Cinema com Rapadura

OPINIÃO   domingo, 17 de fevereiro de 2008

Elizabeth: A Era de Ouro

Segundo episódio de uma possível trilogia, "Elizabeth – A Era de Ouro" supera expectativas e consegue manter um ritmo agradável e interessante durante toda a exibição, principalmente graças as excelentes atuações.

O diretor Shekhar Kapur ("Honra e Coragem – As Quatro Plumas" e "Elizabeth") disse que, durante a execução do primeiro filme, foi discutido contar a história da Rainha Elizabeth I, que reinou por quase 45 anos, em uma trilogia. Nove anos após o primeiro longa, vemos a mesma rainha uma década mais tarde e muito mais forte.

Em 1585, o rei da Espanha Felipe II (Jordi Molla), católico fervoroso, está varrendo a Europa com o catolicismo, restando apenas um resistente: a Inglaterra, com sua rainha protestante. Decidido a atacar o país, matar a rainha e colocar sua filha como nova dona do trono, Felipe II prepara uma enorme frota de navios para realizar o ataque. Enquanto isso, Elizabeth I (Cate Blanchett), apesar de mais amadurecida e mais forte, se encontra fragilizada devido a sua repentina atração por Sir Walter Raleigh (Clive Owen), um belo aventureiro que acaba de voltar à Inglaterra após explorar o Novo Mundo. Ao lado de sua dama de companhia preferida, Elizabeth “Bess” Throckmorton (Abbie Cornish), e seu conselheiro, Sir Francis Walsingham (Geoffrey Rush), a rainha terá que lidar com sua paixão proibida, uma guerra iminente e sua imagem perante seu povo.

De volta ao papel de Elizabeth I, Cate Blanchett prova mais uma vez porque merece estar no topo da lista de melhores atrizes de Hollywood atualmente. Tanto que chamou a atenção dos membros da academia mais uma vez e, este ano, concorre ao Oscar como melhor atriz por este filme e melhor atriz coadjuvante por sua atuação em "Não Estou Lá", que estréia no Brasil em março. Juntamente com Blanchett, temos de volta Geoffrey Rush como o leal conselheiro da rainha. Apesar de não ter recebido nenhuma indicação por sua atuação como Sir Francis Walsingham, o vencedor do Oscar de melhor ator por "Shine" mostra sua competência e talento nas poucas cenas em que aparece.

Entre as novas personagens encontra-se Clive Owen, que está simplesmente de tirar o fôlego. Convincente, charmoso e carismático, é impossível não se encantar por Sir Walter Raleigh. Prova viva disso é Bess, dama de companhia da rainha, que também acaba se apaixonando por Sir Raleigh. A equipe de produção estava a procura de alguém pouco conhecida, mas que conseguisse não ser ofuscada durante suas cenas com Blanchett, e a escolhida foi Abbie Cornish. E deu certo. A atriz consegue chamar a atenção por conta própria graças ao seu talento, mesmo contracenando com atores muito mais experientes e reconhecidos.

Digno de destaque também tem o espanhol Jordi Molla, que interpreta maravilhosamente bem o rei da Espanha, Felipe II. O ator comentou que tentou explorar o fato de que Felipe II era o homem mais poderoso do mundo na época, mas também alguém que carregava um grande complexo. Molla conseguiu alcançar isso de forma extraordinária, fazendo com que todas as suas aparições tenham grande impacto.

Outra personagem importante é a vivida por Samantha Morton, Mary, rainha da Escócia e prima de Elizabeth I. Representando uma das ameaças à rainha Elizabeth com suas tentativas de assassiná-la para roubar seu trono, Mary é uma peça chave na história e a atriz consegue passar toda a determinação e loucura da personagem para o público.

A figurinista Alexandra Byrne ("O Fantasma da Ópera" e "Elizabeth"), que está concorrendo ao Oscar e tem boas chances de levá-lo para casa este ano, surpreende exibindo vestidos maravilhosos usados pela protagonista. Além dos vestidos, a seqüência na qual Elizabeth aparece diante de suas tropas, antes da guerra contra a Espanha, com cabelos soltos e vestindo uma armadura resplandecente tem grande efeito, principalmente graças ao visual da rainha, que mais parece uma guerreira disposta a lutar ao lado de seu povo.

A trilha sonora do filme, que ficou a cargo de Craig Armstrong ("Simplesmente Amor") e AR Rahman ("O Plano Perfeito"), é belíssima e ajuda a dar efeito a diversas seqüências. Além disso, é possível ver o empenho, o cuidado e a dedicação que a produção teve pelo projeto em cada cenário, figurino, penteado e locação que são apresentadas.

A ausência de críticas negativas dispensa mais comentários. Todos estes fatores tornam "Elizabeth – A Era de Ouro" um filme obrigatório de ser visto pelos amantes de cinema e de história.

Cristiane Fernandes
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