Missão Impossível 3 veio para abrir a temporada dos blockbusters de 2006 e, depois de tantos filminhos que fomos obrigados a assistir até agora, chegou um realmente digno de admiração.
E o agente Ethan Hunt volta à ativa. A nova missão do agente é resgatar sua ex-aluna Lindsey (Keri Russell) que foi capturada pelo vilão Owen Davian (Philip Seymour Hoffman). Simples? Não quando a missão começa a ter um rumo que Ethan (Tom Cruise) não esperava. Tendo a vida da namorada em jogo, o agente da IMF precisa resgatá-la e, para isso, passa por situações realmente impossíveis. Bombas, tiros, planos, reviravoltas e muita correria enchem nossos olhos nas duas horas de filme.
Sem alongar muito a sinopse para não perder a graça da história, vamos direto ao ponto. São muitos, mas não são todos que admiram filmes de ação, principalmente da franquia MI, que já fez história e leva o público mais assíduo ao delírio com cenas incríveis e deslumbra com seqüências emocionantes regadas a muitos efeitos especiais. Para um roteiro atingir essa meta, precisa estar bem construído, e foi o que aconteceu. MI3 traz diálogos maduros e interessantes, apesar de cair em muitos clichês e ter cenas descartáveis ao longa como um todo. A competência do roteiro se juntou ao talento do elenco e nenhum personagem ficou perdido ou pareceu forçado, destaque maior e incomparável para Philip Seymour Hoffman. Depois do Oscar pela atuação marcante e definitiva em Capote, Hoffman veio mostrar um lado totalmente diferente do seu último personagem. O ator consegue passar repulsa ao vilão Davian e mais uma vez é digno de aplausos. O protagonista Tom Cruise continua construindo um bom Ethan Hunt. Mesmo não estando mais na sua época de ouro e depois de decepcionar um pouco com a atuação em Guerra dos Mundos, seu último trabalho, Cruise conseguiu mostrar que ainda tem talento, mesmo não convencendo muito nas partes mais dramáticas da trama.
A impossibilidade de algumas cenas não chega a prejudicar o filme, mesmo porque fugir da realidade é a intenção da trilogia e não dá margem para reclamarmos desse abuso da imaginação. Ethan acaba se tornando um super-herói, só faltando colocar uma máscara e vestir uma capa para adquirir as características do tal. A convicção disso dá liberdade ao roteiro e à direção não ter limites e fantasiar mesmo o impossível, passando adrenalina às pessoas e de certa forma estimulando pensamentos como: “ah, eu quero fazer isso também”. Ainda mais quando esses momentos são bem conduzidos como foi feito pelo diretor J.J. Abrams. Talvez ele tenha sido o principal fator para tornar MI3 considerável e não ser encarado como “apenas mais uma seqüência para atrair público”. Pode até ser isso, mas o filme em si é competente e vem para fechar a trilogia com chave de ouro.
Mas nem tudo é só maravilha. Algumas seqüências de cenas deixaram a desejar e em certos momentos, a montagem agride a inteligência do espectador mais sensível e ligado aos mínimos detalhes. Além disso, a câmera solta demais pode até levar o público para mais perto do que está acontecendo, mas pelo menos em mim causou tontura e não entendimento no que a cena queria passar. Os efeitos sonoros e a musiquinha tema de MI continuam competentes, mas dá para perceber a preocupação máxima em ser fortes e realistas, porém em uma ou duas cenas a sonoplastia ficou mais alta do que a fala dos personagens. Para completar o time de coisinhas chatas deste longa, o desfecho foi fraco, pobre e imposto. Neste momento, você se questiona se a criatividade se esgotou logo no momento decisivo.
Apesar dos atos falhos, MI3 agrada e é um prato cheio para os fanáticos por ação, usando toda a capacidade que só Hollywood tem para fazer um blockbuster dessa dimensão. Se não for o melhor dos três, temos a convicção de que a trilogia foi perfeitamente fechada. Mas quem sabe algum dia inventem de fazer mais um MI. Tudo é possível.