Mais uma comédia adolescente que talvez não se destaque entre a maré das já existentes no mercado, e talvez não se destaque tanto nem entre as lançadas esse ano (que, por incrível que pareça, foram poucas), mas "Ela é O Cara" tem suas particularidades, que fazem dele um filme divertido e descompromissado que pode ser conferido.
Em uma premissa que de início parece ser embaraçosa, a punch-line do filme está mais do que certa: "Duke curte Olívia que dá bola para Sebastian que, na verdade, é Viola que está a fim do Duke que não sabe que ela é o cara". A história gira em torno da Viola, que é uma excelente jogadora de futebol do time feminino que é cortado da escola. Aproveitando que seu irmão está indo para a Inglaterra com sua banda por duas semanas e irá faltar as duas primeiras semanas de aula da nova escola, ela resolve se passar por ele e provar ao seu (ex) namorado, o goleiro do outro time, que ela é muito melhor do que ele pensa.
O filme na verdade não traz nada de novo, a não ser mudar o time de futebol, que, geralmente, é americano, para o time de futebol como nós brasileiros conhecemos (e que eles chamam de "soccer"). A temática da garota que finge ser garoto para poder provar que o sexo feminino também pode ter seus direitos iguais foi uma novidade e muito bem utilizada na década de 80, e hoje poderia até cair na chatice ou mesmo não se tornar tão contemporâneo.
Mas a idéia de transformar o clássico de Shakespeare, "Noite de Reis – Ou o Que Quiseres", em uma comédia romântica adolescente se valeu por si só, e talvez por isso o filme funcione. Quem conhece o original irá identificar todos os elementos da história no filme. Quem não conhece a história de Shakespeare, Viola é uma sobrevivente de um naufrágio, onde acredita que seu irmão tenha morrido. A jovem se faz passar pelo irmão para trabalhar para o Duque de Orsino, na Ilíria. Uma de suas funções é fazer com que a moça por quem o Duque é apaixonado, Olívia, se interesse por ele, Duque. No atual "Ela é O Cara" vemos, além dos personagens (e alguns outros acrescidos), que o nome da cidade é transformada no nome do Colégio, e que, no filme, Viola, no papel de Sebastian, também é incubida de fazer com que Olívia se apaixone por Duque (pelo menos durante uma parte do filme).
Mesmo estreando nas telas de cinema, Andy Fickman se mostra como verdadeiro conhecedor do gênero e com um "timing" cômico, além de trabalhar bem o filme para o seu público-alvo, como se pode ver pela abertura bem ao estilo de algumas edições da MTV e a trilha sonora que se encaixa perfeitamente para o filme. Amanda Bynes, mais conhecida do público pela série "What I like About You", consegue se sair bem no filme, embora exagere um pouco nas caretas, que em partes conseguem causar algumas risadas, em outras acabam irritando, mas, mesmo assim, ela consegue se sair dentro do pedido ao filme. Assim como boa parte de todos os atores do filme, já que em um gênero como esse não se pede muito além do que expressão corporal, carisma (Lindsay Lohan que o diga!) e muita, mas muita careta (quem assistir ao filme vai entender!).
O filme não chega a ser excelente, nem mesmo se destacar entre outras produções marcantes no gênero, mas com certeza quem gostou de "10 Coisas Que eu Odeio em Você" (que também é baseado em uma peça de Shakespeare) deverá gostar desse filme.