Cinema com Rapadura

OPINIÃO   domingo, 09 de julho de 2006

Premonição 3 (2006): apenas mais um terror adolescente

Premonição 3 até tenta se equiparar aos dois outros filmes da série, mas por se limitar apenas a um conceito – o da morte que persegue aqueles que sobreviveram a um acidente – acaba não conseguindo superar o desgaste causado pelos dois filmes anteriores.

A história começa com Wendy (Mary Elizabeth Winstead, de “O Chamado 2”), Kevin (Ryan Merriman, de “O Chamado 2”), Jason (Jessen Moss, de “Possuídas”) e Carrie (Gina Holden, que está no elenco de “Efeito Borboleta 2”) se divertindo em um parque de diversões junto com outros alunos que estão se graduando no colégio. Wendy usa uma máquina digital para tirar fotos que irão para o livro do ano do colégio. Quando eles resolvem andar em uma montanha-russa, a controladora Wendy fica com medo. Convencida pelo namorado de que é só o receio de perder o controle, ela aceita andar no brinquedo. A bordo, ela tem a famosa premonição do acidente do brinquedo, e o seu pânico acaba retirando exatamente 7 pessoas (assim como no primeiro filme) de lá. Bom, acontecido o acidente agora em diante o filme segue a mesma premissa dos outros, que é a morte indo atrás dos sobreviventes.

Premonição 3 volta às telas de cinema (chegando com um enorme atraso no Brasil, parte é culpa da própria distribuidora) com um elenco completamente novo, seguindo a premissa do segundo filme, com a diferença que ninguém do elenco dos filmes anteriores retorna, nem mesmo para uma pequena ponta no filme. Traz no roteiro os criadores do primeiro filme, e afirmando que este é o último filme da série (parece estar na moda fazer trilogias no cinema!). Infelizmente a terceira parte não consegue se igualar com as duas primeiras partes da série.

Se o filme irá ser uma cópia fiel no contexto geral dos outros filmes (jovens entram em um lugar; um deles tem uma premonição de um acidente; salva algumas vidas; logo depois a morte vem cobrar essa dívida) o mínimo que poderia ser feito é criar um diferencial. Claro, a terceira parte cria um diferencial que é a identificação de quem iria morrer através de uma marca de uma rachadura que aparece no topo das fotos tiradas por Wendy (por sinal, idéia um tanto forçada e pouco explorada no filme), mas ele não conseguiu pegar a essência que os criadores da segunda parte conseguiram (e olha que o roteiro é dos mesmos roteiristas do primeiro filme, que criaram toda a concepção do projeto Premonição), ou seja, mortes elaboradas, elaborações essas que começavam a se formar aos poucos durante o decorrer da cena em cada filme, que inclusive vai aumentando a tensão da cena, chegando ao clímax com a morte da personagem (será que alguém esquecerá as mortes do primeiro filme, da professora e o computador que explode ou a belíssima seqüência inicial do segundo filme?). Não que nesta parte não haja também elaborações, há poucas, mas não há uma exploração maior desses pequenos detalhes, e que às vezes o espectador até se pergunta: “O que diabos vai acontecer?” (em alguns filmes isso seria até bom, mas nesse há a necessidade do espectador saber, porque, assim, ele fica mais nervoso antes do acontecimento).

Outro ponto que o filme se aproveitou foi vender nos trailers a cena da montanha-russa, o que, claro, chamou muita atenção porque acredito que seja o maior medo de qualquer um é que aconteça algum acidente em uma montanha-russa, justamente porque a pessoa não possui o controle do carro, está à mercê da velocidade e dos trilhos do brinquedo. Infelizmente a cena não foi tão bem aproveitada no filme. E perceba que existe uma diferença muito grande em não ser bem aproveitada e não estar bem feita. No caso deste filme, a cena está sim muito bem feita (imagina você passar do fim da tarde até o amanhecer do dia seguinte andando em uma maldita montanha russa, direto, só para gravar uma cena que não dura cinco ou seis minutos no filme, talvez então você compreenda), mas não foi bem aproveitada, talvez pela velocidade, os ângulos da câmera, que infelizmente não faz com que parte das pessoas esteja realmente se sentindo no filme (como percebi em parte do público do filme). Aliás, o público se assustou mais com as outras mortes do que com a cena da montanha russa. Mortes essas que foram exageradas em parte, já que eram quase sempre um corpo que explodia e pedaços de miolos para todos os lados (ao exemplo de duas mortes no segundo filme).

O filme é mais um terror adolescente (aliás, a série toda se propõe a isso) que poderá agradar e muito a faixa entre 14 e 17 anos, louca por filme de terror com mortes sangrentas e pedaços de corpos voando para todos os lados, por isso sua estréia vem no momento certo, em período de férias, momento no qual a maioria dos filmes são completamente descartáveis, assemelhando-se a um lanche em fast-food. Para isso, o filme consegue atingir seus propósitos. Resta saber se você tem dinheiro para gastar assim em um filme, caso esteja procurando algo com conteúdo.

Leonardo Heffer
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