Cinema com Rapadura

OPINIÃO   sábado, 15 de julho de 2006

Superman – O Retorno

Trailers surpreendentes, pôsteres belíssimos, imagens que se destacam perante outras e uma produção que custou 260 milhões de dólares. Com essas características, o que esperar de "Superman - O Retorno" se não um bom filme? E, contrariando a maioria, o longa consegue corresponder o esperado, agradando não somente aos fãs do Homem de Aço, como também aqueles que sequer apreciam super-heróis.

Tudo começou na final da década de 70, mais precisamente em 1978. Nesta época, a adaptação cinematográfica das histórias em quadrinho de Superman foi exibida. Nela, estava o até então praticamente desconhecido Christopher Reeve, um dos responsáveis por conseguir, de certa forma, imortalizar a imagem do herói. Desde então, até 1987, foram filmados mais três longas do Homem de Aço que contaram com a participação de Reeve. Quem nunca assistiu pelo menos a um filme do Superman? O herói possui bastante espaço, seja nos cinemas ou na televisão.

Após um tempo parado, decidem retomar o projeto cinematográfico do super-herói que conquistou (e conquista, por sinal) incontáveis fãs. Sim, finalmente o herói voltaria às telonas. E quem mais indicado para assumir a direção do que Bryan Singer? Responsável por "X-Men" e "X-Men 2", aos poucos, Singer está se tornando um cineasta de renome em Hollywood. E convenhamos que não é tão fácil assim penetrar no campo imaculado das produções hollywoodianas. O diretor conseguiu humanizar os mutantes, dotando-os de uma carga dramática ainda não vista. Portanto, seria comum esperar que Singer conferisse um grau de dramaticidade ao tão famoso Homem de Aço. Aliás, até as sinopses fazem notar isso. Porém será que o cineasta conseguiria? Após ver o filme, as boas expectativas em torno de Superman tornariam-se sem sentido ou seriam correspondidas? E o novato Brandon Routh assumindo o papel de Christopher Reeve faria um bom trabalho? Uma produção caríssima, de 260 milhões de dólares, conseguiria transformar-se em tão boa quanto o esperado? Afinal, o elenco realmente se adequaria a todo o potencial do projeto? Dúvidas, dúvidas e mais dúvidas. Para os fãs, estes questionamentos poderiam ser um martírio, para os nem tão apreciadores assim, apenas interrogações. Quer as respostas? Bem, ao decorrer do texto, acredito saciar a curiosidade de muitos.

Após os acontecimentos de "Superman II – A Aventura Continua", o herói decide voltar à Terra depois de uma ausência de cinco anos. Como cientistas descobriram restos de Krypton, Superman decide ir ao seu país natal, objetivando encontrar alguma ligação com o seu passado. Busca sem resultados, por sinal. Ao voltar ao planeta Terra, o Homem de Aço depara-se com algo que não esperava. Os humanos parecem viver muito bem sem ele, inclusive a sua amada Lois Lane, que havia noivado e tido um filho. Afinal, conseguiria o Superman tornar-se útil novamente à humanidade e reconquistar o coração de Lois? Como se não bastasse, enquanto isso, Lex Luthor planeja uma forma de destruir os poderes do herói totalmente. O antigo inimigo do Homem de Aço visitou o planeta do Superman e roubou os cristais que continham ensinametos de Jor-El, pai do super-herói, e planeja utilizá-los para algo nada agradável, ou seja, pretende criar uma cópia de Krypton dentro do planeta Terra, destruindo, assim, todo o continente americano. Em uma tentativa de proteger o nosso tão amado Planeta, o Homem de Aço partirá em uma jornada que o levará das profundezas do oceano aos mais longínquos confins do espaço sideral.

Com uma premissa dessas e um diretor famoso por dotar de carga dramática os personagens dos filmes nos quais trabalha, como não esperar que "Superman – O Retorno" trabalhasse o lado psicológico do herói? Talvez essa pudesse vir a ser uma das maiores decepções ao decorrer do longa. Felizmente não foi. Não afirmo que houve um destaque na medida certa, porém, mesmo assim, o tom dramático conseguiu agradar. Ver um super-herói, que pode possuir o mundo, se quiser, ao seu alcance, tendo sentimentos reais de seres humanos comuns é sempre bom. Embora seja uma trama altamente fora da realidade, essa carga dramática faz com que o filme adquira um aspecto responsável por aproximar mais o espectador ao mundo do Homem de Aço. Ponto favorável à direção e ao roteiro. Por falar novamente em Bryan Singer, vendo alguns making ofs de "Superman – O Retorno", é impossível não notar a dedicação do cineasta ao ajudar a compor os personagens. Talvez o seu maior erro tenha sido prolongar demais a história. Não que esta tenha se tornado cansativa, todavia algumas cenas poderiam ter sido cortadas, dando, assim, um dinamismo tão necessário a tramas que tratam de aventura.

Com um custo de 260 milhões de dólares, seria até redundante falar sobre os efeitos especiais. Óbvio que seriam bons, já que essa era a obrigação. Como não citar a incrível cena na qual uma bala desfaz-se ao atingir o globo ocular do protagonista? Simplesmente indiscutível a precisão da seqüência. Porém, com uma quantia tão considerável empregada na produção, alguns detalhes podem soar exagerados, como foi o caso da digitalização (ou talvez maquiagem, quem sabe) de Brandon Routh. É notável, com certeza. Algumas vezes chega a agredir os olhos dos espectadores, mas nada que comprometa o resultado final do longa. Erros desse porte já eram mais que esperados.

Brandon Routh, o Superman, foi uma surpresa muito agradável. A preocupação de que o novato conseguisse captar a essência do Superman criado por Christopher Reeve era demasiada. Felizmente, Routh não decepcionou. Os momentos em que interpreta o herói e Clark Kent são facilmente distintos não somente pelos trajes, obviamente, mas também pela personalidade de ambos. O primeiro, por ser um super-herói, é seguro de si, dos seus atos, possui um ar imponente, já o segundo é mais indeciso, portando alguns trejeitos e um tom mais ingênuo. Kate Bosworth, a nova Lois Lane, não pode ser considerada um destaque do elenco, decepcionou em alguns momentos, todavia, em geral, conseguiu cumprir seu papel de affair do Homem de Aço. Kevin Spacey, vivendo o tão famoso Lex Luthor, era outro que não poderia passar despercebido. Spacey já é um famoso ator de Hollywood. Seu talento é mais do que reconhecido. Não foi o seu melhor trabalho, mas conseguiu captar o perfil certo do vilão.

E como não citar a trilha sonora? Muitas vezes me vi totalmente envolvida no filme exatamente pelo auxílio grandioso das tão bem compostas canções. As músicas foram responsáveis por nos proporcionar várias emoções. Elas acentuavam a tensão, a tão necessária atmosfera de suspense e ainda acoplavam emoção à trama. Mais um detalhe que não poderia passar despercebido.

Lembram daqueles questionamentos do começo desta crítica? Pois é. Creio que todos tenham sido respondidos da melhor maneira possível. Porém, se desejam formular as suas próprias respostas e conferir com os próprios olhos, vão ao cinema e assistam a "Superman – O Retorno". Se depender de mim, não irão decepcionar-se. Por sinal, eu, que não sou sequer fã do herói, graças a este filme, já espero ansiosamente a sua seqüência, que, de acordo com o IMDB, já está programada para 2009. Que venha mais um longa do Homem de Aço!

Andreisa Caminha
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