Quando no primeiro filme os sete integrantes principais do grupo "Casseta e Planeta" (são oito integrantes se contando com a Maria Paula) resolveram traçar uma ficção que não era composta com muitos personagens do programa em si, falou-se muito de que usaram o nome do programa para simplesmente se promoverem e, conseqüentemente, o filme. Dessa vez é diferente. O segundo filme dos "casseta" utiliza-se de tudo do universo do programa com a adição de alguns artistas das novelas da emissora Globo, como Murilo Benício, Luana Piovani e Juliana Paes – os dois últimos fazendo uma simples figuração, diga-se de passagem.

O aspecto central do filme gira em torno do personagem do Murilo, um advogado indignado com as Organizações Tabajara que vive exclusivamente para detonar com a empresa, pois esta estragou sua infância com os produtos feitos, teoricamente, para seus problemas acabarem. Para quem assiste ao programa às terças-feiras, os produtos "vendidos" pelas Organizações Tabajara estão todos lá, mesmo que sejam fazendo uma simples pontinha. Voltando à estória do filme, então, para conseguir esse tento, o advogado Botelho Pinto busca com todas as suas forças provas para acusar a empresa e, dessa forma, eliminá-la de vez do âmbito nacional, ou melhor, mundial – quiçá universal!

Quem assiste ao programa não verá nada de inovador e quem não assiste não gostará do filme. É simples assim conotá-lo. Fica até complicado dar uma nota à produção, pois ela não foge aos padrões do roteiro do programa de TV e, muito menos, das atuações do grupo de amigos, por outro lado é difícil encontrar alguém que realmente goste de "Casseta e Planeta" com todas aquelas piadas bobas e batidas que eles costumam apresentar. Para aqueles que gostam do programa, não vejo motivos algum para não gostarem do filme, pois este se trata de um daqueles programinhas das terças-feiras, porém com bem mais tempo de duração e, lógico, uma trama.

Um ponto notável do filme é que ele é bem filmado, bem acabado e tudo. Calma, não é uma mega produção, mas é que ele mantém trejeitos de algo feito para a TV e não para o cinema. O som, as tomadas da câmera e a qualidade da imagem, estão todos como se fosse para a televisão. Quando se trata de levar algo para o cinema é visível, até para o mais leigo no assunto, que não é só a tela que aumenta, mas a qualidade muda, principalmente da imagem e do som. Mas, como o aspecto não ficou mal apresentado, é algo que não influi tanto.

Murilo Benício demonstra esforço interpretando o personagem Botelho Pinto. Esforço para não rir das piadas bestas que ele estava sendo submetido. Bom, eu não vou reclamar disso, pois o programa parece sobreviver das piadas mais do que conhecidas. Mas o ator foi bem, fez uns maneirismos de doido interessantes para seu personagem. No grupo principal dos "casseta" nada de novo. É a mesma coisa que já estamos acostumados a ver, porém esse se trata do último trabalho inédito do humorista Bussunda, já que ele gravou o filme um tempo depois de sua repentina morte quando trabalhava na cobertura da Copa do Mundo da Alemanha. A "menina do grupo" é que é deprimente. Não que eu não soubesse disso, mas como deram muito espaço para a personagem dela ficou chato vê-la tentando atuar por muito tempo. Até um peixe consegue fazer rir mais do que ela, quem assistir ao filme vai saber o porquê. Agora, para os "cuecas", as curvas da moça vieram à tona no filme e, diga-se de passagem, como vieram. Já Luana Piovani e Juliana Paes não completam nem cinco minutos em cena, logo, não são cabíveis de serem julgadas.

Interessante é que o filme trabalha bem com seus próprios personagens, como os policiais norte-americanos e republicanos conservadores Fucker and Sucker. Eles são colocados no roteiro na hora certa e sem ser de forma forçada, da mesma forma eles somem da trama. Não sei se é porque eu gosto dessa dupla de personagens (para mim a melhor criação deles), mas já que fazem um filme de tudo quanto é coisa no mundo, fica a dica de num próximo filme dos "casseta" eles estarem em destaque, por que não? Essa onda de terrorismo e tudo, poderia até rolar várias sátiras a filmes hollyoodianos. Ah, falar em satirizar, até que rolam algumas. Quem se lembra da cena de Darth Vader dizendo que é pai do Luke Skywalker em "Star Wars" se identificará com uma cena, que ficou até engraçadinha por esse fato.

O segundo filme dos "casseta" é isso, é "Casseta e Planeta" ao pé da letra com a adição de Murilo Benício no plantel. Por trazer tanto o programa como enfoque da história do longa, tudo ficou mais parecido como um especial de natal da Globo com duração de uma hora, do que um filme realmente voltado para o cinema, mas, de qualquer forma, vai agradar quem gosta do programa global.