Com as animações cada vez melhores, "Deu a Louca na Chapeuzinho" é um tanto quanto dispensável. Entretanto, como o objetivo principal é divertir, o filme tem seus prós que valem a pena serem assistidos, não sei se em um cinema, mas valem.
A fábula da Chapeuzinho Vermelho está de volta, mas dessa vez com tons diferentes demais da estória oficial. Adicionando comédia à conhecida fábula, "Deu a Louca na Chapeuzinho" conta a aventura da pequena garota, sua vovó e o lobo mau, de uma maneira, digamos, mais investigativa. Será que a estória da Chapeuzinho que tanto nos contaram tinha base para ser verdade? Pois bem, um sapo-investigador, ao melhor estilo Sherlock Holmes, irá analisar o depoimento de todos os envolvidos nesse caso e tentar descobrir isso, dentre outras coisas mais.
Com um orçamento de 15 milhões de dólares, o que mais fica a desejar em "Deu a Louca na Chapeuzinho" é a qualidade da animação, pois as premissas são excelentes para uma trama divertida. A qualidade não é algo terrível, está longe disso, mas perante a evolução que as animações vêm tendo, essa está longe de ter destaque no atual quadro. Os movimentos são lentos demais e, principalmente nos personagens humanos, isso atrapalha a questão da realidade. Para com os animais da floresta fica melhor, mas as formas arredondadas demais atrapalham também. Enquanto um esquilo é para ser magrinho e frágil, ele aparece com alguns erros de traço que, sinceramente, soam até chatos, mas com o tempo você vai aceitando e deixa essa falha para lá, pois os personagens acabam chamando atenção em outros aspectos.
Um dos principais aspectos em que os personagens chamam atenção é a linguagem utilizada, muito longe da linguagem das fábulas. É blackenglish, inglês com sotaque britânico bastante carregado, várias gírias do momento e coisas mais. Para favorecer esse quesito vale a pena ressaltar o bom trabalho da dublagem americana, pois, como não assisti com a dublagem brasileira, não poderei analisar essa. Glenn Close ("101 Dálmatas"), Anne Hathaway ("O Diabo Veste Prada") e James Belushi ("K-9 – Um Policial Bom Para Cachorro") fazem bons trabalhos nas vozes da Vovó, Chapeuzinho e do Lenhador respectivamente.
Falando em vozes, o destaque maior é para a voz do esquilo Twitchy. Realmente, este foi um belo trabalho de Cory Edwards. Opa, esse nome eu já ouvi ou li em algum canto. Pois bem, fui olhar o que ele tinha feito na carreira e, bingo!, é o diretor e roteirista do filme. Isso mesmo! Além de dirigir e roteirizar, ele faz a melhor dublagem do filme, arrancando as melhores gargalhadas por ela. Realmente, um show à parte.
Outra coisa interessante é o molde do roteiro. Como disse anteriormente, ele pegou a famosa fábula da Chapeuzinho Vermelho e transformou em algo policial, investigativo. No começo, quando ainda não estamos acostumados a esse novo tom da estória, é bastante interessante, mas torna tudo muito previsível, bem como o final e outros fatores, é só ter assistido uns dez episódios do seriado investigativo "CSI" que tudo fica clichê demais. Mas, para a criançada, não deixa de ser divertido e, para alguns marmanjos, funciona. Comigo funcionou até certo ponto, depois começou a soar como besta demais. O que poderia mudar isso seriam as piadas ao longo do filme, mas quase todas são muitas forçadas e as que funcionam mais foram todas mostradas no trailer. Como somos sapientes, piada contada pela segunda vez não tem o mesmo efeito.
Como essas que já vimos no trailer não funcionaram ao assistirmos ao filme, as melhores gargalhadas, por mais que não sejam muitas, são responsáveis por alguns carismáticos personagens secundários. O melhor, como já dito, é a voz do esquilo agoniado. Mas tem outro que, mesmo estando pouco tempo em cena, também cria carisma, principalmente para com os baixinhos, que é um Pica-Pau deveras, digamos, fofinho (que meigo, Tio Raphael!). Outro que também é muito bom é um Bode. Como um bode pode ser engraçado? Pois bem, ele é amaldiçoado por uma bruxa e tudo que fala tem que ser cantando, como é caipira, é sempre no estilo country, algo que diverte bastante. Ele também não fica muito tempo em destaque, porém sempre que aparece gera risadas. Agora, para esses personagens darem certo foi preciso uma boa dublagem, o que aconteceu para o inglês, se vai funcionar na dublagem para o português, sinceramente acho meio difícil.
Os pais que acompanharem os filhos para assistirem a "Deu a Louca na Chapeuzinho" talvez não fiquem muito entediados, mas é preciso pouca exigência para com o filme. A parte técnica ruim e as piadas forçada só são salvas por alguns personagens e o fato de a primeira metade do filme ser boa. Se houvesse menos enrrolação e tempo de duração, valeria mais a pena assisti-lo no cinema, mas, como não aconteceu isso, é melhor assisti-lo em DVD mesmo.