No Japão, filme de Angelina Jolie é acusado de propagar “mentiras”
"Invencível", que entrou em cartaz em dezembro no Brasil, segue sem estrear no país. Campanhas tacham o longa de "racista" e pedem boicote.
“Invencível“, o último filme dirigido por Angelina Jolie, segue sem encontrar distribuidor no Japão, onde suscitou campanhas que tacham o filme de “racista” e pedem a proibição de sua estreia. O filme, que conta a história de um americano capturado pelo exército japonês durante a Guerra do Pacífico, estreou mundialmente em dezembro do ano passado e já pôde ser visto em mais de 50 países, alcançando uma arrecadação de US$ 100 milhões.
No entanto, “Invencível”, que recebeu boas críticas no mundo todo, continua sem estrear no Japão por causa das campanhas contra o filme, segundo informou o jornal Asahi. A Toho-Towa, distribuidora no Japão da maior parte dos filmes da Universal Pictures (que produz “Invencível“), explicou que não tomou ainda a decisão de estrear o filme. A empresa reconheceu ao Asahi que recebeu ligações de pessoas que solicitam que o longa-metragem não seja distribuído.
“É difícil tomar uma decisão. Além disso, no final são as salas de cinema que podem ter que encarar possíveis protestos“, afirmou o porta-voz da distribuidora.
O filme está baseado em um romance de Laura Hillenbrand sobre a vida do americano Louis Zamperini, ex-atleta olímpico que foi capturado durante a Guerra do Pacífico pelo Exército Imperial japonês. Antes de ser libertado, Zamperini passou dois anos e meio em diferentes campos de prisioneiros japoneses, onde foi sistematicamente torturado pelo sargento Mutsuhiro Watanabe, célebre por sua crueldade com os presos.
No final de 2014 uma campanha no site Change.org começou a colher assinaturas pedindo que se proíba a estreia no Japão e essa petição já conseguiu mais de 10.000 rubricas. Outra página de Facebook que conta com mais de mil seguidores também pede o boicote do filme e acusa Angelina Jolie de propagar as “mentiras” do livro de Hilldebrand, que já foi criticada antes por narrar episódios de canibalismo nos campos de prisioneiros japoneses.
Por sua vez, a Sociedade para a Disseminação de Fatos Históricos, um grupo japonês de extrema direita, considera que o romance no qual se baseia o filme é discriminatório porque mostra os japoneses como “malvados por natureza”. As campanhas inclusive tacharam como traidor o ator Takamasa Ishihara, que interpreta Mutsuhiro Watanabe, por aceitar o papel.
Tanto o ator como Angelina Jolie disseram publicamente que o filme não é uma história anti-japonesa, mas um relato sobre o perdão, uma vez que Zamperini visitou o Japão anos depois e levou a tocha olímpica dos Jogos de Inverno de Nagano de 1998.
EFE
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