Cinema com Rapadura

Entrevistas   sexta-feira, 01 de novembro de 2019

[ENTREVISTA] Maria do Caritó | “Eu queria fazer um filme com o qual as pessoas pudessem se identificar”, diz Lilia Cabral

Conversamos com Lilia Cabral e outros membros do elenco e da equipe técnica sobre alguns detalhes da produção do longa.

[ENTREVISTA] Maria do Caritó | “Eu queria fazer um filme com o qual as pessoas pudessem se identificar”, diz Lilia Cabral>

Em cartaz durante cinco anos no formato de uma peça homônima, “Maria do Caritó” recebeu uma adaptação cinematográfica que enfim chega às telonas. Também protagonizado pela excelentíssima Lilia Cabral, grande estrela da televisão brasileira, o filme resgata o charme e a essência da produção teatral escrita pelo autor pernambucano Newton Moreno (que aqui retorna como um dos roteiristas ao lado de José Carvalho), trazendo as divertidas tentativas da “santa” Maria de encontrar seu grande amor. Dirigida por João Paulo Jabur, diretor da popular novela “Salve Jorge“, a obra apresenta, ainda, uma simpática homenagem à literatura de cordel e ao mundo circense que tanto influenciou a cultura do Brasil.

Cinema com Rapadura teve a oportunidade de assistir a uma exibição especial do longa e de participar, logo em seguida, da coletiva de imprensa realizada em São Paulo, onde conheceu com mais detalhes diferentes aspectos sobre os processos e objetivos da divertida produção brasileira. Com a presença do elenco principal, dos produtores Elisa Tolomelli e José Alvarenga Jr., do diretor e da dupla de roteiristas responsáveis pela releitura, o encontro rendeu uma proveitosa conversa cujos detalhes centrais você pode ler logo abaixo.

Lilia Cabral (Maria do Caritó): Muitos me questionavam se “Maria do Caritó”, assim como ocorrera com “Divã”, iria virar um filme também. No início eu estava relutante, pois nunca se sabe qual é o momento certo, porém agora acredito que o momento certo é quando dizemos “sim”. Desde esse momento, parece que tudo conspirou a nosso favor, e rapidamente a Elisa, o Alvarenga, ou seja, todos aqueles que acreditaram e tornaram isso possível, se juntaram ao projeto. A partir de então, tudo funcionou, e hoje é uma satisfação enorme perceber que conseguimos fazer o filme. É curioso: depois que interpretei a Caritó no teatro, passei a procurar uma personagem que tivesse grande dramaticidade, o suficiente para convencer o público, mas então percebi que interpretar uma palhaça era um desafio muito maior. Acho que nessa decisão eu trouxe muito da realidade que vivi quando criança, assistindo aos palhaços que eu admiro até hoje, e da minha vida particular como atriz, sempre procurando me desafiar e romper barreiras. Mas o que eu mais queria era fazer um filme que as pessoas pudessem assistir e reconhecer nele a cultura, os traços brasileiros, e, principalmente, com o qual elas pudessem se identificar. Desde do momento em que eu disse “sim” isso foi possível e nunca paramos de crescer.

João Paulo Jabur (diretor): Após ler a peça, eu percebi que o texto trazia muita poesia, muito lirismo, e imediatamente comecei a pensar em como traduzir todo esse aspecto artístico para o filme. Desde então, eu percebi que deveria trazer esses aspectos da maneira mais natural possível, e logo convidei o Sérgio Silveira, nosso diretor de arte, pois sabia que ele, como artesão, faria tudo à mão. Junto dele, encontramos na simpática cidade de Piacatuba, em Minas Gerais, um universo azul, bastante colorido, capaz de transmitir toda essa linguagem poética. Além disso, esse transporte também foi feito através da trilha de Sacha Amback, onde ele conseguiu inserir traços da cultura brasileira em músicas que lembram o cinema italiano, colocando a sanfona em composições próximas ao cinema de Fellini. Tudo isso, somado ao figurino e outros aspectos, conseguiu trazer essa poesia e essa imensa brasilidade.

Newton Moreno (roteirista): Eu acredito que a linguagem do cinema, a imagem, oferece possibilidades que não existem na linguagem teatral. Durante o processo de adaptação, que não teria sido possível sem o ótimo apoio dado pela Lilia e pelo João, sentia, por exemplo, falta de monólogos, estes que, porém, foram facilmente substituídos pelo “close”. Por conta disso, eu vejo que a imagem trouxe uma delicadeza não tão presente no original e que foi extremamente bem-vinda para a história que queríamos contar, esse ensaio sobre a velhice, sobre a solidão, enriquecido através dos olhares. 

O filme “Maria do Caritó” estreou em todo país na quinta-feira, 31 de outubro.

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Davi Galantier Krasilchik
@davikrasilchik

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