“10.000 A.C.” mostra uma tribo de homens primatas que está próxima à extinção pela falta de alimentos, mas não desiste de lutar pela vida graças a uma profecia. Apesar dos bons efeitos especiais e do elenco relativamente competente, o filme não agrada e nem passa mensagem alguma, deixando uma sensação de total desperdício de tempo e dinheiro.
Harold Kloser, um dos roteiristas e produtores executivos do filme, disse que esta foi provavelmente a produção que mais exigiu do diretor Roland Emmerich (“Godzilla” e “Independence Day”). Bem, sinto muito, Roland, mas seu esforço foi em vão.
Em “10.000 A.C.” acompanhamos os Yagahl, uma tribo pacífica que mora numa região remota e sobrevive da caça de mamutes. A tribo possui uma líder espiritual, a Velha Mãe, e um caçador, que muda de tempos em tempos, responsável pela Lança Branca. Ele é encarregado de proteger e alimentar seus companheiros.
Os Yagahl estão preocupados devido à grande diminuição no número de mamutes que têm aparecido em suas terras. Até que um dia eles encontram uma menina de olhos azuis, Evolet, que teve sua tribo destruída e sua família seqüestrada por “demônios de quatro pernas”. A a Velha Mãe lhes revela uma profecia: no dia da última caçada da tribo, um homem se destacará dos outros caçadores, será o dono do coração de Evolet e, juntos, eles ajudarão os Yagahl a sobreviverem ao ataque dos tais ‘demônios’ e conduzi-los a uma nova vida.
Tudo parece muito bonito e interessante, mas com um porém: não é! O filme tenta impressionar, mas acaba criando uma situação que beira ao ridículo e subestima nossa inteligência. Passado no ano 10.000 antes de Cristo, vemos seres humanos de todos os tipos, tamanhos e cores, uma variedade de tribos difícil de acreditar que já existia naquela época. Os figurinos também entregam que as personagens são bem mais recentes do que dizem ser. A enorme variedade de tecidos, cores e acessórios não condizem com o período em que a história se passa.
O roteiro é vergonhoso e o conteúdo inexistente. O protagonista sai em busca de sua amada e acaba virando um herói sem querer. O resto do povo decide segui-lo para ajudá-lo a vencer os “demônios de quatro pernas”, vulgo homens maus montados em cavalos pretos. Eles invadiam suas tribos, destruíam casas e seqüestravam pessoas para trabalharem como escravas para um homem que ninguém nunca via o rosto e dizia ser um Deus.
Esse Deus temia a chegada da única pessoa que poderia destruí-lo: um lendário caçador profetizado por lendas que, dizia-se, chegaria assim que aparecesse o portador da marca das estrelas. Ao ver a tal marca na mão de Evolet, o Deus mobiliza seus homens para se prepararem para uma batalha. Mal sabiam eles que o caçador já estava infiltrado e camuflado entre os escravos, se preparando para atacar os vilões, libertar os escravos e resgatar a mocinha. Ou seja, um verdadeiro ensopado de clichês.
Os efeitos especiais são bem feitos e proporcionam alguns dos poucos momentos que valem a pena. “10.000 A.C.”, por ser um filme dirigido por Emmerich, que possui em seu currículo filmes como “Independence Day” e “O Dia Depois de Amanhã, cria grandes expectativas que não conseguiram ser alcançadas, muito menos excedidas.
O elenco chega a dar pena. Eles tentam, até que não são ruins, mas não conseguem convencer. As três personagens principais conseguem se sair relativamente bem. O protagonista D’Leh, vivido por Steven Strait (“O Pacto”), se mostra competente mesmo escondido atrás de todo aquele cabelo, sujeira e maquiagem. A menina de olhos (ou melhor, nítidas lentes de contato) azuis, Evolet, é interpretada pela jovem de 21 anos Camilla Belle (“Quando um Estranho Chama”), que é considerada um dos novos nomes em ascensão no mundo hollywoodiano.
O único nome mais conhecido do elenco é Cliff Curtis (“Duro de Matar 4.0”), que interpreta Tic’Tic, responsável pela Lança Branca e grande amigo do pai de D’Leh, o que faz com que ele se torne um mentor e uma figura paterna para o protagonista. Tic’Tic, apesar de ser um homem muito sério, é com certeza a figura mais carismática do filme e Cliff Curtis é o que tem melhor desempenho.
Apesar de a idéia original não ser ruim, “10.000 A.C.” apresenta uma história rasa e personagens inexpressivas. As poucas boas atuações e bons efeitos especiais não são o suficiente para salvar a produção. O filme é lento, mal trabalhado e não entretém.