O Homem-Aranha está de volta. De praxe, os problemas que rondam o jovem super-herói também. A missão do segundo filme da franquia de "Homem-Aranha" é, além de prosseguir com a adaptação, consertar alguns erros do primeiro filme e aprofundar mais ainda no personagem principal.
A legião de fãs que circunda o título Homem-Aranha está longe de ser pequena. Entretanto, a maioria, sem dúvidas, viu no primeiro filme um alento para prosseguir com sua paixão por um dos super-heróis mais complexos das histórias em quadrinhos. Particularmente, Peter Parker e seu alter-ego só não são tão complexos quanto Batman/Bruce Wayne.
As perspectivas para o segundo filme são excelentes. Primeiro de tudo o fato do diretor Sam Raimi e sua equipe de roteiristas ter mais uma chance de aprofundar a complexa história do personagem. Para tanto, nada mais interessante do que mostrar à fundo o maior dilema do super-herói: ter uma vida adolescente (quase adulta) como os outros, ou ser o super-herói nova-iorquino adorado por alguns e odiado por muitos? “Ser ou não ser, eis a questão!”
Na continuação da franquia, o que vemos é um Peter Parker (mais uma vez vivido por Tobey Maguire) envolvido com muitas coisas. Trabalho, estudos, vida amorosa decepcionante e super-herói nova-iorquino (o que dá um grau de dificuldade elevadíssimo). Como são várias as suas preocupações, seus estudos acabam ficando em segundo plano, o que chama atenção dos seus professores universitários. Suas capacidades intelectuais, porém, são inquestionáveis e ele acaba se envolvendo com a pesquisa do Dr. Otto Octavius (Alfred Molina, de “Identidade”). É daí que a trama se desenrola e o Dr. começa a ambicionar demais seu projeto, o que acaba levando-o a ultrapassar os limites da bondade. Os personagens tradicionais estão de volta, como a Tia May (Rosemary Harris), Mary Jane (Kirsten Dunst), o jornalista J.J. Jameson (J.K. Simmons), bem como: Harry Osborn (James Franco), que volta com uma conotação totalmente diferente do primeiro filme.
Sem dúvida alguma o ponto forte do segundo filme do Aranha é um paralelo demonstrado no roteiro. Esse paralelo é responsável por mostrar ótimas cenas de ação, mas sempre aliadas com o aprofundamento mais do que necessário no artista principal do show: Peter Parker e seu alter-ego. Não é à toa que tantos nomes estão envolvidos na formulação desse belo roteiro, são eles: Michael Chabon, Alfred Gough, Miles Millar e Alvin Sargent. Entretanto, é visível que o veterano Michael Chabon (ganhador de prêmio Pulitzer, dentre várias coisas) foi quem mais formulou palavras para depois serem transformadas em cenas.
Afora os pontos sérios já citados, o roteiro evolui bastante em relação ao do primeiro filme. Ele capta mais elementos dos quadrinhos, como o humor tradicional do Homem-Aranha. Vemos isso muito claramente na cena do elevador, em que o aracnídeo, vestido com seu uniforme, trava um diálogo divertidíssimo com um usuário do elevador. Além, é claro, das sempre perfeitas cenas com o jornalista J.J. Jameson.
O ponto forte do roteiro é com certeza o dilema por que passa o Aranha. No começo, a vida de super-herói é só maravilha. Ele se agarra de prédio em prédio, salva a cidade, fica como mocinho e etc, porém o que passa pela cabeça do jovem Peter Parker quando essa vida “maravilhosa” acaba por influenciar a sua carreira de fotógrafo, seus estudos e seu eterno amor: Mary Jane Watson. Não é à toa que o herói vice-versa se pergunta: “Quem sou eu?”. A fim de trabalhar bem essa questão, o roteiro mostra um Peter Parker cauteloso como super-herói. Tanto que, em um dado momento, praticamente desiste de sê-lo.
Os efeitos visuais também evoluem com relação ao primeiro filme. É inebriante ver as seqüências de ação computadorizadas do cabeça-de-teia. No cinema, os fãs se batiam nas cadeiras, gritavam, apertavam a mão do seu colega ao lado. Não há, sem sombras de dúvidas, feedback melhor do que esse.
Tobey Maguire é um ótimo Homem-Aranha. O primeiro filme mostrou um pouco isso, mas com o amadurecimento do rapaz desse tempo para cá, acabou que essa seqüência confirmou isso. Lógico, ele tem muita ajuda dos efeitos visuais e etc, porém, ele como Peter Parker é incontestável. É um dos atores bem escolhidos. Creio que Tobey Maguire está lá no topo, empatado com Hugh Jackman (que faz o Wolverine dos “X-Men”), vale dizer. Kirsten Dunst é que tem sempre um ar charmoso necessário para M.J.. Aquele olhar meigo, mas ao mesmo tempo profundo, traz as conotações precisas para a personagem.
A única coisa que pode ser encarada como falha do filme talvez seja quando os não-fãs são deixados para trás. Não digo que eles não irão gostar, porém alguns desses espectadores acabam não aceitando que os vilões do Aranha têm, geralmente, um significado na vida de Peter Parker (gosto de separar Peter do seu alter-ego nesses casos). Foi assim com o Duende Verde, agora com o Dr. Octopus e será se um dia abordarem o professor Curt Connors (que se transforma no vilão Lagarto). Não digo que isso é de fato uma falha, pois faz parte dos quadrinhos, mas alguns podem olhar isso com olhos não tão apurados.
Não há dúvida alguma que “Homem-Aranha 2” supera o primeiro filme em todos os sentidos (e olha que o primeiro é excelente). De quebra, ainda explora mais elementos interessantes dos quadrinhos, aprofunda alguns personagens e dá um baita show nas seqüências de ação. Quem é fã do super-herói vai adorar, bem como quem não é tão fã mas curtiu o primeiro filme. Digo até que é um filme aceitável para quem não assistiu ao seu sucessor, mas vale a pena correr atrás do mesmo. “Homem-Aranha 2” é altamente recomendado para diversos públicos, de diferentes idades e, principalmente, para os exigentes fãs do Aranha.