Cinema com Rapadura

OPINIÃO   domingo, 27 de agosto de 2006

Com a Bola Toda

"Com a Bola Toda" é uma divertida comédia que, apesar de a criatividade passar longe dos roteiristas, diverte em cheio os fãs de comédias besteirol. Além, é claro, a dupla Ben Stiller e Vince Vaughn funciona muito bem em cena, contribuindo para o bom resultado final.

Parece um tanto estranho assistir à uma comédia que tem como pano de fundo um esporte tão pouco praticado profissionalmente por aqui. Ou melhor, esse esporte às vezes nem chega a ser considerado como tal por aqui, sendo tido como uma simples "brincadeira de criança". Por acaso, alguma vez na vida você já jogou Queimada? Esperem, deixem-me ajudar-lhes a refrescar a memória. Alguém já jogou "Carimba"? Ah, aposto que sim. Pois esse é o tema de "Com a Bola Toda", uma divertida comédia estrelada por Ben Stiller ("Quem Vai Ficar Com Mary?") e Vince Vaughn ("Penetras Bons de Bico").

Peter LaFleur (Vince Vaughn) é o dono de uma academia acabada chamada Average Joe, que sobrevive de uma pequena clientela. O local atrai a atenção do egocêntrico White Goodman (Ben Stiller), dono de um império da ginástica, a academia Globo. White pretende comprar a Average Joe, sendo que as finanças da academia apenas facilitam que sua pretensão se torne realidade. Um dos bancos credores da Average Joe põe na academia a advogada Kate Veatch (Christine Taylor), que decide por ajudar Peter a salvar a academia. A possibilidade de salvação da academia surge na realização de um torneio de queimada, que terá como prêmio a quantia da dívida da Average Joe. Só que, ao saber dos planos, White também decide montar uma equipe de queimada de sua academia e participar do torneio.

"Com a Bola Toda" é o tipo de filme ideal para quem curte uma comédia estilo "Sessão da Tarde". Nele, não existem piadas inteligentes ou lições de moral, apenas busca arrancar risos a partir de situações que brincam com a inteligência do espectador e abusa das piadas-clichês. Sabem aquelas piadas que você já até cansou de ver/ouvir, mas ainda assim ri à beça? Pois nesse filme não faltam. Pessoas desastradas apanhando bestamente, visuais exagerados… tudo aquilo que caracteriza um típico filme de comédia pastelão está presente, porém com um certo charme extra.

A equipe trapalhona formada por Peter LaFleur (Vaughn) é responsável por arrancar as gargalhadas do público à partir daquele tipos "excluídos da sociedade", e, por isso, tornam-se cômicos. Estão lá presentes aqueles estereótipos batidos, mas que, nesse filme, funcionam muito bem: o adolescente que sonha em ser líder de torcida e por isso sofre preconceito; o homem gordo e feio que vive a serviço da esposa; o esquisito que pensa que é um pirata (?); ah, e não podia faltar a loira gostosa por quem os protagonistas sentem atração, e suspeitam de sua sexualidade.

Se Vince Vaughn dá conta do recado no comando da equipe trapalhona, apresentando seu já tradicional jeito calmo, bem intencionado e um tanto desengonçado, Ben Stiller se mantém hilário como sempre, adotando aqui um estilo propositalmente exagerado, canastrão e extremamente caricatural. Seus figurinos, o visual brega (aquele bigode estilo Freddie Mercury é uma atração à parte), tudo é motivo de risos. Destaque também para Justin Long ("A Hora do Rango") como o tímido adolescente da equipe, que exprime humor justamente pelo seu jeito ingênuo de ser, e tem que encarar um grande desafio cercado de um bando de "patetas".

Independente de gostar ou não de Queimada (Carimba, para os mais íntimos), "Com a Bola Toda" é um filme que consegue atingir com méritos o seu objetivo de divertir e fazer rir. Aliás, bom dizer que as cenas envolvendo o esporte são bem convincentes e bem realistas na medida do possível – lógico, elas têm que ser bem calibradas com doses de humor.

Uma boa pedida, que além de fazer rir à beça, talvez até faça você procurar conhecer mais sobre Queimada, e passe a enxergar o jogo não mais como uma "brincadeira de criança". Se bem que, no fundo, acho que ninguém vai assistir ao filme com essa intenção, afinal, ver Ben Stiller esbanjando sua canastrice em meio a uma série de piadas tolas, porém criativas – eu sei, é um grande paradoxo -, é sempre uma diversão garantida.

Thiago Sampaio
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