O Rastro | Saiba mais sobre o filme de terror que foi a sensação da CCXP 2016
Conversamos com Leandra Leal e Rafael Cardoso no maior evento nerd da América Latina.
Em meio a toda a “nerdice” da Comic Con Experience 2016, um painel e um estande macabro chamaram a atenção dos participantes do evento. Ambos traziam em sua temática o filme “O Rastro“, uma produção nacional do gênero terror, que se passa dentro de um hospital que será desativado. O estande, como pessoalmente pudemos constatar, era absolutamente assustador e simulava um passeio pra lá de sinistro, em um hospital tétrico, lotado de assombrações, mortos e médicos sádicos!
No painel do filme, no auditório Cinemark, o público pôde conferir, em primeira mão, o tenso primeiro trailer do longa dirigido pelo estreante J. C. Feyer e estrelado por Leandra Leal (“O Lobo Atrás da Porta”) e Rafael Cardoso (“Senhores da Guerra”).
Na trama, acompanharemos um médico recém-promovido (Rafael Cardoso), que tem a tarefa de coordenar a transferência de pacientes de um hospital que será desativado no Rio de Janeiro. Durante a noite, uma jovem paciente desaparece e conforme ele tenta localizá-la, vai sendo gradualmente arrastado para um mundo de horror e desespero.
Antes da apresentação no painel, o Cinema com Rapadura foi convidado pela Lupa Filmes e a Imagem Filmes para participar da coletiva de imprensa do longa, que contou com a presença do diretor J. C. Feyer, do roteirista e produtor André Pereira (“Mato sem Cachorro”), da produtora Malu Miranda (“Tropa de Elite 1 e 2”) e do elenco, representado por Leandra Leal e Rafael Cardoso.
A seguir, separamos os trechos mais importantes da entrevista:
Projeto: O roteirista André Pereira sempre foi um apaixonado por filmes de gênero e sonhava em fazer um filme de terror. Quando apareceu a oportunidade de se unir à produtora Malu Miranda, sete anos atrás, eles iniciaram o projeto do filme “O Rastro” e desde então, alteraram diversas vezes o roteiro e o escopo do longa. A princípio, o projeto começou como uma história que se passaria em uma casa mal assombrada no interior de Minas Gerais, utilizando as referências góticas do gênero. No entanto, eles perceberam que estavam fazendo um filme com padrão e estética estrangeiros, somente ambientado no Brasil. A partir de então, baseando-se em filmes como os do diretor Guillermo del Toro (“Labirinto do Fauno”) e os longas de terror sul coreanos, que sempre trazem algo da cultura deles para a tela, eles resolveram ambientar o filme em um hospital desativado, que é um cenário muito particular do nosso país.
Diferencial: Segundo André, o longa é um terror psicológico brasileiro em que a história só poderia se passar no nosso país. Ao mesmo tempo, por ser um filme de gênero, ele é muito diferente dos filmes nacionais tradicionais.
Terror tropical: Em qualquer filme de terror produzido no mundo, no momento de alguma aparição sobrenatural, o ambiente esfria. Em “O Rastro”, toda vez que algo extranatural aparece ou acontece, o ambiente fica quente e os personagens passam a suar demasiadamente. O longa, propositadamente, se apropria de elementos clássicos do gênero terror e os subverte para a atmosfera brasileira.
Mudança de trajetória: O ator Rafael Cardoso, sempre adorou filmes de horror e imaginou que talvez, pela baixa produção de filmes da categoria no Brasil, nunca pudesse atuar em um longa do gênero. Quando recebeu o convite da produção, nem pensou duas vezes e aceitou o desafio, mesmo que sua experiência no cinema baseie-se mais em produções de época e na história gaúcha.
Set sinistro: O local utilizado para as filmagens foi o hospital Beneficência Portuguesa, no estado do Rio de Janeiro, que coincidentemente, foi desativado durante as gravações do filme. A produção utilizou os espaços do último andar do prédio para filmar, e como ele já havia sido desativado há mais de quinze anos, eles precisaram fazer uma grande limpeza e várias obras estruturais, já que parte do teto do local havia desabado há alguns anos! Toda a equipe de produção do longa precisou utilizar capacetes de segurança para trabalhar e também tiveram que dividir o espaço com centenas de pombos e morcegos que habitavam o local!!
Ligações pessoais: Como o hospital real era muito antigo, muitas pessoas da produção tinham ligações pessoais com o prédio. A atriz Leandra Leal, por exemplo, nasceu dentro dele. Estes fatores, somados ao abandono absurdo do local, contribuíram muito para um clima de proximidade e sinergia que uniu a equipe. Muitos foram os que disseram sentiram um “frio na espinha” ao adentrar pela primeira vez o set de filmagens.
Trailer impactante: O vídeo foi pensado para causar impacto e não revelar a trama do filme. Sabendo, antecipadamente, que ele seria lançado no auditório com 3.500 pessoas na CCXP, foram acrescentadas doses cavalares de tensão e horror, para deixar o público mais receptivo à experiência. O trailer foi concebido pela conceituada casa de trailers Zealot UK e até a trilha sonora e a engenharia de som do vídeo foram produzidas por eles, que entregaram o material pronto, à apenas um dia da estreia no painel!
Barreiras do cinema nacional: De acordo com a atriz Leandra Leal, que dirigiu seu primeiro filme este ano, a grande barreira para a produção cinematográfica nacional é a falta de salas de cinema. Como existem poucas salas disponíveis, fica muito difícil conseguir espaço dentre as centenas de lançamentos dos blockbusters internacionais. Outro problema grave é a divulgação, que costuma custar mais caro do que a própria produção em si.
Preconceitos: De acordo com a produtora Malu Miranda, o preconceito com esta produção é duplicada, já que existe um grande preconceito com filmes nacionais e mais ainda com filmes de terror brasileiros. Porém, o gênero terror sempre fez sucesso no país e vários exemplares da categoria estão na lista dos mais assistidos de todos os tempos em terras tupiniquins. Ela afirma que a produção está realizando um trabalho muito minucioso e incisivo para quebrar estes preconceitos. O lançamento do trailer e o estande com a experiência de horror, fazem parte desta estratégia radical.
Por que ver o filme?: A equipe se une em uma resposta firme, que traduz todo o empenho utilizado na quebra de paradigmas da produção de gênero nacional: “Nós temos uma produção esmerada, um clima absolutamente soturno e real, criado a partir das cenas filmadas em um hospital que realmente estava sendo desativado e principalmente, temos um thriller psicológico, político e extremamente brasileiro”.
Heróis do coração: Perguntados sobre quais heróis eles gostariam de interpretar no cinema, Leandra Leal afirmou que gostaria de viver a personagem Daenerys Targaryen de Game of Thrones e que até tem até uma fantasia de carnaval da rainha dos dragões. Já Rafael, gostaria de interpretar o Homem-Aranha e declarou ser fã do herói “teioso” desde criança.
Assista ao tenebroso trailer do longa:
O longa ainda está em pós-produção e sua estreia está marcada para o dia 30 de março nos cinemas brasileiros.
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