Sem conseguir escapar ou superar os clichês, "Alvin e os Esquilos" surpreendentemente traz algumas cenas até engraçadas, se você não entrar no cinema esperando muito deste filme infantil.
Se você foi criança na década de oitenta, é provável que tenha assistido ao grupo infantil de esquilos que esteve nas telas de televisão por algum tempo no desenho “Os Pestinhas”. Alvin, Simon e Theodore animavam as crianças com suas personalidades diversas e formavam o trio bagunceiro que vivia numa árvore.
No longa-metragem baseado no programa, os roedores precisam enfrentar o problema de perder sua casa, já que o pinheiro onde viviam é cortado. No meio dessa confusão, acabam caindo nas mãos do simpático e irresponsável Dave Seville (Jason Lee, de “Vanilla Sky“), um publicitário que compõe nas horas vagas e sonha com o dia que poderá largar seu emprego “chato” para dedicar-se apenas a paixão pela música. A princípio, como é de se esperar, Dave acredita que deve estar louco por ouvir os esquilos bagunceiros falando, e chega a expulsá-los de casa. É quando o grupinho faz uma serenata para ele, que descobre nos pequeninos o talento que precisa para cantar suas composições. E na virada do filme, vemos que Alvin e sua turma se tornam um absoluto sucesso, correndo agora o risco de ser duramente explorados pelo ambicioso Ian (David Cross, de “Ela é o Cara“).
Tim Hill dirige este filme, que em termos técnicos poderia ser facilmente descrito como fraco. Mas acredito que atende exatamente ao seu intuito inicial, que era fazer um filme divertido para crianças. Ele é simples e eficiente para as crianças, visto que em uma sala repleta deles, o longa foi quase abafado em meio às gargalhadas.
Os efeitos especiais são bons e conseguem dar ainda mais realidade à trama. Ora, se os personagens principais são esquilos cantores, nada mais justo que investir boa parte de seu orçamento para dar vida aos bichinhos que sonham em um dia ter uma família de verdade, com direito a pai e tudo. A trama criada pelo trio Jon Vitti, Will McRobb e Chris Viscardi rende bons momentos em cena, se nós pudermos eliminar as já costumeiras piadas com pum. Não entendo onde fica exatamente a graça dessas tiradas de mau gosto, não entendo quem foi que achou que era engraçado e conseguiu vários seguidores para dar continuidade.
Não entendi exatamente o que um ator como Jason Lee estava fazendo nesse filme, em um papel que não requer muito esforço para um ator, a não ser ter que fazer quase que o trabalho inteiro em tela verde, para possibilitar o trabalho da equipe de efeitos. Entretanto, Lee certamente cumpriu seu trabalho e sua função em cena, vivendo um homem que morre de medo de assumir compromissos, ou (como é mostrado em seguida) alguém que teme ter um dia que precisar de alguém. Já o personagem cartunizado de David Cross talvez não merecesse sequer uma menção, sendo que não passa de um seguimento à cartilha do vilão.
Não que seja exatamente ruim, mas também não pode ser considerado um bom longa. Fato é que, agradando a criançada ou não, “Alvin e os Esquilos” é aquele tipo de filme que você dificilmente lembrará. Talvez por não trazer personagens realmente carismáticos, com quem o público possa ter algum tipo de identificação, ou simplesmente porque é daquele tipo com o qual você dá algumas risadas, mas logo esquece. Não é um trabalho que marca e definitivamente não deve ser um desses que será comentado durantes rodas de conversas. É o chamado entretenimento momentâneo. No caso, entretenimento de noventa minutos de duração.