Cinema com Rapadura

OPINIÃO   domingo, 18 de junho de 2006

Garfield 2

Com a estréia um tanto quanto “apagada” por aqui, “Garfield 2” não apenas desagrada o público adulto, como também o de qualquer outra faixa etária. O famoso personagem dos quadrinhos poderia, definitivamente, ter passado sem essa adaptação para o cinema.

Não é uma tarefa fácil transpor para as telas com competência um personagem que já tem seus admiradores na sua mídia original. As inúmeras adaptações para o cinema de famosas histórias dos quadrinhos que vêm sendo lançadas ultimamente tinham conseguido, até agora, agradar até mesmo os fãs mais ferrenhos das sagas originais em que foram inspiradas. Com “Garfield”, no entanto, não aconteceu exatamente isso. Ao assistir o filme percebe-se claramente que a essência do personagem não está presente. E mais: o Gato é um dos aspectos menos interessantes do filme.

Após a primeira produção intitulada apenas “Garfield”, de 2004, em que a história do personagem-título foi introduzida ao público, alguma coisa (que sinceramente desconheço o que seja) fez os produtores acharem que o filme merecia uma seqüência. Eis que surge agora “Garfield 2”, contando um episódio em que o gato e seu companheiro Odie, um cachorro, vão a Londres seguindo escondidos o seu dono, que pretende pedir sua namorada em casamento. Ao chegar em terras britânicas, um mal-entendido faz com que Garfield seja confundido com Prince, um gato da realeza. A partir daí, as “aventuras” começam.

A primeira fraqueza do filme está definitivamente no roteiro. É até difícil de acreditar que uma projeção de apenas 80 minutos possa se tornar cansativa, mas é o que acontece com “Garfield 2”. As situações não prendem a atenção do espectador e a trama em si parece muito lenta e prolixa. Pode-se usar a desculpa de ser um filme para crianças, mas nem isso convence, a história é simplesmente desprovida de atrativos.

O elenco “humano” da projeção não dá exatamente um show de interpretação, mas também não é um dos pontos piores do filme. Breckin Meyer, figurinha conhecida de filmes menores, interpreta Jon Arbuckle, dono de Garfield e Jennifer Love Hewitt vive sua namorada. Quem ainda consegue algum destaque no meio de tanta mediocridade, no entanto, é o veterano Billy Connolly, no papel de Lord Dargis, um aristocrata ambicioso que tenta a todo custo matar o gato Prince para poder se apoderar da herança de sua tia.

Boas piadas é também uma coisa escassa em “Garfield 2”, ao contrário do que se espera de um filme do gênero. Os momentos que conseguem arrancar da platéia leves risos são protagonizados pelo gato Prince e não Garfield, o suposto personagem principal. No mais, vemos um festival de humor pobre e, muitas vezes, até de mau gosto. O filme não acerta no timing e não convence nem como uma comédia despretensiosa.

Para não dizer que tudo em “Garfield 2” é um total desastre, a tecnologia empregada na construção dos personagens digitais não deixa margem à críticas severas. Ao contrário do primeiro filme, em que a animação era visivelmente mal feita, nessa seqüência a figura do gato ganha mais veracidade e um melhor acabamento. Esse é o único aspecto realmente destacável.

No geral, “Garfield 2” é um filme completamente dispensável. Nem mesmo pode ser tido como diversão gratuita. Para quem quiser se aventurar mesmo assim, boa sorte. Os 80 minutos serão longos, isso eu garanto.

Amanda Pontes
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