Os Anéis de Poder | Designer de produção afirma que “tudo vai ficar mais sombrio” na 2ª temporada [ENTREVISTA]
Segunda temporada estreia em 29 de agosto no Prime Video.
(Ben Rothstein / Prime Video)
A Terra-média é um dos lugares fantasiosos que a grande maioria dos fãs de cultura pop gostaria que fosse real. A visão de quem leu os livros de J.R.R. Tolkien já é de um lugar lindo, com paisagens variadas e deslumbrantes. “O Senhor dos Anéis: Os Anéis de Poder” conta a história de como como a Terra-média veio a se tornar esse continente tão querido, com reinos e horizontes que servem como base para o que é familiar nos filmes e livros.
A ambientação de “O Senhor dos Anéis” é icônica por si só, mas como abordar o que veio antes disso? Reinos élficos como Lindon e Eregion, mais exuberantes que a Valfenda dos livros; o reino de Khazad-dûm, rico e poderoso, mas que virá a ser devastado a ponto de tornar-se ruínas sombrias; e Númenor, grandiosa antecessora dos reinos de Gondor e Arnor. Trata-se de um desafio e tanto.
A convite do Prime Video, o Cinema Com Rapadura sentou para conversar brevemente com Kristian Milsted, que coordenou o design de produção da segunda temporada de “Os Anéis de Poder”. Design de produção consiste em criar toda a ambientação de um filme ou série. Milsted juntou-se à série na segunda temporada, com a produção mudando da Nova Zelândia para o Reino Unido, e tem no currículo séries como “Willow”, do Disney Plus, e a aclamada “Watchmen”, da HBO. Experiência não falta, mas como isso tudo influencia ao conceber um lugar tão querido quanto a Terra-média? Veja abaixo:
Antes de mais nada, preciso dizer que sou um grande fã do seu trabalho em “Willow” e “Watchmen”. São mundos incríveis, mas muito diferentes. Como é trabalhar em algo desse porte, e com qual das duas “Os Anéis de Poder” se parece mais?
Obviamente uma série de fantasia, então é mais próxima de “Willow” nesse sentido. Mas de certa forma, definitivamente há coisas sobre “Watchmen” que eu consigo reconhecer em “O Senhor dos Anéis”. Os humanos imperfeitos sobre os quais “Watchmen” realmente falava, pessoas que vivem em seus próprios mundos. Ter dificuldade em se encontrar nesses mundos estranhos é um tema comum, acho que é possível ver a nossa Galadriel sendo parte de “Watchmen” de alguma forma. Ela é uma personagem e tanto. E então conceber uma série como essa é obviamente muito diferente porque a Terra-média tem seu próprio visual, algo que você tem que tratar com muito, muito cuidado e com grande respeito. Mas o que nós estabelecemos na segunda temporada é algo de que eu estou muito orgulhoso.
Algo marcante sobre “O Senhor dos Anéis” em geral são as grandes paisagens, as construções enormes… Mas, dessa vez, na segunda temporada, há um olhar mais íntimo, principalmente através de ambientes menores e mais corriqueiros. Há um mercado em Khazad-dûm. Podemos ver casas e oficinas em Lindon. Como foi trabalhar com ambientes tão diferentes em um mundo como a Terra-média?
Isso é algo que tento fazer em todos os meus projetos. É muito importante que você tenha uma noção de onde está. Às vezes, séries de fantasia podem se passar majoritariamente em um castelo, e você não sabe realmente onde as pessoas vivem, como elas vivem. Meu ponto de vista, como designer, é que o mundo é composto por essas pessoas, através de suas casas, seus costumes, como elas vivem.
Então, a tarefa que me deram foi, basicamente, de criar mais tensão. A vida dessas pessoas será ameaçada nessa segunda temporada, e tudo vai ficar mais sombrio. Para que isso realmente funcione, é importante ter pessoas reais, sabe? Aquelas por quem nós torcemos. São elas que queremos que tenham sucesso e sobrevivam. Sauron pode vir e ser um cara mau, mas, se não houver perigo para as pessoas reais desse mundo, aí o público realmente não vai se importar com elas. Então, acho que é muito importante que, em Lindon, em Khazad-dûm, que tenhamos uma noção do que as pessoas desses lugares fazem. Como eles vivem. Só aí você pode realmente entender a história toda e o drama envolvido.
Outra coisa que se nota sobre o cenário da segunda temporada são as ambientações de Lindon e Pelargir. Lindon se parece mais com o Porto Cinzento dos filmes de Peter Jackson, e Pelargir se parece mais com Gondor e Osgiliath. Até que ponto vocês conseguiram criar coisas novas em relação a esses cenários e até que ponto vocês se inspiraram nos filmes?
Nós realmente não utilizamos nada que já existia. Mas acho que era muito importante que Lindon, por exemplo, parecesse real. É preciso que existam os elfos, as florestas, as casas, porque, afinal de contas, sua existência está ameaçada, a árvore de Lindon está morrendo. Então isso torna-se um enredo realmente central nesta temporada, que é eles precisarem se salvar da extinção, os elfos. Então, para isso acontecer, fizemos um pouco diferente. Era o mesmo cenário, mais ou menos, mas construímos mais alguns edifícios dentro de Lindon. Há o grande cenário de Lindon, onde a árvore está, um lugar para o rei residir. Novamente, para dar a ele um lugar para estar, para mostrá-lo como ele é. Para isso, tínhamos um grande pano de fundo pintado com as paisagens e os interiores.
Na primeira temporada, os ambiente eram compostos através de computação gráfica, o cenário era cercado de azul. E na segunda temporada, é cercado por um grande fundo pintado. É como uma maneira mais antiga de fazer cinema. E funciona muito bem, na minha opinião, porque você pode obter algo muito natural, até mesmo um pouco mais teatral, e eu gosto disso. E é por isso que eu acho que talvez as ambientações se pareçam um pouco com os criados nos filmes de Peter Jackson, que também foi feito sem muita computação gráfica. É um estilo que eu gosto muito, e espero que os fã também apreciem.
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A segunda temporada de “O Senhor dos Anéis: Os Anéis de Poder” estreia em 29 de agosto no Prime Video.
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