, de “Annabelle 2: A Criação do Mal”) substituiria Faramir (David Wenham, de “Piratas do Caribe – A Vingança de Salazar”) como irmã de Boromir (Sean Bean, de “Drone”), o Balrog desapareceria e até mesmo o destino de Saruman (Christopher Lee, de “O Hobbit: A Batalha dos Cinco Exércitos”) estaria comprometido.

Em uma de suas declarações concedidas ao livro de Nathan, Jackson manifestou seu desapontamento quanto à maneira como o projeto estava sendo conduzido:

“Tudo estava preparado para decepcionar cada pessoa que havia lido o livro [‘O Senhor dos Anéis’].”

Finalmente, e para a plena felicidade dos fãs da obra do escritor britânico J.R.R. Tolkien, autor de “O Senhor dos Anéis”, Jackson venceu a disputa. Harvey Weinstein e seu irmão Bob venderam os direitos da obra para outra produtora, a New Line Cinema, que foi muito mais receptiva às ideias de Jackson para a adaptação do livro.

No livro de Nathan, Jackson ainda fala mais sobre as dificuldades de trabalhar com os Weinstein durante os primeiros dias de produção de “O Senhor dos Anéis”. Importante destacar que, no ano passado, o diretor alegou que Harvey Weinstein havia bloqueado de forma ativa a entrada das atrizes Ashley Judd (da série “Twin Peaks”) e Mira Sorvino (da série “Lady Dynamite”) no elenco de seu filme. As duas fazem parte da enorme lista de mulheres que acusaram o produtor de má conduta sexual, em uma série de acusações realizadas contra ele no final de 2017.

No cinema, “O Senhor dos Anéis” tornou-se de fato uma trilogia, conforme a obra literária de Tolkien havia sido concebida. “A Sociedade do Anel” (2001), “As Duas Torres” (2002) e “O Retorno do Rei” (2003) foram filmados ao mesmo tempo e lançados com um intervalo de um ano entre eles. Os sucessos de público e de crítica foram avassaladores, tornando “O Senhor dos Anéis” em uma das franquias cinematográficas mais aclamadas de todos os tempos. De quebra, a trilogia dirigida por Peter Jackson conquistou ao todo 17 Oscars, sendo 11 deles vencidos pelo terceiro filme, que se tornou, ao lado de “Ben-Hur” (1959) “Titanic” (1997), o longa mais vitorioso da história da premiação.

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Fernando Gomes
@rapadura

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