Cinema com Rapadura

OPINIÃO   sábado, 26 de setembro de 2009

Pequenos Invasores

Dos criadores de “Alvin e os Esquilos”, chega aos cinemas mais um filme de alienígenas, com uma história descartável cujos efeitos especiais recebem mais importância do que a trama.

Uma família sai de férias e aluga uma residência ao lado de um lago, onde pretendem passar a temporada pescando. Durante uma noite de tempestade, uma nave alienígena com cinco ocupantes cai no telhado da casa. São eles: Skip (Ashley Peldon), Razor (Kari Wahlgren), Sparks (Josh Peck) e Spike. Os alienígenas se anunciam como zirkonianos e passam a controlar a mente de Ricky. O objetivo deles é usá-lo para dominar o planeta e isso faz com que as cinco crianças precisem se unir para evitar que isto aconteça. É impossível não lembrar de umas três ou quatros histórias semelhantes.

A direção da aventura ficou a cargo do desconhecido John Schultz que, embora tenha se esforçado, deixou muito a desejar. Em seu primeiro trabalho de destaque, ele mostrou como a falta de experiência pode atrapalhar o desenvolvimento de uma obra, seja devido às cenas bizarras que não atingem o seu objetivo ou por erros ocasionados por exageros totalmente desnecessários como algumas cenas de luta entre os alienígenas e os humanos. Falhas que poderiam facilmente ser evitadas.

O nome mais conhecido do longa é o da atriz Ashley Tisdale, da franquia "High School Musical", mas vale ressaltar para os fãs que vão assistir ao filme apenas pela atriz que a mesma aparece muito pouco em cena. E nem faz falta, já que o grande destaque do filme não são os atores que, em sua maioria, são bem descartáveis, e sim os os pequenos extra-terrestres que impressionam por tamanha qualidade gráfica e também pelo carisma que deve conquistar facilmente o público infantil.

Seguindo uma tendência cada vez mais recorrente nas recentes obras, observa-se um grande destaque aos efeitos especiais e em contrapartida uma despreocupação com o roteiro, o que é bastante lamentável visto que os aparatos tecnológicos por si só geralmente não superam o roteiro no quesito de importância, no máximo, e dependendo da obra, eles podem aproximar-se da igualdade. Vale lembrar o filme “Força G” que, assim como "Pequenos Invasores", também optou por seguir a tal tendência que está fazendo com que as obras fiquem muito semelhantes, ao ponto de daqui a algum tempo serem confundidas.

O grande problema do filme é o roteiro de Mark Burton e Adam F. Goldberg. Ele chama a atenção por sua irrelevância perante a sua própria condição. Nem ele mesmo acredita em si próprio. Diálogos que, em muitos momentos beiram ao ridículo, ditam o seu desenvolvimento que só tende a declinar. E se o roteiro e as atuações deixam a desejar, quem inibe parte dessas falhas são os pequenos alienígenas. Eles mostram como é possível aliar tecnologia e boas ideias. Uma pena que a inconsistência do roteiro ofusque isso.

Um ponto que é bastante relevante e merece ser destacado é que o humor na obra tenta atender não só ao público infantil, mas também aos adolescentes e adultos. Essa intenção é observada por meio de atos, piadinhas e citações que requerem um pouco mais de maturidade para entendê-las. Isso contribui para que o humor não fique limitado apenas aos filhos e, assim, ganha crédito junto aos irmãos mais velhos e familiares que também saem com a sensação de que o “cineminha” agradou a toda família. E falando em família, mais uma vez a vovó rouba a cena, tendo uma das cenas mais hilárias do filme.

“Pequenos Invasores” agrada o suficiente para ser chamado de médio. Uma verdadeira desculpa dos realizadores para explorarem os recursos tecnológicos que até impressionam, mas não são suficientes para suprir a má impressão deixada pelo roteiro.

Marcus Vinicius
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