Cinema com Rapadura

OPINIÃO   sábado, 30 de maio de 2009

Killshot – Tiro Certo

Um casal presencia um criminoso esquema de extorsão e agora será perseguido do início ao fim em “Killshot - Tiro Certo”, um filme de ação cheio de assassinatos a sangue frio que, muitas vezes, até chocam, mas que não tem grande contribuição nessa obra. Mesmo sendo produzido por Quentin Tarantino, o longa consegue ser uma grande decepção.

Depois de presenciar o crime, o casal protagonista vai ser perseguido pelo experiente assassino Blackbird (Mickey Rourke) e seu aprendiz tagarela (Joseph Gordon-Levitt), que se tornou seu companheiro por lembrar muito seu irmão morto no início do longa. Embora o casal tome parte do programa federal de proteção às testemunhas, logo percebe que a polícia tem predadores ainda mais ferozes do que aqueles que querem suas cabeças. Assim, a dupla começa a tomar decisões por conta própria como forma de proteção.

Com a direção de John Madden, cineasta inglês que já foi indicado ao Oscar por seu desempenho no brilhante "Shakespeare Apaixonado", o longa aqui abordado erra em muitos quesitos, principalmente pelo seu clima parado que causa um desconforto ainda maior em quem esperava um puro filme de ação. É um assalto ali, outro meia hora depois, uma morte inesperada, um conflito entre casal, tudo divido ao longo dos 84 minutos, mas que embora estejam bem espalhados pela obra, são engolidos pelo desconfortante clima parado que tanto marca essa obra.

No elenco estão nomes como a atriz Diane Lane e Thomas Jane, ambos fazendo um bom trabalho na pele do casal tão perseguido nesse filme. Temos ainda Mickey Rourke, sem dúvida o maior atrativo do filme por sua bela performance na pele do matador profissional Blackbird, sempre indeciso por conta de erros no passado, mas eficaz em suas ações. Completam a lista Brandon McGibbon e Peter Kelly Gaudreault, conhecido por seus trabalhos para TV.

A falta de linearidade que em muitas obras é motivo de elogios, aqui mais parece uma grande falha. Mudanças de foco são feitas de forma que confunde sobre a principal intenção do filme. Ora a abordagem é feita sobre os protagonistas e a perseguição, ora é dada uma ênfase na complexa mente do matador, e em outro momento é focalizada a sua relação com seu “novo” irmão. Assim, fica difícil entender qual é o principal argumento do longa, uma vez que cada foco merecia mais explicações que se fossem feitas causariam uma confusão ainda maior, o filme se transformaria em uma verdadeira novela.

O longa é baseado na obra de Elmore Leonard. A adaptação feita pelo roteirista Hossein Amini fez com que a obra perdesse seu frescor e tornasse apenas mais um filminho bobo de ação, se bem que nem isso se pode dizer de forma convincente, já que o filme mais parece ser um suspense do que ação propriamente dita. E ao público, o longa causa um constante desconforto que dura por toda a exibição.

A polícia aparece de forma tímida e irrelevante, como se nada pudesse fazer para solucionar aquele esquema. Dessa forma, o casal trava uma luta própria contra essa perseguição, o que acaba influenciando até na relação íntima dos dois. O filme também mostra cenas sugestivas em que dá a entender algo que não se tem certeza que realmente ocorreu. Outro ponto que é bastante marcante na obra é a crueldade. Ninguém está livre dela, qualquer um pode de uma hora para outra levar um tiro certo que pode ser fatal.

A fotografia de Caleb Deschanel agrada na obra. Tons escuros ditam o seu ritmo. Além disso, é importante dizer que ela é o que a obra tem de mais coerente. Uma das melhores cenas acontece em meio a um cenário de muita escuridão. Na cena, uma luta decisiva é envolvida por uma escuridão que atrapalha até o público que precisa prestar bastante atenção para poder entender o que se passa na cena. Embora isso seja ruim para a visualização de cena, acaba proporcionando um resultado interessante ao filme.

“Killshot – Tiro Certo” é mais um tiro errado lançado no mercado cinematográfico. Uma obra em que até o reconhecido diretor John Madden cometeu muitos erros. No mais, pode-se dizer que o filme que tenta ser suspense policial, ação e drama, mas acaba sem ser nenhum desses. Quem tenta ser tudo, acaba não sendo nada.

Marcus Vinicius
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