Cinema com Rapadura

OPINIÃO   domingo, 30 de abril de 2006

Doce Novembro

Charlize Theron e Keanu Reeves repetem a parceria feita em O Advogado do Diabo e mostram ótima harmonia nesse romance envolvente e emocionante. Sendo mais uma história de amor, Doce Novembro mesmo assim conquista pela simplicidade.

Nelson Moss (Keanu Reeves) é um publicitário que só pensa em trabalhar. Sem diversão, destina sua vida à empresa onde trabalha e vê as pessoas como simples objetos de enfeite do cenário do seu cotidiano. Em um belo dia, ele conhece Sara Deever (Charlize Theron), uma moça estranha e engraçada, com um jeito diferente de encarar a vida. Depois de ter seus destinos cruzados, Sara o convida para morar um mês com ela para que possa mudar seu jeito de ser. Sem saber o motivo pelo qual Sara se dispôs a ajudá-lo, o publicitário passa o mês de novembro com a moça e vai se apaixonando à medida que o tempo passa.

Dispondo de um roteiro simples, Doce Novembro é mais do que uma história de amor comum entre dois personagens atrativos e carismáticos. Por mais que eles partam do pressuposto dos clichês, não chegam a irritar ou a abusar do melodrama amoroso para enfim chegar a um final feliz, já que consegue se desvirtuar de muitas características que sempre encontramos em produções do gênero. Durante a primeira metade da trama, o casal passa por situações engraçadas para conquistar de vez o público. É impossível não torcer para que aquele relacionamento dê certo e ultrapasse novembro, se eternizando. Por mais que eles não procurem demonstrar tanto seus sentimentos em algumas partes do filme, dá para perceber que os personagens se amam e que dentro deles esse sentimento está prestes a explodir, e, quando explode, tem um desfecho que foge do convencional e mesmo assim apaixona e arranca boas lágrimas dos mais sensíveis.

A harmonia de Reeves e Theron foi um fator fundamental para o bom desenvolvimento da trama. Apesar da dupla ter sido indicada ao Framboesa de Ouro por tais atuações, eles desenvolveram muito bem seus personagens e conseguiram atingir uma sintonia bastante interessante. O elenco secundário também não deixou a desejar e só cresceu a competência da atuação no longa. A direção foi peculiar tanto quanto a trilha sonora. Sem exageros e sem ser marcante, a parte técnica passa meio despercebida, o que não atrapalha a produção, mas que poderia ter sido mais forte para que a fotografia e angulação da câmera fossem melhor trabalhadas.

Com toques de comédia e o uso da dramaticidade nos momentos decisivos, Doce Novembro permite a reflexão sobre o que estamos fazendo da nossa vida, sobre como estamos lidando com ela e com as pessoas ao nosso redor e, acima de tudo, transmite uma grande lição de amor. Confesso que o filme acabou e me deixou um vazio, mas um vazio que me fez passar o dia pensando como é bom ter alguém por perto que podemos contar em todas as ocasiões e despertou em mim a vontade de construir uma grande história. Quando nos envolvemos com a trama, não temos porque desgostar do filme nem do seu final ousado, pois muitos conseguem se identificar nas simples cenas que nos são mostradas e a sensibilidade fica à flor da pele.

Por mais que a parte técnica não se destaque tanto, Doce Novembro consegue emocionar e fazer com que os clichês sejam esquecidos, brincando com nossos sentimentos e dando margem para que façamos uma auto-análise sobre nossas emoções. Uma história de amor simples, porém marcante, que desperta vontade de viver um amor verdadeiro ou manter um.

Diego Benevides
@DiegoBenevides

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