Cinema com Rapadura

OPINIÃO   domingo, 03 de setembro de 2006

Minha Super Ex-Namorada

Com muito, mas muito esforço, o filme tenta tirar algumas risadas do público, porém "Minha Super Ex-Namorada" não consegue sair do lugar comum e da comédia um tanto sem graça bem ao estilo de Ivan Reitman.

Imagine agora, você é o cara mais paspalho da face da terra, um cara que foi deixado pela sua ex-namorada há mais de seis meses e ainda não conseguiu se recuperar, e que, na verdade, você vive em um limbo do "cara que só quer curtir" e um "cara que quer encontrar a pessoa ideal". Meio confuso, não é? Mas quase todos nós somos assim, que nem Matt Sanuders. Agora imagina você encontrando uma mulher que, apesar de neurótica, preenche todas as suas fantasias e que na verdade se torna uma pessoa especial. Imagina agora, de novo, se você namora com essa garota e descobre que ela é a super heroína da cidade, e que ela só é um pouco destrambelhada da cabeça quando o assunto é relacionamento. Pois pronto, agora você tem toda a história de "Minha Super Ex-Namorada". Matt é um cara comum que descobre estar a fim de Jenny Johnson. Só que Jenny Johnson é um pouco maluca quando o assunto é amor. Ciumenta, carente, começa a ver que seu reinado no relacionamento com Matt está ameaçado pela colega de trabalho de Matt, Hannah Lewis. Pronto, confusão armada em uma premissa que promete.

Aliás, prometia, porque afinal o filme não consegue se tornar uma comédia interessante, e se torna apenas uma junção de "o que será que a super heroína vai aprontar com o seu ex?". O roteiro é tão bobo que tem até direito a super vilão com coração partido pela heroína e que desde então prometeu vingança. Ivan Reitman tem esse poder! Pegar premissas que parecem ser inusitadas (se uma – ou um, não vamos esquecer! – ex já é uma dor de cabeça muitas vezes, imagina se ela (ou ele) tivesse super poderes… o que viraria aquelas ligações no meio da noite para saber com quem você está? Ou aqueles malditos riscos na lataria do seu carro?) e transformar em filmes bobos, mais do que qualquer "sessão da tarde" poderia ser.

Luke Wilson parece ainda não ter se saído tão bem quanto seu irmão, Owen, na escolha de filmes, mas ele consegue ser superior ao seu irmão em muitos papéis, principalmente quando o assunto é interpretar um cara abobalhado no dia a dia comum. Uma Thurman parece ter perdido o fio do caminho da sua carreira, uma atriz tão excepcional, não consegue mais sair da mediocridade dos seus últimos filmes, como a exagerada Ulla, em "Os Produtores", a comum e fraca interpretação de Rafi em "Terapia do Amor" e agora perde o caminho da meada, colocando apenas umas carinhas de má quando enfrenta os vilões como G-Girl, neste filme. Thurman deveria ser melhor aproveitada, mas infelizmente deve ser culpa do Reitman. A única atriz que digo que Reitman não é culpado é Anna Faris. Não adianta o quanto ela se esforce, ela sempre será a Cindy Campbell de "Todo Mundo em Pânico".

A trilha, lembrando muito a comédia romântica de 1995 "Enquanto Você Dormia", com Sandra Bullock no elenco, tem seus pontos altos e baixos. O ponto alto desta trilha executada por Teddy Castelucci (responsável pela trilha de "Como Se Fosse a Primeira Vez"), é que é uma ótima trilha, bem gostosa de se escutar, se ao menos ela estivesse casada com cenas certas. Certas trilhas entram em momentos do filme que simplesmente não têm nada a ver (como a trilha inicial que tem tudo a ver com a imagem aérea de Nova York, mas nada a ver quando a mesma toca quando a personagem de Uma Thurman está chegando no apartamento de Luke Wilson).

Pode ser que o filme se torne engraçado para alguns, mas serão os poucos que realmente conseguirão rir com as piadas de conotação sexual (aliás, o filme todo é movido por sexo), e que, com certeza, se você já viu o trailer, você já viu a comédia do filme todo, afinal, as únicas cenas engraçadas deste longa, encontram-se no trailer.

Leonardo Heffer
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