Cinema com Rapadura

OPINIÃO   sexta-feira, 27 de março de 2009

Ele Não Está Tão a Fim de Você

Baseado no best-seller escrito pelo consultor e pela roteirista de alguns episódios do seriado "Sex and the City", Greg Behnrendt e Liz Tuccillo, o longa "Ele Não Está Tão a Fim de Você" chama a atenção por conta da participação de grandes estrelas do cinema. Mas engana-se quem pensa que o filme é apenas mais uma boba comédia romântica.

A obra não só aborda o universo dos relacionamentos, mas principalmente o universo dos não-relacionamentos, os motivos pelos quais eles não se concretizaram. Além disso, o longa dá importantes dicas sobre esse universo e, com isso, o filme consegue uma rápida identificação com o seu público feminino que já viveu isso em algum momento de sua vida.

A história é liderada por Gigi, uma moça muito romântica que espera por alguém que irá mudar sua vida a qualquer momento. Ela vai atrás de tomar satisfações com um cara que havia lhe prometido ligar e não o fez e conhece Connor, um amigo do rapaz que vai tentar ajudá-la com dicas e alguns mistérios da mente masculina. Assim como Gigi, outras mulheres têm suas vidas sentimentais abaladas, seja por casamentos em crise, seja por relacionamentos que não se concretizam, seja por traições.

Em diversos momentos do filme, surgem depoimentos de pessoas e seus problemas sentimentais, o que demonstra mais ainda a intenção da obra em causar identificação com seu público, dessa vez, não só feminino, mas com o masculino também, uma vez que mostra um depoimento masculino no qual um rapaz também busca explicações para a atitude de uma moça por quem ele se interessou.

O tempo todo o filme trabalha de forma bem humorada e direta o que fazer se ele não te ligar. Por que isso aconteceu? O que ele deve pensar de você? O que você deve fazer sabendo disso? E muitas outras perguntas que perturbam a mente das pessoas que desejam embarcar em um relacionamento. Dessa forma, o longa desvenda de forma bem interessante o universo dos relacionamentos.

Na boa direção do filme encontramos Ken Kwapis, de "Licença para Casar", que consegue um bom resultado principalmente por equilibrar a presença de grandes estrelas com o talento de alguns ainda não conhecidos. Além disso, merece destaque também o fato do filme não cair no óbvio, conseguindo prender o público até o fim, nada mais justo para uma temática tão envolvente.

Nesse filme com tantos acertos, a trilha sonora também faz bonito. Ela vai desde "I Got A Woman", escrita por Ray Charles e interpretada por Elvis Presley, a “Somewhere Only We Know", interpretada por Keane, o que é uma boa surpresa, mesmo que essas músicas já tenham sido bastante executadas, inclusive tendo sido utilizadas em outros filmes.

Como já foi dito, o elenco é uma atração a parte. Mesmo com grandes nomes do cinema como Jennifer Aniston, Jennifer Connelly, Ben Affleck, Drew Barrymore, esta última uma das responsáveis pela realização do filme, quem chama a atenção é a ainda não tão conhecida Ginnifer Goodwin na pele da romântica e ansiosa Gigi. A atriz consegue dá o tom certo não só a sua personagem, mas também ao filme por completo.

Um dos poucos pontos baixos da película é o seu longo tempo de duração, São 129 minutos que podem causar desconforto durante a exibição. Em alguns momentos parece que o final está próximo, mas na verdade ele só viria muitos minutos depois. Isso é explicado por o filme ser uma adaptação e por necessitar mais de tempo, mas bem que poderia ser resumido. Uma outra falha é o pouco destaque dado à personagem de Drew Barrymore. É estranho ver uma atriz tão conhecida das comédias românticas em uma participação tão superficial e forçada.

"Ele Não Está Tão a Fim de Você" merece ganhar mais algumas estrelas por toda a sua competência como comédia romântica e, mais ainda, por conseguir fugir do convencional mesmo com uma temática tão comum ao gênero. Um bom filme que vale a muito a pena ser conferido mesmo que ele esteja muito a fim de você.

Marcus Vinicius
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