James Cameron e Jamie Lee Curtis comentam denúncia de abuso feita por Eliza Dushku
Caso teria ocorrido durante as gravações de “True Lies”.
Diante das alegações feitas pela atriz Eliza Dushku (da série “Buffy: A Caça-Vampiros“) de que teria sido molestada durante as gravações de “True Lies” pelo coordenador de dublês Joel Kramer (“Blade Runner 2049“), quando tinha apenas 12 anos, o diretor do longa, James Cameron (“Avatar“), decidiu se pronunciar. Em entrevista concedida durante uma turnê de imprensa da Television Critics Association, Cameron afirmou que nunca teve conhecimento sobre o ocorrido e elogiou a atriz por sua coragem em finalmente trazer a história à público.:
“Eu acabei de ficar sabendo. Eu ainda não tive como processar essa situação hoje, mas, obviamente Eliza é muito corajosa por se posicionar. Eu acho que todas as mulheres que estão falando e exigindo um ajuste de contas são. Eu acho que isso tem sido endêmico em todos os sistemas humanos, e não apenas em Hollywood. […] É apenas doloroso demais que isso tenha acontecido com ela. Conheço o outro lado, mas não muito bem, já que ele [Kramer] não trabalhou mais comigo desde então. O fato de que isso estava acontecendo debaixo dos nossos narizes e que nós não sabíamos de nada, faz com que, seguindo em frente, seja importante em todas as indústrias, e certamente em Hollywood, criar um ambiente seguro para que as pessoas falem, em que elas se sintam seguras e no qual eventuais predadores e abusadores saibam que esse mecanismo está lá, e que haverá consequências. Acredito que todos nós, em um esforço coletivo, como raça humana, devemos fazer isso. […] Este é um grande momento na história, que, infelizmente, é calcado nas tragédias de todas essas mulheres. Isso não é um acerto de contas com Hollywood, nem um acerto de contas com a América, isso é um acerto de contas com a raça humana.”
A atriz Jamie Lee Curtis (da série “Scream Queens“), que interpretou a mãe de Dushku em “True Lies”, também se pronunciou. Em uma publicação do portal norte-americano The Huffington Post, a atriz revelou que soube do ocorrido há alguns anos, quando Dushku lhe confidenciou a história, e que permanece tão “chocada” quanto na época:
“Ela compartilhou essa história comigo em particular alguns anos atrás. Fiquei chocada e entristecida na época, e permaneço assim ainda hoje. […] A história de Eliza nos despertou para uma nova e horrível realidade que tentávamos negar. O abuso de crianças.”
Jamie Lee Curtis também comentou sobre as complicações envolvendo o trabalho de crianças e adolescentes na indústria do cinema.
“Trabalhar com crianças acaba sendo uma relação complicada, pois elas estão sendo chamadas para trabalhar como se fossem adultos, em um grupo de adultos e cercadas por centenas de adultos que querem que essas elas atuem para eles, mas ainda assim no fundo são apenas crianças. Eu batalhei bastante contra isso no papel de mentora, colega e amiga, e cada relacionamento acaba sendo individual e único. Somos realmente amigos? Somos apenas colegas de trabalho? As crianças não são maduras o suficiente ao ponto de reconhecer essa diferença sutil. […] Existem proteções legais em toda a indústria para esses jovens artistas que são duramente defendidas há tempos. Sempre há professores, advogados e familiares adultos acompanhando as crianças no set, e existem regras rígidas que precisam ser seguidas. No entanto, como com qualquer regra, infelizmente estas também são quebradas frequentemente.”
O coordenador de dublês Joel Kramer negou a acusação.
As acusações contra abusadores em Hollywood foi iniciada em outubro. Entre os casos, destacam-se o do produtor Harvey Weinstein, que foi expulso do sindicato dos produtores após as denúncias; o diretor James Toback (“Nunca Fui Amada”), denunciado por mais de 300 mulheres; o diretor Brett Ratner (“Hércules”), que foi acusado por seis mulheres; o ator Kevin Spacey, que foi demitido do seriado “House of Cards“ após ser denunciado de abusar de membros da produção; e o diretor Bryan Singer (“X-Men: Apocalipse“), acusado de estuprar um jovem de 17 anos em 2003.
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