Cinema com Rapadura

OPINIÃO   sábado, 11 de outubro de 2008

Mosconautas no Mundo da Lua, Os

“Os Mosconautas no Mundo da Lua” chega aos cinemas do Brasil próximo ao Dia das Crianças. Boas idéias com fraco desenvolvimento não garantem o riso e a diversão que se espera de um filme como esse.

No ano de 1969, Nat é uma jovem mosca que vive em uma pacata vila próxima à base de lançamentos da NASA em Houston. Ele cresceu ouvindo as histórias de aventuras vividas por seu avô e os conselhos da mãe sobre sonhadores sempre se darem mal. Provocado por duas moscas mais velhas que parecem sempre levar vantagem com as garotas devido ao espírito aventureiro, Nat convence seus amigos I.Q. e Scooter a embarcarem a bordo do foguete que levará o primeiro homem à Lua.

Esperando uma viagem de apenas minutos, os três irão se surpreender com a importância do vôo que estão prestes a fazer e serão testemunhas de um acontecimento que se tornou parte da história americana e mundial, mas não sem antes ter que enfrentar alguns obstáculos para retornar sãos e salvos para casa. “Os Mosconautas no Mundo da Lua” é o primeiro filme animado criado para a tecnologia 3D. Infelizmente, mais uma vez, como vem sendo praxe nos cinemas nacionais, poucos terão a possibilidade de usufruir desse diferencial da produção da Wave Pictures.

O título original, “Fly Me to the Moon”, é uma brincadeira com a palavra “fly” que tanto significa “voar” como “mosca”. A adaptação para o português passa longe do original como é costume em fitas do gênero, mas a meu ver a criação do termo “mosconautas” funcionou bem. O argumento é interessante. Não me recordo, desde “Fivel, Um Conto Americano”, de outra animação que trouxesse animais e humanos dividindo juntos momentos importantes da história. O roteiro, no entanto, não funciona mesmo apelando para o básico da animação.

O protagonista Nat é acompanhado de dois fiéis escudeiros, cada um com suas personalidades bem distintas. I.Q. é o nerd do grupo e Scooter um glutão atrapalhado. Há, é claro, um grupo de vilões russos que parecem soltos na trama e sem razão de existir, e os coadjuvantes, incluindo aqueles que com suas piadas seriam motivos de riso certo junto à criançada. As larvas, irmãs de Nat, cumpririam aqui esse papel, mas falham em sua missão.

No elenco americano temos nomes ilustres como Tim Curry interpretando o vilão Igor, Christopher Lloyd no papel do Vovô McFly, Kelly Ripa como a mãe de Nat, Nicollette Sheridan dublando Nadia e Buzz Aldrin da missão original do Apollo 11 empresta sua voz a ele mesmo. Aldrin ainda aparece em live-action para garantir a quem tenha ficado alguma dúvida que o vôo que chegou à Lua em 1969 não possuiu nenhum fator contaminador. Proteção à imagem da NASA. Mas era mesmo necessário?

No time de dubladores brasileiros, nenhum ator famoso desta vez. A animação não é muita coisa para aqueles que cresceram assistindo aos clássicos Disney e às inovações da Pixar e Dreamworks. Não posso deixar de dar créditos, porém, às cenas do pouso na superfície lunar e dos primeiros passos do homem ali. A tecnologia 3D deve proporcionar uma viagem especial para aqueles que tiverem a oportunidade.

O que “Os Mosconautas no Mundo da Lua” tem de melhor mesmo são as canções. Além da óbvia “Fly Me to the Moon”, de Frank Sinatra, outras músicas dos anos 60 permeiam as cenas que se passam em terra firme. Fora isso, o filme não passa de um exemplar simpático que exagera no didatismo (Nat abusa das piadas sobre o modo de vida das moscas) e no patriotismo (além da corrida espacial, é ressaltado o feito de Amelia Earheart – primeira mulher a cruzar o Oceano Atlântico em vôo solo). Para o Dia das Crianças, sugiro ficar em casa e fazer uma sessão pipoca com os filmes favoritos do seu filho. Evita o stress das filas do cinema e a decepção após a sessão.

Igor Vieira
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