Cinema com Rapadura

OPINIÃO   domingo, 30 de julho de 2006

George, O Curioso

A animação, que infelizmente chegou ao Brasil de pára-quedas e quase sem nenhuma publicidade, passa meio apagada pelos cinemas, quando, na verdade, é uma das melhores animações voltadas realmente para o público infantil.

George, O Curioso já traz toda a sua mensagem no próprio título do filme. A animação conta a história do pequeno macaquinho que vem a ser chamado de George (em homenagem a George Washington). O animal é muito curioso, e é exatamente essa sua curiosidade que o levará às mais diversas confusões. A do momento é a sua saída da África, atrás do atrapalhado Ted (ou o homem do chapéu amarelo), que, em uma busca atrás do ídolo perdido de Zagawa, acaba esbarrando com o pequenino. Atravessando o oceano Atlântico escondido no navio, o macaquinho segue o seu novo amigo para uma aventura completamente nova na cidade. Tentando salvar o museu da falência, Ted tem que agora descobrir como ajudar o Senhor Bloomsberry e cuidar do seu novo amiguinho.

O desenho, que há mais de dez anos vem sendo secretamente desenvolvido pela Universal, se baseia nos livros do autor Hans Augusto Rey, que morou no Brasil e aqui se casou com Margarete Elisabeth Waldstein, indo morar na França em seguida. Lá, ele lançou seu primeiro livro: "Raffy and the Nine Monkeys", e é nessa obra literária que surge o nosso pequeno aventureiro dono do título do filme. Embora entre 1930 e 1940, Rey tenha vivido péssimos anos na Europa devido à guerra, de onde inclusive fugiu de bicicleta com sua mulher, levando como parte da bagagem o manuscrito de George, O Curioso. Estabelecido em Nova York, em 1941, George é publicado. Por mais de sessenta anos, o livro vem sendo republicado e é uma das maiores vendas em livros infantis nos Estados Unidos, com mais de 7 livros publicados, inclusive no Brasil.

O desenho traz impresso na personagem e na sua história a ingenuidade cativante que os olhinhos brilhantes ou o pequeno sorriso maroto de George é capaz de desmanchar qualquer marmanjo de coração de pedra. E é isso o que agrada na história do filme, um roteiro simples, chegando até mesmo a ser bobo, mas de uma ingenuidade impossível de não agradar e fazer o público dar boas risadas.

Vindo em contraponto aos desenhos animados que ultimamente vem sofrendo cada vez mais uma descaracterização do seu público-alvo (os desenhos cada vez mais são feitos para adolescentes e pais do que para crianças), George, O Curioso é desenvolvido basicamente para o seu verdadeiro público e consegue não ser um infantil beirando ao retardamento de programas infantis como Teletubbies e genéricos.

A dublagem da animação em português é outro ponto fortíssimo a ser levado em consideração. Ela supera e muito a dublagem do recente Os Sem-Florestas (uma das piores que eu já vi – minha opinião e sei que vai ter gente reclamando por isso), e acredito ser exatamente aí que reside o melhor da animação aqui no Brasil. A trilha também é outro fator importantíssimo, se encaixando perfeitamente.

Infelizmente, como eu disse, essa animação vai passar batida pelos cinemas, logo ela que é um prato cheio para a criançada e para essas férias. Um desenho que possui um grande histórico, mas desconhecido no Brasil. Vale muito a pena conferir, completamente sem compromisso.

Leonardo Heffer
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